
A GSMA, entidade que representa o ecossistema móvel mundial, alertou que a falta de espectro adequado pode comprometer seriamente a implementação global do 6G nas próximas décadas. O aviso foi feito em relatório divulgado recentemente pela associação, que pede ação imediata dos governos para acelerar o planejamento de alocação de frequências para a tecnologia de sexta geração.
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Necessidade de triplicar o espectro
Segundo o estudo “Vision 2040: Spectrum for the Future of Mobile Connectivity“, as redes 6G exigirão até três vezes mais espectro de banda média do que está disponível atualmente. A projeção indica que será necessária uma média global de 2 a 3 GHz de espectro de banda média por país entre 2035 e 2040 para atender às necessidades de capacidade nas áreas urbanas de maior demanda.
Para países com demanda mais elevada, a necessidade será ainda maior: entre 2,5 e 4 GHz de espectro. Atualmente, a maioria das nações possui cerca de 1 GHz destinado à conectividade móvel, o que demonstra a urgência de expansão significativa nas alocações de frequências para evitar gargalos futuros nas redes.
Explosão no tráfego de dados
A GSMA estima que o tráfego móvel global pode atingir entre 1.700 e 3.900 exabytes por mês até 2040, impulsionado por aplicações emergentes como realidade estendida (XR), redes de sensores sem fio, veículos autônomos e serviços alimentados por inteligência artificial. Um exabyte equivale a 1 bilhão de gigabytes.

As áreas urbanas representam o principal ponto de pressão, produzindo 83% do tráfego global apesar de ocuparem apenas 5% da área terrestre. É justamente nessas regiões que a capacidade de banda média se torna um fator crítico para garantir a qualidade da experiência do usuário e evitar congestionamento nas redes 6G.
Prazo para ação governamental
O relatório adverte que os países devem ter pelo menos 2 GHz de espectro de banda média operacional até 2030 para evitar gargalos precoces no 6G. As decisões tomadas agora determinarão se as nações enfrentarão congestionamento, velocidades mais lentas e economias digitais defasadas no futuro próximo.
John Giusti, diretor regulatório da GSMA, destacou que atender a essas necessidades de espectro “apoiará conectividade robusta e sustentável” e ajudará a impulsionar o crescimento econômico de longo prazo. O executivo ressaltou a importância do relatório como guia para governos que buscam atender às necessidades de conectividade de seus cidadãos na próxima década.
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Projeções para 2040
O estudo prevê que até 2040 haverá mais de 5 bilhões de conexões 6G, representando cerca de metade de todas as conexões móveis globalmente. As primeiras ondas de lançamentos comerciais do 6G são esperadas a partir de 2030, lideradas por China, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Europa, países do Golfo Pérsico, Vietnã e Índia.
Apesar do crescimento do 6G, as tecnologias 4G e 5G permanecerão essenciais, com aproximadamente 2 bilhões de conexões 4G e 3 bilhões de conexões 5G ainda em uso em 2040. A GSMA ressalta que, embora as operadoras utilizem o espectro existente de forma mais eficiente e implementem programas de densificação e novas tecnologias como AI-RAN, essas medidas não serão suficientes para atender ao crescimento esperado da demanda.
Urgência das decisões
O alerta da GSMA ganha relevância especial considerando que faltam apenas dois anos para a Conferência Mundial de Radiocomunicações de 2027 (WRC-27), organizada pela União Internacional de Telecomunicações, que decidirá o destino de várias novas bandas de espectro. A associação enfatiza que sem planejamento governamental antecipado, consumidores podem enfrentar conectividade inferior, empresas podem ter dificuldades para adotar novas tecnologias e as economias digitais nacionais podem perder competitividade na transição global para o 6G.
A questão do espectro é fundamental para o desenvolvimento das futuras gerações de redes móveis, e a alocação adequada de frequências determina não apenas a qualidade dos serviços, mas também a capacidade de inovação e competitividade dos países no cenário global.




