30/04/2024

Hospital das Clínicas testa já ser possível realizar cirurgia remota com o 5G

Segundo os testes, foram alcançadas taxas de até 1 GB de transmissão de dados, superando o Wi-Fi da rede fixa. Além da estabilidade da rede.

A telemedicina é uma das áreas que será beneficiada com a chegada do 5G ao país, e essa realidade já está sendo possível no Brasil. No Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), uma unidade do Hospital das Clínicas, testes com a tecnologia provaram que já é possível realizar cirurgia remota com o uso da rede.

Esse robô foi instalado por Ricardo Abdalla, médico assistente da cirurgia do aparelho digestivo do Icesp e professor livre docente da Faculdade de Medicina da USP, à qual o hospital é vinculado (FMUSP). Abdalla foi convidado para executar essa tarefa depois de ter implantado um equipamento semelhante para cirurgias no hospital Sírio-Libanês, em 2008.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) liberou a licença para que o 5G fosse usado cientificamente. Os testes foram feitos na frequência standalone de 3,5 GHz, considerada a mais ‘pura’ em 5G.

“A conclusão que tiveram e referendamos é que [o sistema] atendeu plenamente o que foi planejado”, afirma Maria Teresa Lima, diretora-executiva da Embratel para governo.

No experimento, a Claro foi a operadora que disponibilizou sua rede, unindo todos os participantes na chamada prova de conceito (PoC), que serve para corroborar as expectativas dos especialistas em relação ao projeto elaborado. Agora, está em estudo a fase comercial das aplicações.

A Claro obteve a licença da faixa de 5G para a prova, fez o gerenciamento do sistema e cuidou de toda a operação, enquanto o beOn – hub de inovação da operadora – interagiu com a NuT em busca das inovações para a área de saúde, explica Teresa Lima.

Segundo os testes, foram alcançadas taxa de até 1 gigabit por segundo de transmissão de dados, superando o Wi-Fi da rede fixa. Além da baixa latência, que ficou entre 10 e 15 milissegundos, a rede ficou estável em todas as transmissões, segundo Murilo Barbosa, vice-presidente de negócios da Ericsson, que implantou os equipamentos no Icesp.

“Sabemos que a cirurgia remota está longe de acontecer, mas queríamos testar as possibilidades”, diz o engenheiro Marco Bego, diretor do núcleo de inovação do Hospital das Clínicas (InovaHC). “Queríamos saber a segurança de mandar dados da cirurgia para outra região, como os pacotes [de dados] chegariam, se estariam íntegros”.

Quanto aos equipamentos, a Ericsson implantou o sistema, com rádios e antenas compactos dentro do centro cirúrgico. “São do tamanho da palma da mão”, diz o vice-presidente da empresa sueca. De lá, os dados saem para a rede da Embratel e Claro.

Faz parte também do projeto, a startup NuT, de Natal (RN). Seu sistema já é usado há anos em UTIs e ‘home care’, possibilitando o levantamento de informações do paciente para o tratamento a distância pelos médicos.

Na versão de ‘home care’ em 4G, os dados que eram coletados do paciente ficavam no local, e o médico via remotamente só o que era exibido no monitor do hospital. “Agora, a gente captura os dados e disponibiliza”, diz Ramon Malaquias, diretor de tecnologia da NuT.

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