
A era da TV aberta no Brasil ganhou um novo capítulo. A Globo lançou oficialmente sua estação experimental de TV 3.0, tecnologia batizada no país como Digital Television+ (DTV+). O objetivo é claro: transformar o jeito como os brasileiros assistem televisão, sem custo adicional para o público. A estrutura foi instalada no Pico do Sumaré, tradicional ponto de transmissão no Rio de Janeiro, e cobre inicialmente a Zona Sul e a Barra da Tijuca.
O projeto tem licença temporária concedida pelo Ministério das Comunicações e pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), funcionando como um laboratório a céu aberto para os novos recursos. Os testes envolvem desde melhorias na transmissão até a avaliação de novos formatos de conteúdo e publicidade.
Entre os destaques da DTV+ estão a imagem em 4K HDR, som imersivo com qualidade de cinema e um leque de funções interativas. Os canais passam a operar como aplicativos: o telespectador navega de forma parecida com o que já faz nas Smart TVs. Além disso, será possível interagir com a programação ao vivo — votando em enquetes, respondendo a quizes e até realizando compras pelo controle remoto.
“O futuro da TV aberta chegou. A DTV+ respeita o passado da televisão brasileira, mas traz uma proposta que amplia seu papel na vida das pessoas”, declarou Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, durante o evento de lançamento.

Na prática, os testes estão restritos a profissionais do setor, que utilizam protótipos dos conversores e antenas exibidos no evento. As imagens divulgadas mostram o equipamento da Vivensis conectado ao sistema, reforçando a parceria tecnológica. O sinal da estação no Sumaré está operando com potência média, adequada para os ensaios iniciais, mas suficiente para que os testes incluam bairros importantes da capital fluminense.
Apesar da alta tecnologia, a promessa é de gratuidade para o consumidor final. A TV 3.0 não exige conexão com a internet para que os usuários tenham acesso às imagens em 4K e ao áudio de alta qualidade. Contudo, a conexão permitirá experiências mais completas, como a personalização de conteúdo e publicidade. Imagine assistir a um jogo do Brasil e ter uma transmissão ajustada ao seu perfil de torcedor. Essa é uma das possibilidades apresentadas pelos executivos da Globo.
Para os lares brasileiros, será preciso, ao menos no início, adquirir um conversor específico, além da tradicional antena. Os preços ainda não foram definidos, já que o mercado está na fase de protótipos. Existe, porém, a expectativa de políticas de incentivo para fabricantes e até de distribuição gratuita dos aparelhos para famílias de baixa renda, como ocorreu na digitalização da TV no passado.
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A expectativa do setor é que a DTV+ esteja disponível comercialmente a partir de 2026, após a conclusão dos testes e homologação dos equipamentos. O Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre, que reúne fabricantes e emissoras, acompanha de perto o desenvolvimento para garantir a adoção da tecnologia no mercado nacional.
Enquanto isso, parte dos recursos já pode ser vista em transmissões específicas no Globoplay e em eventos experimentais da emissora. O recado está dado: a televisão aberta no Brasil está se reinventando para continuar relevante na era da conectividade e da personalização.