
O setor de telecomunicações deve encerrar 2025 com crescimento acima das expectativas, impulsionado por decisões regulatórias recentes, mudanças no perfil de consumo e avanços na infraestrutura.
Agora, com a perspectiva de novos leilões de espectro e incentivos à Internet das Coisas (IoT), a indústria se prepara para mais um ciclo de expansão em 2026.
De acordo com dados divulgados pela Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), o faturamento do setor alcançou R$ 63,7 bilhões no último ano, representando um crescimento real de 7% em relação a 2024.
O desempenho foi puxado principalmente pelo segmento de celulares, que registrou alta de 9% no faturamento, apesar da leve retração nas unidades produzidas. A combinação de consumidores buscando modelos mais tecnológicos e um tíquete médio mais elevado colaborou para esse avanço.
Infraestrutura e espectro ganham protagonismo
No campo da infraestrutura, o setor de telecom cresceu 4%, amparado por investimentos que refletem a integração crescente com áreas como energia e automação industrial.
Um dos marcos regulatórios mais citados por representantes da indústria foi a publicação do novo plano de uso do espectro pela Anatel. O documento, que estabelece diretrizes para os próximos dez anos, foi recebido como um sinal de previsibilidade para fabricantes e operadoras.
A expectativa agora recai sobre o edital de 700 MHz, previsto para o início de 2026. A proposta inclui a liberação de 310 MHz adicionais e impõe obrigações de cobertura em cerca de 40 mil quilômetros de rodovias federais, com foco em soluções de conectividade voltadas à IoT.
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IoT ganha força com incentivos e novas aplicações
Outro ponto que deve contribuir para o crescimento do setor no ano que vem é a prorrogação dos incentivos fiscais à Internet das Coisas até 2030.
A medida, já aprovada pelo Congresso e à espera de sanção presidencial, pode dobrar a base instalada de dispositivos IoT no país de 30 para 60 milhões, segundo estimativas da Abinee. A expansão promete beneficiar diretamente setores como agronegócio, logística e indústria de base.
Combate à informalidade e cautela econômica
Apesar dos avanços, os desafios ao setor de telecom permanecem. Um deles é o mercado de celulares irregulares, que ainda representa 12% das vendas, embora tenha recuado sete pontos percentuais em relação a 2024.
Outro fator que pesa sobre o ritmo dos investimentos é o cenário macroeconômico. Com a taxa Selic mantida em 15% durante boa parte de 2025, empresas do setor demonstraram cautela.
Ainda assim, uma sondagem da Abinee revelou que 72% das empresas pretendem investir em 2026, com foco na modernização de processos e aumento da produtividade.
Perspectiva: crescimento moderado e sustentado
Para este ano, a projeção da Abinee é de um crescimento nominal de 4% no setor de telecom, acompanhando a inflação esperada.
Segmentos como infraestrutura devem manter ritmo positivo, com expectativa de alta de 5%, enquanto o mercado de celulares deve crescer 3%.
O setor também prevê um leve aumento no número de empregos diretos, mantendo a trajetória de recuperação iniciada nos últimos dois anos.
O desempenho de 2025 mostrou que, mesmo diante de incertezas, decisões estratégicas e políticas públicas bem orientadas podem sustentar o avanço da telecomunicações no Brasil.
Em 2026, o desafio será transformar as oportunidades, como o novo leilão de espectro e a ampliação da IoT, em resultados concretos para um setor cada vez mais essencial na economia digital.
* Com informações da Abinee





