O recente acordo da Telefônica Vivo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para migrar sua concessão de telefonia fixa para um regime de autorização pode trazer impactos positivos expressivos para a empresa. Analistas dos bancos BTG Pactual e XP apontam que a mudança vai reduzir custos operacionais e abrir novas oportunidades para a companhia no mercado de telecomunicações.
A migração, no entanto, ainda depende de aprovação final do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Advocacia-Geral da União (AGU), prevista para o fim de 2024.
De acordo com o relatório do BTG, os benefícios financeiros vão além da economia direta em despesas operacionais (opex) e investimentos em infraestrutura (capex). A expectativa é que a Vivo economize R$ 300 milhões anuais, resultando em um valor presente líquido (VPL) estimado em R$ 2,1 bilhões.
A venda de ativos imobiliários, atualmente vinculados à concessão, pode gerar mais R$ 1 bilhão, enquanto disputas regulatórias encerradas podem liberar R$ 900 milhões em provisões.
Por sua vez, a análise da XP sugere que o acordo pode ter um impacto ainda maior. O VPL pós-impostos projetado pela corretora é de R$ 8,5 bilhões, o que corresponde a aproximadamente 9% do valor de mercado da Telefônica Vivo.
Além disso, o desligamento da rede de cobre traria uma economia anual de R$ 1 bilhão, eliminando obrigações com serviços universais que não são mais lucrativos. A XP também estima que a venda de ativos, incluindo imóveis e infraestrutura de cobre, pode render até R$ 6,5 bilhões.
Mais eficiência e foco na fibra
A transição para o regime de autorização permitirá que a Vivo concentre seus esforços na expansão da rede de fibra óptica, que atualmente alcança 27 milhões de residências, principalmente no Estado de São Paulo. Isso contribuirá para maior eficiência nos investimentos e na operação, segundo Bernardo Guttmann, head de tecnologia e telecom da XP.
A experiência da Oi, que conseguiu vender sua rede de cobre por R$ 5 bilhões, serve de referência para as projeções da Vivo, que deve arrecadar cerca de R$ 1,5 bilhão com ativos similares.
Além das vantagens operacionais, o acordo com a Anatel também envolve a manutenção de serviços essenciais de telefonia fixa em áreas específicas até 2028. Em troca, a Vivo deixará de enfrentar processos administrativos e judiciais relacionados à concessão.
Reflexo no mercado e potencial de dividendos
A previsão de ganhos reforça a atratividade das ações da Vivo (VIVT3). O preço-alvo estabelecido pelo BTG é de R$ 62, enquanto a XP aposta em R$ 64. No último pregão, as ações fecharam cotadas a R$ 55, indicando potencial de valorização. A possibilidade de reversão de provisões e aumento da eficiência também pode resultar em dividendos adicionais para os acionistas, apontam os analistas.
Com o fim da concessão, a operadora se posiciona para enfrentar o futuro de forma mais enxuta e rentável. A aprovação definitiva do acordo pode ser o ponto de virada que consolidará a Telefônica Vivo como uma das líderes no setor de telecomunicações do Brasil.