
O Governo Federal estrutura uma linha de crédito de US$ 500 milhões, equivalente a cerca de R$ 2,7 bilhões, destinada a viabilizar a implantação da TV 3.0 nas emissoras de televisão aberta do país. A nova tecnologia promete revolucionar o setor ao integrar radiodifusão e internet.
O financiamento representa aproximadamente 70% dos R$ 3,85 bilhões estimados como investimento total necessário para atender integralmente as principais regiões metropolitanas brasileiras. A operação está sendo articulada pelo Ministério das Comunicações.
Leia mais:
- Críticas de Wagner Moura ao PL do streaming geram tensão com governo
- Warner descarta proposta da Paramount e prefere acordo com Netflix
- App da Apple TV para Android agora oferece suporte ao Google Cast
Articulação com bancos internacionais
A captação de recursos ocorre por meio de bancos de desenvolvimento internacionais. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) são as instituições financeiras responsáveis pela operação.
Na semana passada, a Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), vinculada ao Ministério do Planejamento e Orçamento, aprovou o pleito. Agora, o processo precisa passar pela Casa Civil antes de seguir ao Senado Federal, instância que autoriza a contratação do crédito conforme a legislação vigente.
“Estamos trabalhando para ampliar as fontes de financiamento, garantindo que o maior número possível de brasileiros tenha acesso a essa nova forma de transmissão. O Brasil será pioneiro entre os países do Brics e na América Latina“, afirmou o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho.

Além da linha de crédito internacional, a Secretaria de Radiodifusão trabalha na construção de linhas complementares junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para assegurar condições adequadas à transição tecnológica das emissoras.
Contexto político e implantação
O anúncio da TV 3.0 foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em agosto deste ano. A Anatel destinou R$ 90 milhões para inovação tecnológica no desenvolvimento do novo padrão de transmissão, que alcançará aproximadamente 15% da população brasileira em sua primeira etapa.
Funcionalidades da TV 3.0
A TV 3.0 representa a maior evolução da televisão aberta desde a digitalização, substituindo os canais numéricos tradicionais por um ambiente totalmente baseado em aplicativos. A Globo inaugurou a primeira estação de TV 3.0 do Brasil e iniciou testes com a nova tecnologia. Entre as principais funcionalidades estão:
- Interatividade e personalização: acesso a conteúdos ao vivo e sob demanda, com possibilidade de realizar compras de produtos anunciados diretamente pela televisão durante as propagandas
- Qualidade de imagem superior: transmissões em resolução 4K e 8K, com tecnologia HDR e cores mais vibrantes
- Som imersivo: áudio envolvente que amplia a sensação de presença, similar à experiência em salas de cinema modernas
- Recursos de acessibilidade: ferramentas avançadas para inclusão de pessoas com deficiência visual e auditiva
- Serviços públicos digitais: acesso a informações e serviços governamentais pela televisão, ampliando a inclusão digital
A possibilidade de compras instantâneas é considerada estratégica para as emissoras, que vêm perdendo receita publicitária para plataformas digitais, representando uma nova fonte de receita.
Implantação e perspectivas
A implantação será gradual, começando pelas grandes capitais. A Anatel passou a integrar o comitê executivo da plataforma que coordena o desenvolvimento e implementação da TV 3.0 no país.
“A TV aberta segue sendo o meio de comunicação mais acessível à população brasileira. Este financiamento é um instrumento estruturante para promover inclusão digital e atualizar a infraestrutura de transmissão em todo o país”, destacou o ministro Frederico de Siqueira Filho.




