20/03/2025

Claro tem campanha do iPhone 15 contestada por reforço de estereótipos

Conar pede alteração de comercial da Claro após queixa de consumidor sobre reforço de estereótipos de gênero no esporte feminino. Assista!

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) decidiu pela alteração de uma campanha publicitária da Claro, veiculada na TV e no YouTube, após uma queixa de consumidor. O motivo? A propaganda, que promovia o iPhone 15, foi considerada potencialmente ofensiva por reforçar estereótipos de gênero ao destacar imagens de duas atletas durante uma partida de tênis.

A representação (nº 168/24), julgada pela Segunda Câmara do Conar em dezembro de 2024, teve como relatora a conselheira Priscilla Ceruti. O questionamento veio de um consumidor que considerou inadequada a forma como o comercial abordava a competição esportiva, dando ênfase às imagens das jogadoras e não ao jogo em si. O caso gerou debate sobre o impacto de campanhas publicitárias na perpetuação de padrões culturais e na objetificação feminina.

O comercial da Claro mostrava dois homens na arquibancada de um torneio de tênis, registrando imagens da partida com seus celulares e competindo entre si para tirar a melhor foto. Embora não houvesse imagens sexualizadas ou insinuações explícitas, a narrativa reforçava um comportamento comum no esporte: a devalorização do desempenho feminino em detrimento da aparência das atletas.

A discussão tomou proporções maiores porque o episódio ocorre no contexto dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, onde o próprio comitê organizador instruiu cinegrafistas a evitarem enquadramentos que reforcem o sexismo. Essa orientação oficial mostra a preocupação crescente com a forma como o esporte feminino é retratado na mídia.

Em sua defesa, a Claro argumentou que houve “um nítido exagero” na interpretação da queixa, alegando que o comercial tinha um tom bem-humorado e buscava apenas promover a parceria com a fabricante de celulares. A empresa afirmou ainda que a campanha exaltava o desempenho das jogadoras e que a competição entre os personagens refletia a paixão pelo esporte e pela tecnologia.

No entanto, esses argumentos não convenceram a relatora do caso. “Vivemos em uma sociedade em constante transformação no que diz respeito à equidade de gênero, diversidade e inclusão”, apontou Priscilla Ceruti em seu voto. Para ela, é preciso olhar para o contexto social e os impactos que tais mensagens publicitárias podem ter na percepção do papel das mulheres no esporte e na sociedade.

Com base nos artigos 1º, 3º, 6º, 19º, 20º, 22 e 34 do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, o Conar determinou que a Claro alterasse a campanha para eliminar qualquer elemento que pudesse ser interpretado como reforço da objetificação feminina.

A sugestão da relatora foi modificar a narrativa do comercial para evitar que a competição entre os personagens estivesse relacionada ao registro de imagens das jogadoras. Ela sugeriu alternativas, como a inclusão de torcedores de gêneros diferentes ou uma abordagem que destacasse mais o jogo do que a aparência das atletas.

A decisão foi tomada por maioria e orienta a operadora de telecomunicações a reformular o comercial, garantindo que ele esteja alinhado com os princípios de equidade e respeito à imagem feminina. A determinação do Conar reforça a importância da responsabilidade na publicidade e abre espaço para um debate mais amplo sobre como a comunicação publicitária pode influenciar a construção de valores sociais.

Em respeito ao Conselho, a Claro já removeu o vídeo das suas plataformas digitais.

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