05/12/2025

Lucro da Vivo sobe 10% no 2T25, mas fluxo de caixa e dívida preocupam

Apesar do lucro de R$ 1,3 bi no 2T25, Vivo enfrenta pressão em caixa livre e aumento da dívida, mesmo com alta nas receitas e base de clientes.

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A Telefônica Brasil, dona da marca Vivo, apresentou nesta segunda-feira (28) os resultados financeiros do segundo trimestre de 2025 (2T25), destacando um desempenho operacional positivo, mas com algumas pressões financeiras que exigem atenção dos investidores. O lucro líquido atribuído à companhia foi de R$ 1,344 bilhão, um crescimento de 10,0% em relação ao mesmo período de 2024.

A receita líquida da empresa avançou 7,1%, atingindo R$ 14,6 bilhões, impulsionada pelos serviços móveis (+7,3%) e pela fibra FTTH (+10,4%). Já o EBITDA, indicador que mede o resultado operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização, cresceu 8,8%, totalizando R$ 5,9 bilhões, com uma margem de 40,5% — uma das mais altas do setor.

Por outro lado, o fluxo de caixa livre recuou 3,5%, ficando em R$ 2,979 bilhões, afetado por fatores não recorrentes e aumento nos pagamentos de leasing. Além disso, a dívida líquida total, incluindo arrendamentos, subiu para R$ 10,7 bilhões, representando 0,4x o EBITDA dos últimos 12 meses, o que pode indicar maior comprometimento de recursos para honrar obrigações futuras.

Móvel impulsiona, mas pré-pago encolhe

O principal motor do crescimento da Vivo no trimestre foi novamente o segmento pós-pago móvel, que registrou faturamento de R$ 8,2 bilhões, uma alta de 10,9% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. A base de clientes pós-pagos também aumentou 7,0%, chegando a 68,5 milhões de acessos, representando agora 66,7% do total de acessos móveis da operadora.

Por outro lado, o pré-pago apresentou queda de 10,6% na receita, reflexo da migração dos clientes para planos pós-pagos e controle, além de menor frequência de recargas. Essa redução não surpreende, dado que o pré-pago hoje representa apenas 14% da receita de serviços móveis e menos de 10% da receita operacional líquida.

No total, a base móvel da Vivo cresceu 1,5%, encerrando o trimestre com 102,5 milhões de acessos. O ARPU (receita média por usuário móvel) foi de R$ 31,1, maior valor já registrado pela empresa, com avanço de 5,1%.

Fibra mantém ritmo forte e Vivo Total ganha destaque

O segmento de fibra (FTTH) continua a ser um dos pilares da estratégia de crescimento da Vivo. A empresa atingiu 30,1 milhões de casas passadas, com um crescimento de 10,2% em relação ao 2T24, e 7,4 milhões de casas conectadas, alta de 12,6%.

A estratégia de convergência, com o produto Vivo Total — que integra serviços de fibra e móvel numa única oferta — mostrou força: foram 2,9 milhões de clientes, um salto de 63,5% em 12 meses. O Vivo Total respondeu por 86,3% das novas adições de fibra nas lojas físicas da operadora.

A companhia também reforçou sua atuação em infraestrutura ao adquirir os 50% restantes da Fibrasil, rede neutra de fibra óptica, somando agora 75,01% do capital. A expectativa é capturar sinergias significativas com essa integração, consolidando a liderança da Vivo no segmento.

Negócios digitais e B2B ganham fôlego

A Vivo vem ampliando seu ecossistema digital e colhendo resultados com novos serviços. O segmento B2B Digital — que inclui soluções de cloud, cibersegurança, IoT, big data e locação de equipamentos — cresceu 31,3% e respondeu por 8,2% da receita total nos últimos 12 meses.

Na frente de consumo (B2C), a operadora contabilizou R$ 793 milhões em receita com serviços de conteúdo (OTTs de vídeo e música), aumento de 24,9%, e 3,7 milhões de assinaturas, alta de 34,5%. A plataforma Vivo Pay, que reúne soluções financeiras como seguros e crédito pessoal, já concedeu mais de R$ 1 bilhão em empréstimos desde seu lançamento.

A receita média mensal por CPF foi de R$ 63,7, uma evolução de 5,2%, indicando maior monetização da base de clientes.

Custos sobem, mas eficiência sustenta margens

O aumento da receita veio acompanhado de elevação nos custos. O custo dos serviços prestados subiu 15,7%, impactado pelo crescimento dos serviços digitais, especialmente no B2B. Já o custo com produtos vendidos recuou 2,3%, refletindo a estabilidade nas vendas de eletrônicos.

Custos operacionais também cresceram 4,9%, puxados por reajustes salariais (+8,8%) e expansão das equipes em áreas estratégicas, como digital e TI. Ainda assim, a empresa conseguiu ampliar a margem EBITDA em 0,6 ponto percentual, chegando a 40,5%.

Investimentos e fluxo de caixa livre em alerta

O Capex (investimentos) totalizou R$ 2,4 bilhões, alta de 4,2%, com foco na expansão do 5G — que já cobre 596 cidades e 64% da população brasileira — e na aceleração da cobertura em fibra.

Apesar disso, o fluxo de caixa livre caiu 3,5%, impactado por antecipações fiscais, maiores desembolsos com leasing e ausência de diferimentos contábeis que favoreceram o resultado no ano passado.

Esse desempenho, embora ainda positivo, acende um sinal de alerta, já que a Vivo terá compromissos crescentes com dividendos e recompras de ações.

Endividamento cresce e pressiona resultados futuros

A dívida bruta, excluindo arrendamentos, subiu 10%, alcançando R$ 5,76 bilhões. Quando se inclui o passivo com arrendamentos e taxas regulatórias (como o FISTEL), a dívida líquida total chega a R$ 10,65 bilhões.

Um dos principais fatores foi o aumento do passivo relacionado à Taxa de Fiscalização de Funcionamento (TFF) da Anatel, cujo não pagamento gerou atualização monetária de R$ 5,8 bilhões. Essa correção contribuiu para uma alta de 96% na despesa financeira do trimestre.

Distribuição de lucros e recompra de ações continuam agressivas

A Vivo manteve sua política de forte remuneração aos acionistas. Até julho de 2025, a empresa distribuiu R$ 5,2 bilhões, sendo R$ 2,25 bilhões em juros sobre capital próprio, R$ 2,0 bilhões em redução de capital e R$ 983 milhões em recompra de ações.

A operadora reafirma o compromisso de distribuir 100% ou mais do lucro líquido aos acionistas até 2026. Em 2024, o payout foi de 105,3%.

ESG e reconhecimento institucional

O relatório com os resultados da Telefônica Brasil no 2T25 também exalta que a Vivo foi eleita a Empresa do Ano na premiação Melhores do ESG da Exame, destacando-se por ações ambientais, sociais e de governança. Entre os destaques, estão a coleta de 29 toneladas de lixo eletrônico, 10 mil voluntários mobilizados no Dia dos Voluntários e iniciativas de diversidade, como a reserva de 50% das vagas de estágio para pessoas negras.

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