14/04/2024

Ex-diretora da Ancine diz que streamings devem ser regulamentados

Para a especialista no assunto, os streamings no Brasil precisam passar por uma regulamentação para valorizar o cinema nacional.

A rixa entre streamings e o setor audiovisual no Brasil segue. Agora Vera Zaverucha, especialista em regulação audiovisual e ex-diretora da Ancine, a Agência Nacional do Cinema, disse que há vários prejuízos com a não regulação do serviço no país. 

Streamings

A especialista disse que o prejuízo da indústria cinematográfica brasileira tem raízes nos anos 70, por causa da decadência dos cinemas de rua. Ela falou sobre o assunto em entrevista ao site Notícias da TV.

Afinal, as salas de cinema foram parar dentro dos shoppings, com isso o acesso se tornou mais caro e elitizado. Segundo o Cuponation, em pesquisa feita em 2021, em média um ingresso de cinema custa R$ 28,25 em São Paulo. 

Onde entra a regulação dos streamings?

Já em relação aos streamings no Brasil, Vera diz que o serviço pode facilitar a propagação de produções brasileiras, porém acredita que são necessárias leis para regulamentar. 

Segundo ela, a população de baixa renda pode ter acesso a produções nacionais através do streaming, afinal TV por assinatura e cinema ainda são caros, porém, é preciso haver leis sobre isso:

“Para a difusão do audiovisual brasileiro independente, eu vejo o streaming como uma possibilidade real que precisa ser regulada. Eu vejo o streaming como a grande possibilidade para a população de baixa renda acessar [produções nacionais], porque a televisão por assinatura e o cinema são muito caros”

Ela argumenta também que conforme empresas estrangeiras ocupam espaço no Brasil, produções nacionais têm menos chances de crescer:

“Se você quiser assistir ao filme brasileiro, você tem que acessar a Netflix ou o Disney+, que não privilegiam o conteúdo local. Eles entram no país, produzem conteúdo com os próprios recursos, mas pegam nossos talentos e nossas histórias. É lançado de uma forma completamente distorcida do que seria caso o mesmo conteúdo fosse criado por uma produtora independente.”

Ela ainda lembra que em outros países há um trabalho para combater a hegemonia do cinema estadunidense. 

Como regulamentar 

Quanto à melhor forma de regulamentação, Vera diz que seria interessante organizar a adesão das plataformas à Condecine, Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional, um tributo brasileiro obrigatório para alguns segmentos do mercado audiovisual.

Além disso, seria importante haver um compromisso das plataformas de streamings em investir na produção audiovisual do Brasil e os direitos permanecer nas mãos das produtoras nacionais.

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