18/04/2024

ENTREVISTA EXCLUSIVA: CEO destaca os próximos passos da Brisanet

Em plena pandemia, operadora cresce acima da projeção e reflete a ascensão das competitivas no mercado de banda larga.

Divulgação Brisanet
Imagem: Divulgação Brisanet

Nos últimos dias, tivemos a oportunidade de ter uma longa conversa com Roberto Nogueira, CEO da Brisanet. Na passagem por tópicos como 5G, fibra óptica, coronavírus, telefonia móvel e agronegócio, ficou clara uma característica da empresa, que é a equilibrada atuação no setor de telecomunicações.

Há mais de 20 anos, o empresário transformou seu desejo de prover internet de qualidade para o interior nordestino na criação da Brisanet. Do sinal via rádio evoluiu para a fibra óptica até chegar nos multisserviços, com banda larga, TV paga e telefonia. Atuação que vamos conhecer melhor adiante.

Sem planos mirabolantes ou excessivamente ambiciosos, a operadora segue focada na experiência do consumidor, além do atendimento, dois fatores que compõem um grande pilar para nortear os trabalhos até aqui.

Conhecer mais sobre os planos e a atuação da Brisanet, sediada em Pereiro (Ceará), nos levou a refletir sobre o sucesso dos pequenos provedores, que conquistaram a liderança de mercado na internet fixa.

Mas, vamos em partes. Em momento de uma verdadeira ebulição dos debates ao redor do 5G, principalmente com as operadoras TIM, Claro e Vivo em lançamentos prévios da nova conexão móvel, antes de leilão, não poderíamos deixar de abordar o tema.

O leilão 5G e o agronegócio

Tentamos entender como as competitivas (pequenos provedores de banda larga) se encaixam no cenário da nova tecnologia e qual foi a contribuição deixada para a consulta pública realizada pela Anatel, que deve fazer o leilão de frequências no ano que vem.

“A Brisanet participou de todas as consultas públicas e workshops buscando uma forma que o leilão contemplasse a oportunidade dos pequenos provedores. Não tão pulverizado a nível estado, mas pelo menos uma participação regional”, destacou Roberto Nogueira.

O CEO da operadora acredita que não há mais tempo para realizar o leilão em 2020. A pandemia certamente atrasou procedimentos importantes da negociação, mas se ficar para o fim de 2021 é muito tarde.

Um período visto como ideal é o fim do primeiro trimestre do próximo, mais precisamente em março.

Outra importante bandeira levantada pela Brisanet a respeito do leilão é a valorização do agronegócio. Atualmente, existem aproximadamente 11 milhões de residências rurais e se não houver um bom desenvolvimento de infraestrutura, esse número cai pela metade.

Isso obviamente seria desvantajoso para o agronegócio, conforme defende a empresa. Sobre as frequências, o CEO destaca:

“A faixa de 700 Mhz é perfeita para a zona rural, atende até 20km. Frequência mais elevada não tem penetração nessas áreas.”

Nogueira comentou que esses leilões normalmente acontecem para as grandes operadoras, não há espaço para as regionais. Portanto, a participação dos pequenos provedores foi muito defendida pela marca.

“As torres de celular atendem as áreas urbanas, pouca coisa da zona rural e às vezes não tem performance nem para a urbana. Portanto, a área rural precisa ser feita por pequenos prestadores, é a melhor opção, mas é necessário subsidiar taxas, além da liberação de espectro pelo MCTIC e Anatel”, declarou Roberto Nogueira.

A destinação de 60 MHz da faixa de 3,5 GHz para os prestadores de pequeno porte também é pontuada.

Na Brisanet, há um forte trabalho pela construção de uma potente conexão 5G que atenda cidades com menos de 30 mil habitantes, pelo comprador da faixa.

A fibra óptica como carro-chefe

Roberto Nogueira, CEO da Brisanet. Imagem: Divulgação Brisanet
Roberto Nogueira, CEO da Brisanet. Imagem: Divulgação Brisanet

Apesar de ser uma operadora multisserviços, no momento em que perguntamos a respeito do atual carro-chefe da empresa, Roberto Nogueira foi preciso ao dizer que atualmente é a operação de banda larga, mas futuramente podem surgir outros produtos.

