17/04/2024

5G: desafios e dificuldades da implementação da rede no Brasil

Rede 5G no Brasil ainda está em fase inicial e tem enfrentado diversos desafios de implementação e aderência no país

O 5G chegou ao Brasil há mais de um ano e são muitos os desafios para a expansão da rede no país que tem proporção continental. Embora a Conexis afirme que a nova rede está tendo um crescimento mais rápido que o 4G, é válido apontar que nem mesmo a tecnologia anterior cobre todo o país. O site Minha Operadora entrevistou a Head de Global System Integrator LATAM da Palo Alto Networks, Alessandra Barea, que abordou os principais pontos de dificuldade de crescimento da rede móvel de quinta geração, tanto no Brasil, como na América Latina. 

Há pontos positivos a serem considerados na implementação da rede 5G no Brasil, como esse levantado pela Conexis, bem como o Leilão 5G que é considerado modelo para outros países. Porém, há pessoas que reclamam que a nova rede deixa a desejar naquilo que promete, sem contar as tantas outras que não podem ter acesso por questões socioeconômicas. 

O representante comercial Marcos Mota, que reside em Salvador, mas precisa viajar por diversos pontos do país, e portanto utiliza o serviço de telefonia móvel em várias regiões diferentes,  tem um celular que possui acesso a nova rede móvel, porém ele se diz totalmente insatisfeito com a novidade. Ao Minha Operadora ele afirmou que sua “experiência é a pior possível. Onde chego que tem o 5G, ao invés de melhorar a velocidade, ela cai. Não consegue abrir as coisas. Trava e atrapalha. Não funciona de jeito nenhum!”

Mota ainda lamenta como está o uso do 5G no país e afirma que a nova internet móvel está longe de ser tudo o que foi prometido, de melhor velocidade: 

“Infelizmente não é a propaganda que fizeram dizendo que melhoraria, que ficaria mais veloz. Não tenho boas experiências, muito pelo contrário”

Já no que diz respeito às dificuldades socioeconômicas, há o exemplo já citado no site, nesta matéria, onde uma moradora de Fortaleza conta que divide o celular com a mãe e só tem acesso a internet através do plano de internet fixa, que tem em casa. 

Qual a influência do tamanho do país para atrapalhar o crescimento do 5G?

Segundo Alessandra, o tamanho do país é, de fato, um dos fatores que retardam o processo. A infraestrutura necessária para suportar o 5G em um país tão grande quanto o Brasil pode ser muito cara, exigindo a instalação de torres de transmissão e infraestrutura de fibra óptica em áreas rurais e remotas, o que demanda muito tanto do governo quanto das empresas em termos de economia e estrutura.

Dentro desse aspecto, é válido ressaltar também a dificuldade que o país tem enfrentado em organizar a legislação sobre a regulamentação das antenas. Saiba mais sobre esse ponto conferindo essa matéria aqui.

Alessandra acrescenta também que a rede 5G oferece velocidade significativamente mais altas e maior largura de banda em comparação com as gerações anteriores. Isso possibilita downloads e atualizações de aplicativos mais rápidos. No entanto, também significa que as vulnerabilidades de segurança podem ser exploradas mais rapidamente, tornando essencial que os desenvolvedores de aplicativos móveis garantam a implementação de medidas de segurança robustas.

“O progresso do 5G está ligado à demanda do consumidor e à oferta de dispositivos compatíveis com a tecnologia. À medida que mais dispositivos 5G se tornarem acessíveis à população, a implementação da tecnologia pode ser acelerada. Ainda estamos em uma fase inicial, mas podemos esperar que o 5G cresça no país nos próximos anos.”

Questões socioeconômicas também são um problema para o 5G no Brasil

Apesar do contexto geográfico, ainda há outro ponto significativo em relação à expansão do 5G no Brasil, que é o poder econômico das pessoas. Há poucos celulares habilitados, com preços populares. Portanto, fica complicado mais gente acessar a rede. Sobre isso, a  Head de Global System Integrator LATAM da Palo Alto Networks, afirmou que a tendência é que com o passar do anos esse acesso seja barateado, ou seja, não será tão caro usar a rede móvel em smartphones. 

“Conforme a modernização avança e mais regiões e pessoas têm acesso ao 5G, essa tecnologia se tornará menos cara. Por ora, a indústria de telecomunicações provavelmente se concentrará em fornecer a infraestrutura necessária juntamente com o governo para aumentar a acessibilidade e a acessibilidade ao 5G.”

