05/12/2025

Crise da Oi se agrava e leva governo a exigir medidas para proteger empregos e serviços

Governo pressiona por garantias a trabalhadores da Oi, que enfrenta nova fase de crise e desvalorização acentuada na bolsa.

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Imagem: Bloomberg/Reprodução

Não é replay: a instabilidade que ronda a Oi ganhou mesmo mais um capítulo. Dessa vez, o Ministério das Comunicações (MCom) decidiu intensificar o acompanhamento do processo de recuperação judicial da empresa, diante da deterioração financeira e da preocupação com os cerca de 20 mil trabalhadores ainda ligados direta ou indiretamente à companhia.

Durante uma cerimônia oficial em Brasília, o ministro das Comunicações, Frederico Siqueira Filho, deixou claro que o governo não pretende assistir passivamente ao avanço da crise.

Segundo ele, é preciso preservar tanto os serviços prestados pela operadora quanto os direitos dos profissionais que seguem atuando em um ambiente cada vez mais incerto.

Sindicatos elevam tom e cobram providências

O cenário mobilizou também representantes dos trabalhadores, que levaram suas preocupações ao ministério. 

Em pauta, pedidos diretos: pagamento de salários, garantia do 13º e, acima de tudo, uma sinalização de que os empregos não estão ameaçados no curto prazo.

As conversas não se limitaram ao Executivo. Os sindicatos também se reuniram com o interventor judicial da Oi, Bruno Rezende, designado para conduzir esta nova fase da recuperação. 

Do encontro, surgiu um protocolo de diálogo contínuo, com foco na proteção dos direitos trabalhistas e na estabilidade das operações.

Ações da Oi caem e mercado sinaliza desconfiança

Fora das negociações institucionais, a realidade da Oi nos mercados financeiros é um retrato do momento delicado que atravessa. 

As ações da empresa, listadas na B3, vêm registrando queda acumulada de 96% no último ano e refletem uma perda de confiança dos investidores.

Essa desvalorização traz efeitos práticos: dificulta a captação de recursos e coloca em xeque a viabilidade de eventuais planos de reestruturação. Em outras palavras, o que se vê no pregão ecoa as dúvidas sobre o futuro da empresa.

Como exemplo disso, a PIMCO, empresa que detinha quase um quinto das ações da Oi na B3, anunciou nesta terça-feira a venda de 100% das posições. Esse é mais um duro golpe na empresa.

Interesse público sustenta debate sobre papel estratégico

Apesar da crise, a Oi ainda mantém presença relevante no setor de telecomunicações, sobretudo em regiões onde sua atuação é praticamente exclusiva. 

Para o governo, essa capilaridade torna a operadora um ativo de interesse público e justifica a necessidade de preservar parte de sua infraestrutura.

Siqueira foi direto ao afirmar que a população não pode ser prejudicada por falhas administrativas. A fala, embora protocolar, reforça a intenção de evitar apagões nos serviços essenciais.

Sem garantias, incertezas persistem

Embora haja sinalização de diálogo e disposição política, não há definições concretas no horizonte imediato. 

Enquanto isso, o processo de recuperação judicial da Oi segue sob tutela da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, e dependerá da articulação entre interventor, Justiça, sindicatos e governo.

A empresa, que já atravessou uma longa recuperação judicial há poucos anos, volta ao centro das atenções, desta vez, com menos margem para erro e mais pressão por respostas.

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