25/04/2024

O fim de uma era: migração do pré-pago para pós-pago

pré-pago para pós-pago

Será a migração de pré-pago para pós-pago um movimento dos usuários ou da comunicação entre máquinas?

De acordo com a consultoria Frost & Sullivan e pesquisa da consultoria Teleco, está chegando ao fim o reinado dos planos pré-pagos de telefonia móvel no Brasil.  Eles estavam absolutos na preferência do brasileiro desde 2000. A migração de pré para pós-pago tem sido discreta mas firme ao longo dos anos.

O recuo do pré-pago

Em maio, a porcentagem de pré-pagos no Brasil estava em 54,67%, uma redução de 0,34% em comparação com abril (785 mil linhas a menos). Entre 2016 e 2019, a redução foi de 67,51% para 54,67% (39,7 milhões de linhas), de acordo com dados compilados pela consultoria Teleco, sendo que mais de 70% se referem ao desligamento do “segundo chip”.

Quatro anos atrás, em maio de 2015, os acessos pré-pagos respondiam por cerca de 75% do mercado brasileiro, segundo dados da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). A Frost & Sullivan estima que o mercado móvel brasileiro termine 2019 com 52,1% de linhas pós e 47,9% pré-pagas. A retração acentuada da base de linha pré-pagas se deve a dois fatores principais: à migração de clientes para planos de conta e ao desligamento do chamado “segundo chip”.

O incentivo das operadoras em serviços 3G e 4G, com pacotes mais vantajosos e preços mais atraentes e a transformação do serviço de voz numa commodity — com a popularização de planos com chamadas ilimitadas para diferentes operadoras — fez praticamente desaparecer a necessidade de um usuário ter chips pré-pagos de várias operadoras.

“Com o avanço na adoção dos smartphones, dos planos ilimitados de voz e de aplicativos de comunicação interoperáveis, como o WhatsApp, o fenômeno dos [usuários com] múltiplos chips diminuiu muito”, explica Renato Pasquini, diretor da Frost & Sullivan no Brasil.

O avanço do pós-pago

Já os ganhos da base de telefonia móvel pós-paga podem ser explicados não só pela migração de clientes vindos do pré, mas também pela expansão acelerada no número de chips de comunicação entre máquinas (M2M, na sigla em inglês). Em 2018, por exemplo, dos 11,7 milhões de linhas incorporadas à base pós-paga, quase 40% foram de conexões para comunicação entre máquinas.

Este tipo de conexão é usado em diversos serviços como terminais de pagamento, rastreamento e monitoramento utilizando sensores. As linhas usadas no M2M são contabilizadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) como pós-pagas.

A expansão do pós tem se mostrado insuficiente para conter a retração do mercado de telefonia celular iniciada a partir de 2015. O país fechou maio deste ano com 52 milhões de linhas celulares a menos na comparação com igual mês de 2015. No fim de maio, existiam no Brasil 21,7 milhões de terminais M2M.

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“Estimamos que haja ainda uma margem de 19 milhões [de linhas pré-pagas] para encolher”, projeta Eduardo Tude, diretor presidente da Teleco. “Mas a base [móvel] deve se estabilizar até o fim do ano por causa do crescimento do M2M”. De janeiro a maio deste ano, o total de linhas pós-pagas no país aumentou em 4 milhões, sendo que a metade foi de conexões M2M.

Tude acredita que densidade de linhas móveis esteja perto de 100 para cada 100 habitantes e deve se estabilizar em 90 para cada 100 habitantes.

Na visão de Alessandro Jorge, da Oliver Wyman, o surgimento de serviços como Netflix, de streaming de vídeo, põe em xeque os conceitos de serviço pré e pós-pago. “A fronteira entre pré e pós tende a desaparecer”, argumenta ele, que enxerga uma mudança no portfólio de produtos das operadoras não só no Brasil como no exterior. “Um serviço como o Netflix é pré ou pós?”. Embora o pagamento pelo serviço de streaming seja feito somente após o uso, não há uma tarifa diferenciada de acordo com o consumo, argumenta ele. O cliente paga o mesmo se assistir a um filme ou a uma centena deles.

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