14/03/2024

Fantástico explica como criminosos roubam números de políticos

Quadrilha resgatava números dos políticos e se passava por eles para conseguir dinheiro com amigos e de prefeituras; não se trata de clonagem de chip.


Os golpes aplicados por WhatsAppem políticos continuam tendo sucesso e extorquindo não apenas amigos e
familiares das vítimas, mas dinheiro público das Prefeituras.


Investigações da Polícia Federal
e da Polícia Civil comprovaram que os golpes não se tratam de clonagem do chip
e nem de invasão do app de mensagem. 


É uma fraude que apaga um chip e ativa
outro com o mesmo número
, realizado com ajuda de funcionários das operadoras.

No mês passado, criminosos
conseguiram tirar R$ 245 mil da Prefeitura de Anita Garibaldi, em Santa
Catarina. 

O dinheiro pertencia ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Quem liberou o dinheiro foi o
tesoureiro do município. Ele achava que trocava mensagens com o prefeito, mas
do outro lado do app estava um bandido.

Em Mogeiro, na Paraíba, uma quadrilha
tirou
R$ 50 mil da Prefeitura. Os recursos seriam usados para pagamento de
salários dos funcionários e compra de medicamentos.

Conforme investigações da Polícia
Federal e da Polícia Civil, os bandidos compram de um funcionário de uma
operadora dados de acesso ao sistema desse mesmo funcionário.

Conforme a polícia, os
funcionários das operadoras de telefonia estão vendendo as senhas por um preço
em torno de R$ 1000 e R$ 1.500.

Os criminosos usam o acesso para
ver o cadastro do número da vítima. Eles desabilitam o número do chip da vítima
e habilitam o mesmo número em um chip da quadrilha.

Como o número está vinculado ao WhatsApp,
o bandido consegue ter acesso a todas as conversas da vítima. Os amigos e
familiares veem o invasor como se fosse a pessoa que ela conhece.

Quando o chip original é
desabilitado, o verdadeiro dono não consegue mais usar o número. Foi o que
aconteceu no ano passado com a então vice-governadora do Paraná, atualmente
governadora, Cida Borghetti.

Em entrevista ao Fantástico, a
governadora contou que viu seu telefone ficar fora de serviço quando estava no
aeroporto em Brasília.

“Como é natural quando fica
sem serviço, eu desliguei meu telefone, tirei o chip, liguei novamente e
continuou sem serviço”
, detalhou Cida.



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Enquanto isso, os bandidos já
mandavam mensagens para os contatos dela. “Foram várias mensagens iguais
para vários números da minha agenda pessoal.”

O Fantástico mostrou as mensagens
que os criminosos enviaram para os contatos da governadora. A mensagem dizia
que ela estava no exterior
e precisava que fosse realizada uma transferência
com urgência.

“Meu limite diário de
transferência é de 10.000. Como fiz transferência nesse valor pela manhã, ele
tá excedido. Preciso transferir agora 2.000. Você não consegue fazer pra mim? Mais
tarde, assim que o limite retornar, te transfiro de volta”
, dizia a
mensagem.
A quadrilha mandou essa mensagem
para mais de 50 contatos da governadora. Quatro deles fizeram o depósito. Eles ficaram
preocupados porque não conseguiam falar com ela.

Ainda não se sabe quantas
quadrilhas estão agindo no Brasil. Um levantamento do Fantástico mostra que 113
políticos em 19 estados já tiveram seus chips desabilitados e usados por
bandidos.

A Polícia do Maranhão prendeu
sete pessoas
suspeitas de participarem no golpe aplicado contra Cida.

O suposto chefe da quadrilha,
Leonel Pires, seria proprietário de uma Lan House que também vendia chips.

Conforme a polícia, a Lan House
recebeu em um mês, de uma operadora, 120 chips. Desses, 79 foram utilizados
para golpes.

O suspeito, no entanto, nega as
acusações.

A polícia ainda explica que as
contas usadas para os depósitos são de laranjas.

Em nota, o Sinditelebrail
informou que “as prestadoras de serviço de telefonia móvel colocam-se, como
sempre, à disposição das autoridades policiais para que investigações sobre
fraudes sejam céleres e permitam identificar o quanto antes criminosos que
lesem as pessoas.”

“Vale ressaltar que precisamos
ser cuidadosos ao baixarmos e usarmos aplicativos em nossos celulares. As empresas
de telecomunicações não têm controle nem responsabilidade legal sobre os
conteúdos e transações feitos nesses aplicativos. As empresas de
telecomunicações estão sempre à disposição de seus clientes”
, finaliza, em
nota.


As investigações ainda não
identificaram todos os participantes do esquema.

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