19/04/2024

Vivo e Claro estão bloqueando acesso a site sobre aborto seguro

Restrição foi identificada por meio de um mapeamento global sobre bloqueio de páginas na internet.

A partir de um levantamento mundial sobre bloqueios na internet, realizado pelo Observatório OONI em parceria com a Coding Rights — organizações de direitos humanos —, descobriu-se que a Claro e a Vivo estão bloqueando o acesso ao site Women on Waves, ONG que discute direitos sexuais e reprodutivos e traz informações sobre como realizar abortos seguros.

O bloqueio parece ter começado em 2017 para os clientes da Claro e em 2018 para os da Vivo. Em 2016, o site era acessado por mais de um milhão de brasileiros. Hoje, esse acesso caiu para 357 mil em 2019.

No Brasil, o aborto é legalizado apenas em casos de estupro, anencefalia do feto ou risco de vida para a gestante, inclusive, com o governo brasileiro oferecendo o procedimento gratuitamente pelo SUS. No entanto, é grande o número de métodos clandestinos no país, chegando a mais de um milhão de casos em 2018.

Apesar de o aborto clandestino ser ilegal, com pena de detenção, compartilhar informações públicas sobre aborto seguro não é considerado crime no Brasil. A censura do site impediria que muitas mulheres tenham informações sobre práticas seguras, sendo um risco para suas vidas.

VIU ISSO?

–> Mega volta a ser liberado no Brasil

–> Operadoras podem bloquear dados de internet dos clientes?

–> Anatel volta a discutir a possibilidade de limitar a banda larga

A ONG indicou que além do Brasil, Turquia e Irã também bloqueiam o acesso ao site.

Em testes realizados pelo Minha Operadora, por meio da conexão da Claro Net e pelo 4G da Vivo, não conseguimos acessar ao site. A página aparece com o status “carregando” até que surge a mensagem “Não é possível acessar esse site”. Ao utilizar um provedor de internet local, conseguimos acessar normalmente.

Apesar de não serem citadas no mapeamento da OONI e Coding Rights, as operadoras TIM e Oi também não abriram o site da ONG durante os nossos testes.

Procuramos as assessorias de imprensa das operadoras. A Vivo afirmou que irá se posicionar via Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil). Entramos em contato com o sindicato e aguardamos o posicionamento para atualizar a matéria. Quanto às outras operadoras, ainda não recebemos um retorno.

Com informações de The Intercept Brasil.

10 COMENTÁRIOS

Se inscrever
Notificar de
guest
10 Comentários
Mais antigo
Mais recente Mais Votados
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários