16/06/2025

Brasil faz história com teste inédito de celular via satélite

Brasil testa celular via satélite e abre caminho para conexão em áreas remotas sem depender de torres ou sinal de operadoras.

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Brasília foi palco de um feito inédito no Brasil! Pela primeira vez, celulares conseguiram se comunicar diretamente com satélites, sem depender de torres, cabos ou sinal de operadora terrestre. O teste foi feito pela Viasat, multinacional especializada em conectividade via satélite, e marca a estreia da tecnologia conhecida como Direct-to-Device (D2D) em território nacional.

Em meio a demonstração, mensagens de SMS foram trocadas entre smartphones conectados ao satélite I-4 F3, que opera na chamada banda L, uma faixa de frequência já tradicionalmente usada para serviços móveis por satélite. Não foi usado Wi-Fi, nada de 4G, ou conexão 3G, a mensagem viajou direto do aparelho ao espaço e de lá para outro celular, uma novidade em território nacional.

Sem antenas, sem desculpas

Qual seria a mudança na prática? Imagine por exemplo, as áreas remotas da Amazônia, comunidades isoladas no interior do país ou mesmo regiões castigadas por desastres naturais, onde as redes convencionais desaparecem num piscar de olhos.

Diante da nova arquitetura, tecnicamente chamada de 3GPP NTN (Non-Terrestrial Networks), a conexão pode vir do céu, literalmente.

Vale ressaltar que, por se tratar de uma novidade, o serviço ainda está “engatinhando”. De acordo com Leandro Gaunszer, diretor-geral da Viasat no Brasil, a empresa está em busca de parcerias com operadoras móveis e integradoras de soluções em internet das coisas (IoT).

“A ideia não é substituir a rede terrestre, mas somar. Preencher os buracos”, explicou Gaunszer durante o evento, que contou com a presença de representantes da Anatel e até de parlamentares federais.

Aplicativo, dongle e um empurrão da tecnologia

Por enquanto, o envio e recebimento de mensagens depende de um aplicativo específico. Caso o celular receptor não tenha o app, a pessoa recebe um link para acessar a conversa pela plataforma da Viasat.

É uma solução paliativa, mas funcional e, considerando que hoje apenas 18% do território brasileiro tem cobertura móvel, segundo dados da Anatel atualizados em setembro de 2024, o impacto dessa tecnologia deve fazer a diferença de forma expressiva.

O grande desafio no momento são os poucos aparelhos compatíveis, geralmente os modelos topo de linha. Por isso, diante desta dificuldade, a empresa aposta nos chamados “dongles”, os dispositivos externos, mais baratos, que se conectam via Bluetooth ao celular e viabilizam a comunicação satelital.

De olho no futuro (e nos bilhões)

O que vimos foi só o pontapé inicial. A conexão D2D demonstrada ainda tem baixa capacidade de dados e leva alguns segundos para entregar uma mensagem. Contudo, a expectativa dos executivos da Viasat é ambiciosa: em até dois anos, eles esperam oferecer serviços capazes de transmitir vídeos em alta definição e realizar chamadas de voz e vídeo com qualidade, tudo isso sem um centímetro de fibra óptica por perto.

O avanço segue o Release 17 do padrão 3GPP, que regulamenta as redes não-terrestres e está sendo desenvolvido em parceria com fabricantes de chips e integrantes do ecossistema global de telecomunicações.

A GSMA Intelligence, braço de pesquisa da associação global das operadoras móveis, está projetando que esse mercado pode movimentar mais de 30 bilhões de dólares por ano até 2035.

Uma corrida que já começou

Com a aquisição da britânica Inmarsat em 2023, a Viasat reforçou sua presença no Brasil e agora mira alto. A empresa é parte ativa da Mobile Satellite Services Association (MSSA), que defende padrões abertos e interoperabilidade, que são ingredientes essenciais para que essa nova geração de conectividade funcione de forma ampla e democrática.

A tecnologia vai adiante mais uma vez, ajudando na inclusão digital, levando acesso a lugares esquecidos pelo mercado e pelo Estado. Levando em conta as necessidades das pessoas na atualidade, seja para qual for os fins, essa alternativa vinda dos céus pode ser a solução.

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