17/04/2024

Internet móvel ruim? Burocracia nacional pode ser uma das culpadas

Perspectiva foi compartilhada por Eduardo Ricotta, presidente da Ericsson.

Ilustração clientes frustrados
Imagem: Pixabay

Sua internet móvel não é das melhores? Não tem 4G na sua cidade? Por mais que a gente faça cobranças constantes para as operadoras, a burocracia brasileira pode ter uma grande parcela de culpa nisso.

A conclusão é de Eduardo Ricotta, presidente da Ericsson. O executivo explica que, para instalar uma antena em algumas cidades brasileiras, pode demorar até dois anos por conta da legislação vigente.

O executivo faz uma crítica também aos leilões de espectro, que são os canais de transmissão responsáveis pelo sistema de voz e internet das operadoras. Há um viés arrecadatório no processo e ele precisa ser alterado.

Na visão de Ricotta, o foco deve ser na infraestrutura já que ter as atenções voltadas para a arrecadação não resolve os problemas do Brasil, país onde o espectro é o mais caro do mundo.

São Paulo é citado como exemplo, já que existe uma enorme dificuldade na instalação de antenas na cidade. Empresas fazem a operação antes mesmo de conseguirem a licença com a Prefeitura.

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Como solução, Eduardo sugere que lei seja federal e não municipal. Assim haveria um entendimento e uma rápida implantação de antenas na cidade.

“As leis estão nas mãos dos municípios. Cada um tem uma interpretação da lei. Existem lugares onde é muito fácil colocar uma antena e fazer uma cobertura e há lugares onde é extremamente difícil. Muitas vezes reclamamos que não há cobertura, mas ninguém lembra que temos de esperar, às vezes, até dois anos dependendo da cidade”, comenta Ricotta.

O tão aguardado e especulado 5G pode ter uma adoção problemática se o conflito persistir. A tecnologia usa frequências mais altas e há uma cobertura menor para cada antena.

Entretanto, para instalar mais antenas, não é necessário ter mais espaço físico? Eduardo explica que não. Com a tecnologia, elas diminuem de tamanho. Hoje em dia, é possível fazer antenas que as pessoas sequer enxergam.

“Com a chegada do 5G o problema vai aumentar. No 5G, usamos frequências mais altas e, com isso, temos uma cobertura menor para cada antena. Vamos precisar de dez vezes mais antenas do que temos hoje. O problema será multiplicado por dez daqui a alguns anos. Precisamos ter uma regulamentação melhor das leis das antenas”, complementa Ricotta.

O cenário de telecomunicações no Brasil é positivo, afinal, há uma boa infraestrutura. Entretanto, as leis foram feitas há mais de 20 anos. É necessário adapta-las aos tempos atuais.

As operadoras, por exemplo, são obrigadas a fazerem manutenção de orelhões sem uso. Esse tipo de investimento poderia ser redirecionado para questões que realmente façam a diferença na vida do consumidor.

Eduardo Ricotta argumenta que as leis no Brasil são muito punitivas e pouco propositivas. Elas precisam se adequar ao novo cenário e não apenas punir.

A cadeia de impostos também é muito alta, na visão do executivo. Cidades pequenas e extremamente pobres pagam a mesma taxa de imposto do que uma cidade grande. Isso precisa ser solucionado.

Eduardo Ricotta concedeu uma entrevista para o UOL, fonte de informações dessa matéria.

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