18/04/2024

Por que o 5G é o coração da indústria 4.0?

Redes mais rápidas serão cruciais para impulsionar a inovação disruptiva industrial.

O 5G está chegando, mas se você acha que ele se resume a uma tecnologia que permite downloads ultrarrápidos está muito enganado. A nova rede proporcionará uma internet em tempo real, o que significa o desenvolvimento de uma nova série de dispositivos que podem trocar dados e informações com rapidez suficiente para tomar decisões de negócios quase instantâneas.

Com isso, a conectividade mais rápida será fundamental não apenas para o consumidor, mas também para o mundo empresarial, principalmente na indústria de manufatura.

Atualmente, o mundo vive sua quarta revolução industrial. A principal premissa da indústria 4.0 é a integração entre tecnologias físicas e digitais, criando sistemas conectados para obter insights críticos sobre suas operações.

É nesse contexto que surge a necessidade de conexões em alta velocidade. Ela intensificará a utilização de tecnologias pilares da indústria 4.0, principalmente a computação em nuvem e internet das coisas (IoT), além da ampliação significativa do uso de sensores — fundamental para os robôs autônomos. Toda essa tecnologia será beneficiada com a velocidade impressionante que será proporcionada pela tecnologia 5G.

Além disso, a nova rede pode auxiliar nas operações de uma indústria, tornando-as mais flexíveis, seguras e eficientes. Isso permite que os fabricantes aproveitem a automação, inteligência artificial, realidade aumenta e IoT de forma mais fluída.

Com uma conexão mais rápida, robôs podem ser configurados, monitorados e controlados remotamente. Isso ajuda a solucionar diversos problemas produtivos, reduzindo os custos de falhas e o tempo de inatividade da produção.

Todas as indústrias serão beneficiadas pela nova conectividade, pois haverá a capacidade de maior de transporte de dados em velocidades ultrarrápidas. Os processos produtivos também serão radicalmente simplificados. Como o 5G está intimamente integrado às redes móveis, os segmentos mais dependentes desses processos produtivos terão maior impacto.

“Quando viabilizado, irá movimentar de maneira significativa todo o mercado e a economia, pois haverá necessidade de se utilizar novos equipamentos, a exemplo dos aparelhos de telefonia celular. Também haverá demanda por produtos altamente tecnológicos, como exemplo dos automóveis autônomos, que deverão ser fabricados no Brasil e alavancarão toda a cadeia produtiva local”, explica Marcelo Sarro, consultor do Sebrae-SP.

Lembrando que quanto melhor a tecnologia e os benefícios associados, maior será o investimento necessário para se beneficiar delas. A rede toda deverá ser refeita, o que demandará muito investimento em uma época de desaceleração na economia global. Isso pode ser um fator de atraso.

Segundo o último relatório da Global mobile Suppliers Association (GSA), o mercado do 5G está crescendo rapidamente. Em outubro, 321 operadoras em 103 países estão investindo na tecnologia, sendo que 46 já lançaram serviços.

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No Brasil, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) decidiu pelas frequências 2,3 GHz e 3,5 GHz no leilão do 5G e agora faltam ajustes finais para as regras do leilão. É possível também que as bandas de 26 GHz e 700 MHz, que suportam comunicações de baixa latência, adequadas para uso industrial, também podem ser adicionadas. Desta forma o país deve ter o maior leilão único de frequência para o 5G no mundo.

No entanto, o leilão deve ser adiado para o final de 2020. O motivo da demora é a discussão quanto a interferência da nova rede em outras tecnologias atuais, como os sinais de satélite e de TV.

Esse atraso é visto como preocupante, pois a indústria brasileira já se encontra atrasada tecnologicamente e pode perder esta oportunidade para outras indústrias do exterior. Por aqui, a regulação e os programas de governo defasados, a baixa oferta de empresas parcerias, a infraestrutura de telecom e principalmente a qualificação da mão de obra serão sem sombra de dúvidas os maiores obstáculos desta tecnologia.

“A indústria brasileira encolheu nos últimos anos. A macroeconomia patina com PIBs baixos e dívida pública altíssima de muitos Estados Federativos. Aqui no Brasil as coisas tendem a acontecer com um certo delay em relação aos países melhor estruturados, como EUA, Alemanha, Japão, China, Coréia do Sul, por exemplo” lamenta Dane Avanzi, advogado e empresário do setor de telecomunicações.

Para o executivo, além dos fatores econômicos, o país tem dificuldades crônicas nas áreas de infraestrutura, educação e fomento que dificultarão o acesso da indústria a tecnologia.

No entanto, como a internet não poderá falhar nesse ambiente, o conceito multi networking, ou seja, várias operadoras suportando o serviço, será uma necessidade, não uma opção. Por isso, o futuro da indústria no Brasil dependerá muito da estratégia dos grandes players, pois a competição no mercado móvel no Brasil ainda é fraca. Existem poucas empresas de telefonia que detém de uma enorme fatia do mercado.

No entanto, com todas essas oportunidades, é de se esperar que com o crescimento econômico do país, as operadoras de telefonia não medirão esforços para oferecer infraestrutura e serviços de qualidade que servirão de plataforma para alavancar os negócios relacionados às fábricas inteligentes.

“A incidência de tributos sobre os dispositivos conectados deve ter tratamento diferenciado se comparados com as estações de telecomunicações atuais. Somente com tributação zero para IoT, essa tecnologia vai se desenvolver no Brasil”, defende o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Seviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil).

O sindicato defende que é preciso revisar a política de certificação dos dispositivos a serem utilizados no ecossistema de Internet das Coisas, promovendo maior agilidade na expedição da homologação pelo órgão regulador.

Também será necessário atualizar as legislações municipais para a instalação de antenas, promovendo maior agilidade no processo de licenciamento, permitindo a ampliação do acesso à banda larga, além de revisar as políticas públicas para fomentar a implementação da tecnologia em áreas carentes e/ou de baixo interesse econômico.

É preciso entender que todas as tecnologias disponíveis são o meio pelo qual as grandes ofertas de serviços.

“Os serviços estarão no epicentro desta revolução e mudarão completamente a relação de consumo e da qualidade de vida da sociedade. Estamos diante da possibilidade de experimentarmos um serviço ou produto e imediatamente avaliarmos a experiência dando oportunidade de influenciarmos em tempo real toda cadeia produtiva”, defende Maurício Ogawa, gerente-geral de Tecnologia e Inovação da Firjan.

Conforme mais países adotam o 5G, mais casos de uso de manufatura aparecerão. Em um mercado dependente de aplicações de máquinas com uso intensivo de dados, como fabricação, são necessárias velocidades mais altas e baixa latência, a conexão de quinta geração permite que a indústria seja impulsionada em uma escala e ritmo sem precedentes.

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