27/04/2024

Carros 5G: há muitos benefícios, mas é necessário ponderar

Especialistas colocam na balança os pontos positivos e negativos dos avanços automobilísticos de um carro com 5G.

Os carros 5G serão benéficos, mas ainda é necessário ponderar sobre esse assunto, dizem especialistas. Com a nova geração de redes móveis e banda larga substituindo o 4G, a expectativa é que os carros poderão se comunicar não apenas entre si, mas também com semáforos, cartões de crédito, oficinas e até mesmo pizzarias.

Carro 5G

E então, acredita-se que tudo isso acontecerá em uma velocidade sem precedentes, combinando big data, inteligência artificial e Internet das Coisas (IoT), permitindo que os faróis fiquem verdes para garantir que sua pizza chegue quente em casa. 

Empresas de carros destacam benefícios e ponderam outros pontos em relação a conexão 5G

Já se sabe que os dispositivos conectados ao 5G processam e reagem a dados quase instantaneamente devido à baixa latência da rede, o que significa um tempo de resposta ainda mais rápido. Saiba mais.

Jaime Gil, diretor de serviços conectados da GM América do Sul, falou ao site Auto Esporte, sobre alguns dos benefícios que os carros terão quando estiverem aliados ao 5G.

“Com relação aos carros autônomos, graças à conexão 5G e sua interligação com os demais equipamentos e veículos via IoT será possível prever situações que podem causar acidentes e evitá-las, assim como desviar de pontos de congestionamento e vias interditadas. O tráfego ficará muito mais seguro e rápido. Com isso, haverá mais tempo para que os passageiros possam se dedicar a atividades de trabalho ou lazer dentro do veículo”.

Recentemente, a Ford anunciou a suspensão do projeto Argo AI, uma parceria com a Volkswagen e a Lift para desenvolver veículos autônomos de nível 4, ou seja, capazes de se deslocar sem intervenção humana. 

A falta de escala foi apontada como uma das principais dificuldades pela fabricante. Reconhecendo que a jornada para um modelo de negócios lucrativo será longa, a Ford redirecionou seu foco para projetos de veículos autônomos de nível 2 e 3, que ainda exigem a presença do motorista.

Parece que a tão esperada viagem ao futuro, com carros autônomos que se comunicam entre si, vai levar mais tempo do que o esperado. A Ford já percebeu que, além das dificuldades de desenvolvimento em si, a falta de infraestrutura nas cidades ainda é uma questão central.

Embora tenha recentemente firmado parceria com o Google para desenvolver inovações em serviços digitais, por enquanto a montadora continuará focando em sistemas de monitoramento inteligente, tecnologias de controle remoto do veículo e visualização do status de agendamento de serviços, conhecido como “FordPass”.

A adoção da comunicação máquina a máquina com a chegada do 5G trará amplos benefícios para a indústria automotiva. Especialistas estimam que os impactos dessa tecnologia comecem na linha de montagem, tornando a produção de carros mais rápida, econômica e eficiente. 

A conectividade inteligente tem como objetivo melhorar a segurança, reduzir a poluição e até mesmo diminuir o preço do seguro automotivo.

Além disso, a Internet das Coisas (IoT) também irá contribuir para os processos produtivos. Na General Motors, por exemplo, já estão sendo implantados métodos e equipamentos alinhados com os princípios da indústria 4.0, como integração de máquinas, software, IoT, computação em nuvem e robótica. 

A fábrica de São Caetano do Sul, em São Paulo, onde é produzida a nova Montana, é um exemplo de manufatura 4.0 com a aplicação da IoT, como conta Jaime.

Segurança de dados e privacidade é um ponto a ser observado

A promessa de uma mudança na forma como pensamos sobre o transporte como um todo é que teremos experiências de direção mais rápidas, eficientes, seguras e com redução de congestionamentos. 

No entanto, como acontece com qualquer nova tecnologia, a privacidade e segurança dos dados são preocupações importantes. Para abordar essa questão, a ISO 21.434 foi criada em 2020, fornecendo diretrizes e requisitos para o desenvolvimento seguro de sistemas eletrônicos em carros conectados.

Rodolfo Avelino, professor de tecnologias hackers, cibersegurança e computação em nuvem do Insper, destaca que não é possível garantir a segurança completa de uma frota de veículos conectados em rede, devido às vulnerabilidades dos equipamentos de hardware e software instalados nos automóveis. Seguir as diretrizes da ISO 21.434 pode ajudar a mitigar problemas de segurança, mas a garantia de plena segurança é impossível. Avelino afirma: 

“Hoje, não é possível falar em uma rede de comunicação 100% infalível”.

Recentemente, uma equipe de hackers invadiu um Tesla Model 3 durante uma conferência de Hackers no Canadá. Em menos de dois minutos, os hackers acessaram o sistema de entretenimento do carro e trocaram o logo da Tesla pelo da empresa de cibersegurança para a qual trabalham, a Synacktiv.

Durante uma competição de hackers, em apenas dez minutos, a equipe conseguiu acessar os sistemas de um carro três vezes, chegando a pontos críticos como abrir o porta-malas enquanto o veículo estava em movimento. 

Eles ganharam US$ 350 mil pela façanha, mas isso pode ter deixado Elon Musk, o chefe, desapontado. A vulnerabilidade dos sistemas de carros conectados é um desafio, já que muitos deles utilizam protocolos de internet com vulnerabilidades conhecidas. 

Além disso, a infraestrutura adequada para carros conectados ainda é um obstáculo no Brasil, onde muitas estradas e rodovias não têm cobertura celular completa. No entanto, especialistas afirmam que o país está caminhando nessa direção.

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