05/12/2025

Telefónica pode vender parte da Vivo para bancar expansão na Europa

15 anos depois de comprar a parte da Portugal Telecom na Vivo, a Telefónica pode estar prestes a ganhar um novo grande sócio; entenda.

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A Telefónica, gigante espanhola das telecomunicações, avalia vender até 20% da operação da Vivo no Brasil como parte de uma estratégia para levantar recursos e fortalecer sua atuação no mercado europeu. A informação foi divulgada pelo jornal espanhol El Economista e faz parte de um plano mais amplo da companhia, que também inclui a possibilidade de ampliar seu capital em até 4 bilhões de euros.

Atualmente, a Telefónica detém cerca de 70% da Telefônica Brasil, dona da marca Vivo. Caso avance com a venda, ainda manteria o controle acionário da empresa, uma vez que o percentual restante garantiria uma participação majoritária. A iniciativa tem como principal objetivo financiar a expansão da companhia na Espanha e em outros mercados da Europa, sem aumentar o nível de endividamento.

Segundo a imprensa espanhola, a medida integra uma revisão estratégica conduzida com apoio da consultoria BCG (Boston Consulting Group), e a previsão é que os detalhes sejam apresentados a partir de setembro. A movimentação pode garantir à multinacional recursos da ordem de 3 bilhões a 4 bilhões de euros, montante necessário para disputar ativos considerados estratégicos em seu continente de origem.

Vivo seguiria como peça-chave, mas com menor peso no balanço

Mesmo com a eventual alienação parcial, a Vivo continuaria sendo um dos pilares da Telefónica na América Latina. Contudo, a operação reduziria a exposição do grupo ao real, moeda frequentemente apontada como fonte de volatilidade nos resultados financeiros consolidados. A possível diminuição da participação na subsidiária brasileira também impactaria o volume de dividendos recebidos pela matriz.

Em contrapartida, ao manter ao menos 51% das ações, a Telefónica preservaria o direito de consolidar os resultados da Vivo em seu balanço global. A estratégia, portanto, mira o equilíbrio entre manter presença relevante no Brasil e redirecionar o foco e os investimentos para o ambiente europeu.

A Vivo era dividida entre Telefónica e Portugal Telecom, quando da sua criação em 2001. Mas a Telefónica quis comprar a parte da PT, para então controlar sozinha a operadora de celular. A negociação foi concluída em 2010 por 7,5 bilhões de euros.

Prioridade é o mercado europeu

O movimento da Telefónica ocorre em meio a uma série de desinvestimentos na América Latina. Nos últimos anos, a empresa vendeu operações em países como Argentina, Uruguai, Peru, Equador e Colômbia. Atualmente, mantém operações apenas no Brasil, Chile, México e Venezuela — mercados que também podem entrar na lista de alienações futuras, de acordo com analistas.

A guinada rumo à Europa tem sido reiterada pelo CEO Marc Murtra, que assumiu recentemente o conselho de administração da companhia. Em declarações públicas, Murtra deixou claro que a prioridade da nova gestão será o Velho Continente, reforçando a necessidade de consolidação para garantir ganhos de escala.

“Europa, Europa e Europa” foi o lema usado por Murtra ao assumir o cargo, enfatizando a intenção de disputar espaço com concorrentes locais e acelerar processos de fusão e aquisição.

Um dos movimentos em curso é a análise sobre uma possível oferta pela Vodafone, controlada pelo grupo britânico Zegona. No entanto, o valor da operação — que supera os 11 bilhões de euros — representa um desafio significativo, o que torna ainda mais importante a captação de recursos por meio de venda de ativos ou aumento de capital.

Ampliação de capital tem apoio dos principais acionistas

Além da venda parcial da Vivo, a Telefónica considera um aumento de capital como alternativa para garantir os recursos necessários à sua estratégia de expansão. A última vez que a empresa adotou essa medida de forma relevante foi em 2015, quando captou fundos para adquirir a GVT, no Brasil.

De acordo com o El Economista, os três maiores acionistas individuais da Telefónica já sinalizaram apoio à ideia. São eles: a estatal espanhola SEPI (Sociedade Estatal de Participações Industriais), o banco de investimentos Criteria Caixa e a operadora saudita STC (Saudi Telecom Company). Juntos, eles detêm cerca de 30% do capital da companhia.

Expectativa é de anúncio oficial até setembro

Até o momento, a Telefônica Brasil não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. A expectativa é de que o plano estratégico completo seja apresentado até setembro, com todos os possíveis cenários e justificativas detalhadas.

Enquanto isso, o mercado observa com atenção os desdobramentos, especialmente no Brasil, onde a Vivo lidera com folga o segmento de telefonia móvel e é uma das marcas mais fortes do setor de telecomunicações.

Seja por meio da venda de uma fatia da Vivo ou pela emissão de novas ações, a Telefónica deixa claro que seu olhar está voltado para a Europa — e que está disposta a reconfigurar sua presença global para concretizar esse objetivo.

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