12/12/2025

Smartphones devem ficar mais caros em 2026 com avanço da inteligência artificial

Disputa por chips pressiona indústria e muda prioridades na produção global.

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Imagem: Shutterstock/reprodução

A indústria de tecnologia se prepara para um novo ciclo de aumento nos preços dos smartphones a partir de 2026. A previsão vem de analistas, consultorias e fabricantes, e encontra respaldo em uma mudança estrutural no mercado global de chips.

A corrida pela inteligência artificial (IA), que mobiliza as principais big techs do mundo, já está afetando o fornecimento de componentes essenciais e promete impactar diretamente o consumidor final.

A pressão começa com a reorientação das linhas de produção. Empresas como Nvidia, Google, Microsoft e Amazon vêm adquirindo grandes volumes de memória e chips de alta performance para alimentar seus data centers de IA.

Esses clientes têm maior poder de compra e operam com margens mais agressivas, o que tem levado os principais fabricantes de memória, como Samsung, SK Hynix e Micron — a priorizar contratos com o setor de infraestrutura, deixando smartphones, PCs e consoles em segundo plano.

Memória mais cara e produção comprometida

Nos bastidores da indústria, o alerta já está dado. Segundo consultorias internacionais, os chips de memória DRAM e NAND, fundamentais para celulares, tiveram aumentos que chegam a 170% em algumas categorias em 2025. A tendência, segundo especialistas, é de que os valores continuem subindo nos próximos trimestres.

Parte desse desequilíbrio vem da demanda explosiva por HBM, um tipo de memória usada por aceleradores de IA, que consome muito mais wafer de silício do que os chips tradicionais.

Além disso, acordos bilionários entre fabricantes e gigantes da tecnologia comprometeram boa parte da produção global, reduzindo a oferta para outras aplicações.

Smartphones exigem mais, mas recebem menos

Outro fator que agrava o cenário é a própria evolução dos aparelhos. Os smartphones mais modernos exigem mais memória para rodar sistemas com recursos de IA embarcados, como assistentes inteligentes e editores de imagem automatizados.

Com promessas de atualizações por até sete anos, os modelos premium precisam de mais RAM e processadores mais robustos, dois componentes que estão entre os mais caros na atual composição de custos.

A Qualcomm, por exemplo, elevou em cerca de 20% o preço do seu novo Snapdragon 8 Gen 5, destinado a celulares topo de linha. A consequência direta desses reajustes é o repasse ao consumidor.

Mercado brasileiro e impacto nas operadoras

No Brasil, onde a carga tributária sobre eletrônicos já é elevada, a tendência de alta nos preços dos smartphones deve ser ainda mais sentida.

Marcas como Xiaomi e Samsung, que vinham segurando reajustes nos últimos anos, já indicaram que o cenário não é mais sustentável.

Para as operadoras, que frequentemente atrelam planos a aparelhos subsidiados, a situação representa um desafio adicional. A elevação dos custos pode reduzir a atratividade de pacotes com aparelhos inclusos, pressionando a estratégia comercial e exigindo novas soluções para manter a base de clientes.

Menos inovação visível, mais pressão no bolso

Além do preço, especialistas alertam para um possível freio no ritmo de inovação. Com os custos em alta, fabricantes podem optar por manter configurações semelhantes entre gerações consecutivas, como já apontam rumores sobre as linhas Galaxy e Pixel.

Isso significa menos novidades visíveis para o usuário e um mercado cada vez mais pressionado por dentro e por fora.

A expectativa é que esse ciclo de encarecimento perdure enquanto a demanda por chips de IA seguir em alta e não houver aumento significativo na capacidade produtiva. Até lá, o consumidor deverá conviver com modelos mais caros e, possivelmente, menos inovadores do que antes.

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