
A Netflix está restringindo o catálogo global e bloqueando títulos populares no plano com anúncios em dezembro de 2025, no Brasil e no mundo, devido a limitações de licenciamento que impedem a exibição de publicidade em certas obras. A medida pegou diversos assinantes de surpresa, que agora encontram um cadeado vermelho ao tentar acessar conteúdos específicos na modalidade mais barata, exigindo uma mudança técnica na forma como os contratos de distribuição são aplicados na plataforma de streaming para evitar multas.
No mercado brasileiro, o plano básico com publicidade custa R$ 20,90 mensais e oferece qualidade Full HD em até duas telas simultâneas. No entanto, ao selecionar produções como House of Cards ou Kung Fu Panda, o usuário se depara com a mensagem informando que o conteúdo não está disponível nessa modalidade. Essa barreira técnica não afeta as assinaturas mais caras, como o plano básico sem publicidade de R$ 44,90 ou a versão premium de R$ 59,90, que mantêm o acesso total ao acervo oferecido pela empresa.
Confira os planos da Netflix:
| Característica | Padrão com anúncios | Padrão | Premium |
|---|---|---|---|
| Preço mensal | R$ 20,90 | R$ 44,90 | R$ 59,90 |
| Qualidade de vídeo e áudio | Boa | Boa | Superior |
| Resolução | 1080p (Full HD) | 1080p (Full HD) | 4K (Ultra HD) + HDR |
| Telas simultâneas | 2 | 2 | 4 |
| Aparelhos para download | 2 | 2 | 6 |
| Anúncios | Sim | Não | Não |
Panorama global e títulos bloqueados
A restrição atinge cerca de 135 títulos nos Estados Unidos, representando 1,74% de uma biblioteca com mais de 7.700 obras. Embora esse índice tenha caído drasticamente desde 2022, quando 5,1% do acervo era bloqueado, títulos de peso continuam sob restrição. Grande parte desses filmes pertence à Sony Pictures, incluindo lançamentos recentes como Venom: A Última Rodada e Bad Boys: Até o Fim, além de clássicos como Whiplash, que possuem contratos que não autorizam inserções publicitárias durante a reprodução.

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O papel dos estúdios e licenciamento
As travas contratuais que impedem a exibição de conteúdos na modalidade com publicidade são complexas e envolvem diversos acordos firmados antes da criação desta categoria de assinatura. Mesmo obras que ostentam o selo de exclusividade da plataforma podem sofrer com essas barreiras legais, uma vez que a propriedade intelectual muitas vezes pertence a estúdios parceiros que detêm o controle final sobre como e onde seus filmes e séries podem ser transmitidos para o público final em diferentes modelos de negócio.
- Produções Originais sob Terceiros: Séries icônicas como House of Cards, embora distribuídas pela empresa, pertencem à produtora MRC. Como os contratos originais de produção não previam a inserção de propaganda, a exibição fica travada para quem não paga pelas versões completas. Isso mostra que nem todo conteúdo rotulado como original é de propriedade total da plataforma, dependendo de termos negociados há mais de uma década com estúdios externos que mantêm direitos sobre as obras.
- Animações e Especiais Interativos: A DreamWorks Animation possui regras de licenciamento muito rígidas para suas obras. Títulos como O Chefinho: De Volta ao Berço e diversos especiais de Natal foram removidos ou bloqueados da modalidade com publicidade recentemente por questões comerciais. O licenciamento dessas obras infantis costuma ser mais rigoroso quanto ao tipo de propaganda exibida, levando o serviço a aplicar o bloqueio para evitar infrações jurídicas e proteger a integridade de seus parceiros.
- Acordos de Janela com Grandes Estúdios: A Sony Pictures é a principal provedora de filmes bloqueados atualmente. Franquias como Homem-Aranha, Karatê Kid e Bad Boys entram no catálogo, mas sem a permissão dos produtores originais para que marcas externas sejam anunciadas durante a reprodução. Essa limitação é um reflexo de contratos de primeira janela que priorizam a integridade da obra conforme acordado nos lançamentos cinematográficos anteriores, exigindo novas rodadas de conversas comerciais.
Movimentações de mercado e o futuro do catálogo
A gigante do streaming tenta compensar essas limitações com movimentos ousados no mercado de entretenimento para fortalecer sua posição. Recentemente, a empresa confirmou uma compra histórica da Warner e do catálogo do HBO Max, sinalizando uma mudança profunda no cenário competitivo. A transação bilionária ocorre após um período de especulação, onde ficou claro que a Warner descartou propostas de outros concorrentes para priorizar a parceria estratégica com a pioneira do setor.
Para evitar preocupações entre os usuários sobre possíveis novos bloqueios ou mudanças de preços, a Netflix divulgou um comunicado oficial para tranquilizar seus assinantes. O objetivo é integrar as novas franquias de super-heróis e dramas premiados sem prejudicar a experiência de quem utiliza os planos mais econômicos. No entanto, o desafio de alinhar a publicidade com os direitos autorais de tantas marcas novas continua sendo uma tarefa complexa que exigirá anos de ajustes técnicos e jurídicos globais.





