04/12/2024

Marinha vai adotar internet via satélite da Starlink a bordo de navios

Militares reforçam que nenhuma estação de trabalho, na qual trafegam dados militares, terá acesso à rede da empresa de Elon Musk.

A Marinha do Brasil decidiu testar a internet via satélite da Starlink em alguns dos seus principais navios da frota, afirmando que se trata de um interesse experimental e a conectividade será usada com fins ostensivos, sendo completamente segregada das redes de bordo e demais redes de dados. Ou seja, afirma que não permitirá o tráfego de informações militares pelos satélites do bilionário.

Segundo a MB, todas as medidas pertinentes para proteção das informações digitais serão adotadas, com o propósito de assegurar a integridade das redes de dados e de comunicações, propriamente as de uso militar. A conexão vai apenas complementar os sistemas de comunicação dos navios, que funcionam por enlace satelital.

“Logo, ela não vai substituir nenhuma tecnologia de comunicação ou conectividade de bordo aplicadas à Defesa. Essa tecnologia vem sendo testada e prospectada, como outras tecnologias de satélites de órbita baixa”, afirma a MB em nota.

A Marinha do Brasil ressaltou que “nenhuma estação de trabalho, na qual trafegam dados militares, terá acesso à rede Starlink bem como nenhum documento de natureza militar será recebido ou transmitido por essa rede, reafirmando a prioridade e a preocupação com a segurança e com a preservação de informações sensíveis do ponto de vista militar”.

Os kits de conexão da Starlink foram comprados para o Navio-Aerodrómo Multipropósito (NAM) Atlântico (A 140), a maior embarcação do País, o Navio de Apoio Oceanográfico (NApOc) Ary Rongel (H 44), que possuem sistemas de enlace satelital militares, e para o Navio-Patrulha (NPa) Maracanã, principal embarcação da Marinha para o patrulhamento na faixa compreendida entre os estados de São Paulo e Paraná.

O NAM e o H 44 possuem sistemas de enlace satelital militares e vão avaliar a tecnologia da SpaceX/Starlink, além de possuírem sistemas próprios de segurança de dados já instalados e desenvolvidos no Brasil. Os novos equipamentos de internet e o serviço custarão à Marinha, ao todo, R$ 149 mil para o período de um ano.

De acordo com os militares, a internet da Starlink vai permitir mais segurança no navio de pesquisas que está operando na Antártica em prol do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).

“Contribuirá significativamente para a segurança da navegação como mais um meio de acesso a produtos de previsão meteorológica disponíveis na internet, especialmente face ao contexto de condições meteorológicas severas que são enfrentadas durante a prolongada permanência do navio no continente Antártico. Além disso, o recurso será importante ao contribuir para a salvaguarda da vida humana no mar, com a possibilidade de uso da telemedicina em uma região de escassos recursos sanitários, como é o caso da Antártica”, informou o Comando.

A Marinha do Brasil também afirma que a contratação do serviço trará benefícios substanciais para o NApOc Ary Rongel, principalmente no que diz respeito ao apoio à pesquisa científica e ao acesso à informação dos pesquisadores a bordo, ou seja, como uma opção viável para acesso à Internet para que o Brasil continue no caminho de desenvolver pesquisa de elevada qualidade na Antártica.

Os militares descartam que “não há nenhum tipo de dependência das atividades militares dos navios em relação ao uso da Starlink”.

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