06/10/2024

Inclusão Digital na América Latina está em queda, diz GSMA

Relatório da GSMA mostra que a América Latina está se distanciando do aumento da inclusão digital em diversos países.

A inclusão digital na América Latina está entrando em queda. A associação global da indústria móvel, GSMA, afirma que a regulação atual não permitirá alcançar o cenário de conectividade plena no continente até 2030. 

Inclusão Digital

De acordo com o relatório da entidade sobre as lacunas de acesso na região, que se concentra na Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica e Equador, a lacuna atual de cerca de 38% da população offline será mantida se as regras permanecerem como estão.

Muitas pessoas na América Latina não tem acesso a internet, isso prejudica a inclusão digital

Atualmente, 40 milhões de pessoas (7% do total) na América Latina não têm conexão, enquanto outras 190 milhões têm cobertura, mas não acessam a internet devido a barreiras como letramento digital ou custo. 

Se o cenário atual for mantido, a GSMA prevê que “nenhum país atingirá a conectividade universal em 2030, persistindo uma lacuna entre 21% e 46%”, considerando a cobertura 4G.

Lucas Gallitto, o diretor da GSMA para América Latina, divulgou um comunicado informando que a taxa de inclusão digital está diminuindo. 

Ele afirmou que os desafios atuais para inclusão digital são diferentes dos de anos atrás, quando havia muitas oportunidades para melhorar a conectividade, e que agora, com 93% de cobertura de banda larga móvel na América Latina, é necessário redesenhar as políticas de uso dos fundos setoriais para estimular a demanda. Segundo Gallitto, é preciso adaptar as políticas para atender aos novos desafios e continuar avançando.

“Os desafios que temos hoje, com 93% de cobertura de banda larga móvel na América Latina, não são os mesmos de anos atrás, quando havia muito por ser feito em termos de conectividade”.

Mesmo após a solução de questões históricas na região, como a alocação apropriada de recursos provenientes de fundos de universalização (como o Fust), ainda existe um grande desafio a ser enfrentado. 

O investimento necessário para melhorar esse cenário é muito alto 

Segundo a GSMA, aproximadamente 50 milhões de pessoas precisam ser conectadas para reduzir a lacuna em 6 a 16 pontos percentuais, que ainda pode ser superior a 10% em alguns casos.

Como uma possível alternativa, a entidade sugere a eliminação de impostos especiais de consumo no setor, bem como aqueles que incidem sobre dispositivos e planos de internet destinados a indivíduos de baixa renda.

O desafio reside no fato de que as regiões carentes de infraestrutura são, em geral, mais complicadas, tornando difícil a implementação de um modelo economicamente sustentável para a expansão das redes. De acordo com a GSMA, países como Argentina, Brasil e Colômbia precisariam de um investimento adicional de US$ 1,2 mil por pessoa para alcançar uma cobertura de 4G de 99%. 

Por outro lado, na Costa Rica e no Equador, esse valor aumentaria para uma faixa entre US$ 2 mil e US$ 3,5 mil por pessoa.

“Cobrir o último 1% da população exigiria um financiamento ainda maior e, portanto, possíveis soluções tecnológicas alternativas. Por fim, diminuir a brecha de uso também exigiria aumentar a demanda por meio de programas de letramento digital e subsídios cruzados de forma a cobrir o custo de dispositivos e serviços para cidadãos de baixa renda. Isso implicaria um custo estimado entre US$ 50-360 por pessoa adicional conectada, dependendo do país analisado.”

É importante ressaltar que, no contexto brasileiro, o relatório aponta a desigualdade econômica como a principal barreira para a conectividade. 

Embora esse problema também seja observado em outros países pesquisados, sua incidência é ainda mais acentuada entre os brasileiros do que questões diretamente relacionadas à conectividade, como o preço do acesso ou impostos. A tabela abaixo apresenta uma comparação dos valores, indicando que quanto menor o número, maior a barreira.

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