
Uma série de avaliações negativas no Google está colocando em xeque a reputação da loja da operadora Vivo localizada no North Shopping Jóquei, em Fortaleza. Vários consumidores relatam que avaliações positivas publicadas em seus nomes no buscador foram feitas sem autorização.
As acusações sugerem que os próprios atendentes da loja estariam utilizando os celulares dos clientes para escrever elogios sobre o atendimento – o que, além de antiético, pode configurar violação de privacidade.
A denúncia ganhou força após a usuária “@danafortal” compartilhar em sua conta no Threads uma experiência inusitada. Segundo o relato, ela foi atendida normalmente na loja, mas, minutos após sair do local, recebeu um e-mail de confirmação de uma avaliação no Google que ela garante não ter feito.
A suposta avaliação elogiava uma atendente chamada Vladia, sendo que, de acordo com a consumidora, quem a atendeu foi um homem.
“Eu não fiz avaliação nenhuma. Como eles postaram no meu nome?”, questionou. Após contatar a gerência da loja, ela afirma que o próprio vendedor confessou ter usado o aparelho dela para fazer a avaliação. O caso gerou indignação. “Tô besta que essa prática é feita e deve até ser incentivada pela loja. Não é possível”, desabafou.
Ver no Threads
A situação não parece ser isolada. Após a exposição do caso, diversos usuários passaram a relatar situações semelhantes na própria página da loja no Google. Comentários recentes denunciam uma suposta prática recorrente de funcionários pegarem os celulares dos clientes sob o pretexto de configurar algum serviço, e nesse momento aproveitarem para deixar uma avaliação positiva.
A consumidora Sandra Silveira classificou o local com apenas uma estrela e afirmou: “As avaliações são FALSAS! São feitas pelos próprios funcionários da loja no momento em que estão supostamente configurando algo no celular do cliente.”
Já a usuária Escárlate Vieira escreveu: “Preocupou-me imenso saber que os atendentes usam os telefones dos clientes para avaliarem bem seu próprio atendimento, sem o consentimento dos tais.”
Outro comentário aponta: “Os vendedores dessa loja usam os perfis dos clientes para dar avaliação positiva para eles mesmos. Completamente antiético e ridículo esse comportamento”, disse Viih Sampaio. A avaliação de Oliv3irah vai além: “Observem o padrão dos comentários, praticamente iguais, elogiando a loja e o atendente. Isso é crime.”
A nota da loja no Google permanece alta, com média de 4,9 estrelas baseada em mais de 2 mil avaliações, mas a enxurrada de críticas recentes levanta dúvidas sobre a veracidade de muitos desses elogios.

A prática, se confirmada, pode não só manchar a imagem da operadora como também configurar infrações legais. Segundo especialistas, usar dispositivos de terceiros sem consentimento para publicações é uma violação de privacidade e pode ser enquadrado em crimes digitais.
Até o momento, a Vivo não se pronunciou oficialmente sobre o caso. A prática também contraria as diretrizes do Google, que exige que avaliações sejam espontâneas, autênticas e feitas diretamente pelo usuário, sem coerção ou manipulação.

Coincidência ou não, o Google Maps disparou um e-mail para todos os Local Guides (pessoas que costumam colaborar com o serviço) nesta quinta-feira, 15. Na mensagem, a empresa reforçou três pilares para escrever avaliações realmente úteis para a comunidade:
- Honestidade em primeiro lugar
Compartilhe sua experiência real. Não faça posts em troca de pagamento, oferta ou desconto, nem se você tiver conflito de interesses, como trabalhar na empresa. - Foque no que interessa
Pense em quais detalhes as pessoas precisam saber antes de visitar determinado local. Evite fazer posts que não têm relação com sua experiência pessoal, como opiniões que você ouviu de outras pessoas. - Respeito acima de tudo
Mesmo que sua experiência não tenha sido ideal, compartilhe os detalhes para que outras pessoas decidam se querem conhecer o local. Comentários específicos e adequados são mais úteis do que reclamações acaloradas. Nenhum tipo de assédio é permitido.
Se as denúncias se mantiverem, pode ser que o caso resulte em investigações por parte de órgãos como o Procon e até mesmo o Ministério Público. Para muitos consumidores, fica o alerta: é importante redobrar a atenção ao entregar o celular a terceiros, mesmo que durante um atendimento técnico.