
O Huawei Ox Horn é o centro tecnológico futurista da gigante chinesa Huawei, localizado às margens do Lago Songshan, em Dongguan, próximo a Shenzhen, na China. Inaugurado em 2018, o complexo de 120 hectares abriga os programas de pesquisa e desenvolvimento mais intensivos da empresa, combinando arquitetura inspirada em cidades europeias com tecnologia de ponta para impulsionar inovações em IA, redes ópticas, sistemas sem fio e direção autônoma.
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Arquitetura europeia e ambiente imersivo
Dividido em 12 zonas que replicam cenários de Budapeste, Praga, Oxford e Borgonha, o campus mescla lazer e funcionalidade de forma única. Funcionários têm acesso a restaurantes, bibliotecas, hotéis, galeria de arte e até sistema de bondes internos. A arquitetura europeia detalhada, marcos icônicos e gramados à beira do lago criam um ambiente imersivo que, surpreendentemente, concentra as pesquisas mais avançadas da companhia em diversas frentes tecnológicas.
Alan Fan, chefe do departamento de propriedade intelectual da Huawei, destaca que a empresa é, em sua essência, uma companhia de inovação. “Nosso investimento sustentado em pesquisa e desenvolvimento, protegido e impulsionado por uma estrutura robusta de direitos de propriedade intelectual, é o que alimenta nosso progresso”, afirmou durante visita de jornalistas ao complexo no mês passado.
Pesquisa de ponta em múltiplas frentes
Os esforços de P&D abrangem lógica matemática fundamental, teoria de algoritmos, estruturas de processamento de sinais e domínios aplicados como comunicações sem fio avançadas, redes ópticas e integração de sistemas. Na pesquisa sem fio, a Huawei desenvolve trabalhos avançados em áreas como MIMO massivo e gerenciamento de recursos de rádio assistido por IA, visando melhorar a eficiência do espectro e cobertura de rede.
Inteligência artificial e computação formam pilares fundamentais da inovação da empresa. A Huawei continua investindo pesadamente em suas plataformas de computação, com pesquisas cobrindo treinamento de modelos, eficiência de inferência e arquiteturas de computação distribuída. Esses esforços sustentam o avanço da companhia em IA aplicada a redes, infraestrutura em nuvem, dispositivos e plataformas automotivas.
Investimentos bilionários em inovação
Os números de investimento refletem a escala das ambições da Huawei. Em 2024, a empresa investiu 179,7 bilhões de yuans (US$ 25,5 bilhões), equivalentes a 20,8% da receita total. O investimento cumulativo em P&D na última década já ultrapassou 1,2 trilhão de yuans. Mais de 113 mil funcionários, representando 54,1% da força de trabalho, atuam em funções de pesquisa e desenvolvimento.
A companhia também figura entre as maiores detentoras de patentes do mundo, com mais de 150 mil patentes ativas concedidas globalmente. No Fórum de Inovação e Propriedade Intelectual realizado em Pequim no mês passado, a empresa revelou ter arrecadado US$ 630 milhões em receitas de licenciamento de patentes. Fan projeta que a receita com patentes deve aumentar em 2026, apontando maior reconhecimento da indústria sobre suas tecnologias, incluindo Wi-Fi, 5G, áudio e vídeo.
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Inovações aplicadas na indústria
As inovações desenvolvidas no Ox Horn já se traduzem em aplicações industriais concretas. Confira os principais projetos em operação:
Porto de Tianjin: A solução Smart Port da Huawei integra tecnologias como gêmeos digitais inteligentes, direção autônoma, 5G, computação em nuvem e IoT, criando um sistema autônomo centralizado que conecta diversas funções portuárias. O porto abriga a maior frota sem motorista já vista até hoje, composta por 76 veículos.
Mina de Yimin: Na Mongólia Interior, uma frota de 100 caminhões de mineração elétricos autônomos, alimentados pela rede 5G-Advanced da Huawei, entrou em operação em larga escala no início deste ano. Operando sob condições extremas, os veículos são suportados por velocidades de 500 Mb/s de uplink e baixa latência para permitir operação coordenada contínua da frota, transmissão de vídeo 8K em tempo real e controle remoto dos caminhões.
Modelos Pangu AI: Os modelos de inteligência artificial da empresa agora suportam mais de 400 cenários em mais de 30 indústrias. Em direção inteligente, veículos equipados com seu sistema avançado percorreram mais de 1,4 bilhão de quilômetros com direção assistida ativada em 2024.
Desafios e perspectivas futuras
Liuping Song, diretor jurídico da Huawei, reconheceu o impacto durante mesa redonda com a imprensa, observando que a produção de chips da empresa “foi afetada” e que sua tecnologia de processo “permanecerá atrás da indústria” por algum tempo. Ele ressaltou que a companhia está priorizando capacidade de ponta a ponta, argumentando que os clientes se importam com o desempenho de todo o cluster de computação, e que as forças da Huawei em conectividade podem compensar restrições de fabricação.





