20/04/2024

Presidente da Anatel comenta sobre os dilemas para o 5G no Brasil

Presidente da agência reguladora diz que será preciso optar pela performance ou por mais operadoras disputando o mercado 5G.

O tempo passa e a realidade do 5G no Brasil torna-se mais
complicada. Além da própria perspectiva das operadoras sobre a tecnologia chegar ao nosso país a partir de 2021, uma entrevista recente do presidente da
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Leonardo de Morais, deixa bem claro os dilemas da agência reguladora em
relação a o que priorizar para implantar o 5G no Brasil: performance ou
competitividade de mercado.
Leonardo de Morais, presidente da Anatel.
Em entrevista ao UOL o executivo da Anatel deixou bem claro que são dois caminhos distintos que podem ser adotados: Nós só temos um desafio, um trade off [conflito de escolha], que é entre competição e eficiência espectral. Essa questão da eficiência espectral se refere a licitação da banda, a divisão do lote para as operadoras.


No Brasil o 5G irá operar na faixa dos 3,5 GHz (3400 Mhz a 3600 MHz), aprovado no início de novembro. Essa escolha está em sintonia com outros países do mundo como Coreia do Sul, que fez o leilão do espectro em julho. Atualmente está disponível 200 MHz de banda livre para as operadoras, sendo que o recomendado para que o 5G funcione de maneira adequada são 100 MHz de banda para cada operadora, o que reduziria o mercado a dois players, olhando por uma perspectiva em que a eficiência do serviço é mais importante.

Porém há o outro lado, a competitividade, em que mais operadoras possam oferecer o serviço nas condições atuais de banda disponível. Por esse panorama as possibilidades da Anatel seriam as seguintes:

Três faixas: uma de 80 MHz e outras duas de 60 MHz – cenário em que três operadoras poderiam vencer o leilão.
Quatro faixas: de 50 MHz – cenário em que as atuais operadoras grandes do Brasil (Vivo, TIM, Claro e Oi) poderiam se beneficiar no leilão, entrando no jogo do 5G, porém em contrapartida o serviço teria certas limitações.
“Conforme diminuímos os blocos, privilegiamos a competição, mas reduzimos a eficiência espectral”, pontua Moraes.
Esse cenário mais pluralizado de quatro faixas de 50 MHz não agrada Lucas Gallitto, diretor de políticas públicas da GSMA para América Latina, que no mês passado citou exemplos de outros países em que a banda disponível para distribuição é mais generosa, como o caso da Colômbia – 400 MHz (3.3 GHz a 3.7 GHz) e Argentina – 300 MHz (3.3 GHz a 3.6 GHz). No Brasil é preciso lembrar que essa faixa, dos 3,5 GHz, é ocupada pelo serviço TVRO (TV parabólica em banda C satelital), altamente representativa no país.

Uma alternativa, na visão do presidente da Anatel seria fazer um leilão conjunto, do 5G e do 4G. “Quando coloco [em leilão] um conjunto maior de espectro, eu dou diferentes perspectivas aos players. Quem entrar nos 2,3 Ghz estaria consolidando suas operações no 4G ou no 4,5G. Quem entrar no 3,5 Ghz estaria olhando sua perspectiva no 5G.

E o leilão? Vai rolar quando?

Enquanto alguns países já realizaram o leilão para o 5G o Brasil ainda está num processo truncado. O presidente da Anatel diz que o leilão deve acontecer apenas no fim de 2019 ou primeiro trimestre de 2020. 

O fator ecossistema 5G pesou na escolha fazer o leilão acontecer apenas 2019 e 2020. Hoje não existe um ecossistema maduro para o 5G, sobretudo os celulares. Ainda que existam estações de radiofrequência (antenas de celular), não existem aparelhos”, declara Leonardo Euller.

Mesmo com tantos passos importantes a serem tomados o presidente da Anatel mantém o otimismo em relação a operação da tecnologia no país. 
“Se o 4G mudou a vida das pessoas, o 5G vai revolucionar a forma como nós vivemos e produzimos (…) O Brasil vai estar na vanguarda desse processo”.

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