06/12/2025

Entidades pressionam Anatel por mudança em nova regra sobre data centers

Setores de tecnologia e telecomunicações pedem a suspensão da norma da Anatel que impõe certificação obrigatória a data centers no Brasil.

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Imagem: Shutterstock/reprodução

Organizações que representam empresas de telecomunicações e áreas correlatas se uniram para contestar formalmente a Resolução nº 780/2025 da Anatel, que estabelece a obrigatoriedade de certificação prévia para data centers utilizados por operadoras de telecom. A contestação foi feita por meio de nota divulgada à imprensa na última quinta (4).

A norma, aprovada recentemente, tem gerado reações intensas no setor, com críticas à falta de debate público e riscos regulatórios possivelmente presentes na implementação.

Segundo os grupos envolvidos, a nova lei da Anatel cria uma camada adicional de exigências técnicas que, além de inéditas no cenário internacional, podem afetar diretamente a expansão da infraestrutura digital no país. 

A exigência atinge apenas os centros de dados contratados por prestadoras reguladas pela agência, mas o impacto pode se estender a todo o ecossistema digital, incluindo serviços em nuvem, plataformas de conteúdo e aplicações online.

Críticas à ausência de debate e impacto jurídico

O principal argumento das entidades está na forma como a regra foi construída: sem a realização de uma Análise de Impacto Regulatório (AIR) e sem passar por consulta pública

Para os representantes do setor, a falta desses procedimentos compromete a transparência e amplia a insegurança jurídica para investidores.

Além disso, apontam que a certificação obrigatória pode funcionar, na prática, como uma barreira não tarifária, dificultando a entrada de novos operadores no mercado e desestimulando a inovação. 

A complexidade regulatória imposta pela norma também é considerada excessiva, uma vez que os data centers já precisam cumprir diversas exigências em outras esferas do governo.

Norma pode colidir com políticas públicas federais

Outro ponto de tensão é o possível desalinhamento da resolução da Anatel com programas federais que buscam justamente fomentar o crescimento do setor de data centers. 

O exemplo mais citado é o Programa REDATA, voltado à desoneração fiscal para equipamentos do setor, além de iniciativas em desenvolvimento no Ministério das Comunicações para uma Política Nacional de Data Centers.

Para as entidades signatárias da nota pública, a resolução caminha na direção oposta dessas medidas, criando sobreposição normativa e descoordenando esforços interministeriais. O risco, alertam, é comprometer a competitividade do Brasil na corrida por infraestrutura digital robusta e confiável.

Pedido de suspensão e reavaliação

Diante dos riscos apontados, as associações pedem que a Anatel suspenda os efeitos da Resolução nº 780/2025 até que haja uma reavaliação técnica aprofundada. 

O grupo defende a abertura de um novo processo participativo, com estudos sobre o impacto da norma e discussão com a sociedade civil, especialistas e setores afetados.

Entre os signatários do manifesto estão entidades como Brasscom, Telcomp, Abrint, Amcham, Camara-e.net, Abranet, Associação Neo, Rede Telesul, entre outras. Todas reforçam, em nota, o compromisso com a segurança e qualidade da infraestrutura digital, mas pedem que isso ocorra com previsibilidade regulatória e coerência institucional.

O que diz a Anatel?

Até o fechamento desta matéria, a Anatel não havia se pronunciado oficialmente sobre a possibilidade de suspender ou revisar a norma. 

A agência defende a certificação como um mecanismo para aumentar a segurança e a confiabilidade dos serviços prestados pelas operadoras que dependem de data centers terceirizados. No entanto, diante da repercussão negativa, é possível que o tema volte à pauta regulatória em breve.

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