E como lidar com a não entrega do potencial da rede?

O representante de vendas, Marcos Mota, citado no início da matéria, reclama justamente do que o 5G não entrega a ele como consumidor. A promessa sempre foi de uma rede mais veloz, que permite acesso cada vez mais rápidos e conexões mais estáveis, no entanto, ele não consegue ter acesso a nada disso. 

Segundo Alessandra, para tirar proveito máximo do potencial do 5G, será necessário que os consumidores e as empresas se ajustem e incorporem essa tecnologia em suas atividades cotidianas. Isso pode envolver a atualização de dispositivos para suportar o 5G e a implementação de novas aplicações que aproveitem a alta velocidade e baixa latência proporcionadas por essa tecnologia.

“É preciso investir substancialmente em infraestrutura, pesquisa, desenvolvimento, educação e conscientização pública para garantir uma implementação bem-sucedida e ampla do 5G. Políticas adequadas e incentivos também desempenharão um papel crucial na promoção da colaboração e na implementação eficaz desta tecnologia”. 

Como esperar o 5G se o 4G ainda não cobre todo país? 

Outro ponto importante que há de se mencionar é que no Brasil ainda há locais sem cobertura 4G. Ao ser questionada se esse fato é decisivo para a chegada do 5G a certas regiões, e consequentemente a ampliação da rede pelo país, Alessandra afirmou que realmente é um ponto que pode interferir, mas não é nada que atrapalhe de maneira substancial. 

“A falta de cobertura 4G em determinadas regiões do Brasil pode influenciar o ritmo da implementação do 5G. No entanto, isso não necessariamente impede a chegada do 5G a longo prazo, especialmente à medida que a tecnologia amadurece e se torna mais versátil em termos de casos de uso e aplicações. Isso significa apenas que áreas que ainda não têm cobertura 4G podem não ser as principais prioridades para o lançamento inicial do 5G e podem atrasar a disponibilidade do 5G.”

Há pontos positivos para celebrar: o Leilão 5G é considerado modelo

Apesar de haver diversos tópicos negativos a serem analisados sobre essa pauta, é importante notar também que o Leilão do 5G, é tomado como exemplo. A Colômbia é um país que ainda está em fase inicial para implementação da rede no país, mas tem o modelo de organização do Brasil como base. 

E pensando nisso, fica o questionamento: como está o andamento da rede na porção mundial da América Latina? A representante da Palo Alto explica que alguns países latino-americanos lançaram serviços comerciais de 5G estando em diferentes estágios de implementação do 5G, e a infraestrutura tem se desenvolvido gradualmente. 

Dados da Omdia mostram que até setembro de 2022, 7% dos latino-americanos já adotaram o 5G. De forma positiva, pense na quantidade de território a ser explorado no continente e na enorme oportunidade de desenvolver uma estratégia de segurança escalável para proteger marcas de celulares e seus usuários.

Para que se tenha uma noção global, também segundo a Omdia, há uma forte concentração de usuários do 5G na China, Japão e Estados Unidos. Portanto, a rede ainda tem muitos locais a nível mundial para poder conquistar. 

Sobre Palo Alto Networks e Alessandra Barea

A Palo Alto Networks é uma empresa de tecnologia que fornece soluções de segurança cibernética de ponta para uma ampla gama de clientes em todo o mundo. Sua oferta inclui plataformas e serviços de segurança cibernética impulsionados por inteligência de ameaças de classe mundial e automação avançada. A empresa está empenhada em promover a segurança digital, seja por meio da implementação de soluções de Zero Trust Enterprise, da resposta a incidentes de segurança ou da colaboração com parceiros de destaque. 

Já Alessandra é formada em Ciência da Computação pela UNINOVE e possui um MBA em administração de empresas pela FGV, além de um XBA em Administração de Empresas Exponencial pela Nova School of Business & Economics em Portugal. 

Atualmente, ela ocupa o cargo de Head de Global System Integrator LATAM na Palo Alto Networks, onde desenvolve ecossistemas de parceiros tradicionais e cria novas rotas para o mercado. Com oito anos de experiência como gerente de produto e canal na CNT Brasil, Alessandra foi responsável por estabelecer uma nova unidade de negócios de valor agregado e executar a estratégia de desenvolvimento de parceiros, abrangendo áreas como marketing, vendas e capacitação. Antes disso, ela também atuou como gerente de canal na Quest Software e na Symantec por sete anos.

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