Atualmente, a companhia está presente em 100 cidades do Nordeste, mas expande sua atuação pelo modelo de franquias, com a Agility Telecom.

Portanto, a marca não demonstra qualquer interesse em adquirir infraestrutura de terceiros, como a da Oi, que vai ofertar o controle acionário da InfraCo. A Brisanet quer construir a sua própria.

No caso da Agility, já são 140 franqueados em 450 cidades. A ideia é que a operadora construa a melhor rede de transporte de dados para cidades pequenas.

“O Backbone, para chegar até a cidade, é construído por esse pequeno provedor. Enviamos cabos e materiais para o processo, que está indo muito rápido. Em dois ou três anos, a Brisanet estará presente em todas as cidades do Nordeste, explicou Nogueira.

Em conversa sobre a fibra óptica, inclusive, o 5G volta a entrar em pauta. O CEO da marca destaca que, quando a nova conectividade móvel surgir, as residências das cidades pequenas estarão todas fibradas, ou seja, não terão infraestrutura precária.

“O 5G vai ser uma aplicação complementar, inserida na grande bolha do wireless, que é a nova conectividade. Não enxergo até 2025/2026 um mercado forte de Internet das Coisas, carros conectados e etc”, comentou o executivo

Portanto, em primeiro momento, a operadora acredita que a quinta geração vai fazer o complemento da banda larga, com mobilidade.

Sobre a disponibilização primária para clientes empresariais, a Brisanet vê o contrário e aposta que os usuários comuns serão os primeiros contemplados.

Ademais, sobre o 5G DSS, que vai ganhar uma operação pelas nacionais Claro, TIM e Vivo, Nogueira não considera precipitado, mas pondera o fato de que 99% dos smartphones atualmente não suportam a tecnologia.

“Eu não falo que é precipitado, mas algum experimento todas devem fazer para ter domínio da tecnologia, entender as limitações, obstáculos e problemas”, analisou o CEO.

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Impactos do coronavírus

Com as grandes operadoras o impacto foi óbvio, afinal, todas sofreram perdas financeiras com o fechamento das lojas físicas, a baixa na venda de smartphones, lojas de recarga sem funcionamento… Mas, e os pequenos provedores?

Quando surgiu a pandemia, a Brisanet já se sentiu preparada. As redes precisam estar com o dobro da capacidade necessária para atender a demanda dos clientes, segundo o representante.

Uma ampliação foi feita no final de 2019 e serviu para lidar com todo esse momento de pandemia, que ocasionou no aumento de 50% do tráfego de rede, mas não gerou grandes impactos.

Afinal, foi feita uma preparação para suportar o dobro. O momento, inclusive, foi oportuno para um crescimento na base de clientes.

A projeção feita em 2019 era de um crescimento na base de 65%, mas os números foram além e agora, em pleno coronavírus, a Brisanet está prestes a ultrapassar a marca de 80%.

Mas, o momento requer lições que ficam para todas as empresas, já que muitas não contavam ou não estavam preparadas para lidar com tantas mudanças. Nesse caso, Roberto Nogueira destaca a necessidade de uma evolução das redes.

Atividades como o ensino a distância vão crescer e o tráfego no futuro vai dobrar.

“A TV por assinatura precisa se reinventar”

Aplicativo de vídeo sob demanda da Brisanet. Imagem: Site da Brisanet
Aplicativo de vídeo sob demanda da Brisanet. Imagem: Site da Brisanet

Em momento de uma evasão histórica, a TV paga, que também faz parte do catálogo da Brisanet, é vista em um cenário realista pela operadora.

O primeiro ponto abordado pelo CEO é que a TV vai perder parte do seu espaço para o streaming de vídeo, ou seja, empresas como Netflix e Amazon Prime Vídeo.

Por sinal, já podemos dizer que perdeu. Uma análise recente constatou que a primeira mencionada, considerada a pioneira do streaming, perde apenas para a TV Globo em audiência no país.

Roberto Nogueira problematiza justamente o modelo de negócio onde a venda é feita via pacotes para o consumidor. Não adianta empurrar canal infantil para quem não tem crianças, ou futebol para quem não gosta, segundo destacou.

“O mercado de televisão precisa se reinventar nesse sentido. Toda a programação poderia estar em uma prateleira. Você puxa um canal e se não gostou, devolve. No outro mês pode pegar outro”, diz Nogueira.

Para o executivo, é algo que já acontece com o streaming, pois muitos usuários assinam apenas enquanto a série que querem assistir está no ar. Depois, apenas cancelam e vão para outra plataforma.

A Brisanet, inclusive, questiona o modelo com as programadoras há anos. O debate de mudanças na legislação para que a venda de canais e programas seja viável na internet não preocupa a operadora.

É um movimento de mercado que não dá para ir contra, mas o distribuidor não vai perder espaço, segundo pondera o executivo.

Para ele, será muito mais fácil um vendedor apresentar e fazer a venda dos serviços para um cliente do que o consumidor realizar a compra direta pela internet, já que terá dúvidas sobre vantagens e qualidade. Problemas que podem ser esclarecidos por um profissional.

Nesse ponto, os distribuidores continuam a ganhar, já que exercem esse papel.

A MVNO da Brisanet

Atualmente com uma operação de telefonia móvel que totaliza aproximadamente 100 mil clientes, a criação de planos pós-pagos não é o foco, mas também não foi descartada.

Pela empresa, a MVNO é vista como um case de sucesso e a parceria com a operadora Vivo deve prosseguir e acelerar para que a atuação fique cada vez maior.

A comercialização atual é feita no modelo pré-pago com pacotes de dados que vão até 7 GB por R$ 69,99 mensais, além de ligações ilimitadas e cobertura nacional para o cliente utilizar onde quiser.

Brisa Móvel, MVNO da Brisanet. Imagem: Site da Brisanet
Brisa Móvel, MVNO da Brisanet. Imagem: Site da Brisanet

Inclusão digital e pioneirismo na fibra óptica

Líder de market share em mais de 70 cidades do Nordeste, foi impossível não abordar sobre a contribuição da empresa para a inclusão digital do país.

De acordo com o empresário, entre o final de 2022 e início de 2023, todas as cidades do Nordeste estarão conectadas com fibra óptica.

No momento em que o assunto surgiu, Roberto Nogueira destaca sua participação nos dois maiores projetos de inclusão do país. A começar pela antena parabólica, que levou entretenimento e diversão para inúmeras regiões mais afastadas e terminar pela fibra óptica.

A Brisanet possui um marco de pioneirismo por ter feito a primeira cidade fibrada em 2010, quando todos ainda acreditam que a tecnologia só seria possível em meados de 2025.

O cenário foi se transformar mesmo lá por 2015, quando a expansão do recurso começou a ser viabilizada.

Pequenas cidades podem ser grandes negócios

Ao ter uma visão sobre o panorama geral da Brisanet, é interessante observar que a empresa não está disposta a modificar sua própria identidade em prol de um crescimento onde seria apenas mais uma entre as operadoras de porte nacional.

O DNA da empresa é cobrir as pequenas cidades com uma conexão de ultra velocidade, com inúmeras possibilidades de crescimento.

Todos os planos se concentram para o desenvolvimento das zonas rurais e a conectividade como o grande meio que pode potencializar diversos negócios e setores.

Para o CEO da operadora, a internet já era essencial, mas com a pandemia que foi constatada agora, a necessidade de desenvolvimento fica cada vez mais evidente para o setor de telecomunicações.

Com seu atual catálogo de produtos, por exemplo, com conexões que vão até 200 Mbps e preços acessíveis, a Brisanet se sente confortável.

Conforme destacamos no início, a empresa tem um grande foco na experiência, prestação de serviços com qualidade, estabilidade de conexão e atendimento eficaz para o consumidor.

Problemas pertinentes como a distribuição do sinal Wi-Fi pela residência do consumidor, que às vezes não consegue uma boa conexão em todos os cômodos, também são vistos com atenção pela empresa.

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