25/03/2024

Zuum espera conquistar 200 mil clientes este ano

A MFS, joint-venture formada no ano passado entre a Telefónica|Vivo e a MasterCard para pagamentos móveis, apresentou em São Paulo nesta terça-feira (14) o Zuum (apresentamos o serviço na matéria que pode ser encontrada aqui). A conta ligada a uma linha pré-paga tem como objetivo atingir a população desbancarizada do País, principalmente das classes D e E, munindo-os com a possibilidade de realizar transferências, pagamentos e recargas pelo celular.

A companhia realizou uma pesquisa com 200 pessoas nas regiões de São Paulo e Salvador a fim de elaborar um personagem para representar seu público-alvo. De renda mensal fixa baixa (R$ 400) proveniente do trabalho de porteiro do companheiro, a persona criada é a diarista Adriana, responsável pela administração das finanças. O complemento vem do pagamento de seu trabalho ocasional de limpeza, recebido em dinheiro. Assim, está sujeita a flutuações semanais dos recebíveis e ainda conta com incrementos e empréstimos de, e para, vizinhos ou familiares, em uma complexa “teia” de relações financeiras.

“Estamos pedindo permissão para inserir o Zuum nessa ‘teia’, porque assim acreditamos que vamos atender o desejo por um serviço com conveniência, rapidez e tecnologia. O mais importante é que o celular já está presente entre as pessoas de baixa renda, não estamos forçando uma adesão”, defende o CEO da MFS, Marcos Etchegoyen. Para o executivo, essas pessoas têm desejo de inclusão social e de status. “Temos que entender que, para essas classes, o celular não é apenas um meio de comunicação, é status e entretenimento”.

Até o fim do ano, a MFS espera atingir 200 mil clientes ativos e até 600 mil transações por mês. Hoje, a base de clientes pré-pagos da Vivo é de 56 milhões de linhas, cujos titulares desbancarizados representam de 25% a 30%. Com operação desde novembro do ano passado, a joint-venture já disponibiliza o serviço nas cidades de Osasco, Sorocaba, Mogi das Cruzes, Jundiaí e Guarulhos, em São Paulo, seguindo para Belo Horizonte, em Minas Gerais. A partir do ano que vem, o serviço inicia a expansão de modo a atingir cobertura nacional até o fim de 2014.

O depósito em dinheiro na conta Zuum é feito nos postos de recarga Vivo. As transações, por sua vez, são realizadas pelo celular comum pela tecnologia USSD (sigla em inglês para dados de serviço suplementar não estruturados), em mensagens SMS. Vinculado à conta, o cliente tem a opção de comprar um cartão para compras no débito, aceito em 1,8 mil estabelecimentos da rede Cirrus.

A fim de atingir uma parcela da população com renda extremamente baixa, o apelo é a ausência de pagamento de assinaturas para manutenção da conta. Os serviços serão taxados pelo uso unitário. Por enquanto, estão disponíveis a transferência entre contas Zuum e a aquisição do cartão plástico, que custam R$ 0,99 e R$ 14,90, respectivamente. O apelo para aceitação das tarifas é converter esses gastos em bônus de minutos para ligações no celular. “No caso do cartão, para estimular o ingresso dos clientes, o bônus em ligações será creditado em dobro até o fim do ano”, explica Etchegoyen. Todas as informações de histórico, extrato e comprovantes serão mantidas em SMS no próprio aparelho. O cartão pode ser utilizado para saques em caixas eletrônicos da rede Cirrus e Banco 24 Horas, ao custo de R$ 6,90 por operação.

A MFS não revelou as instituições responsáveis por manter as quantias em dinheiro em contas individuais de cada cliente. Etchegoyen afirma que são “bancos das maiores redes do País”. A companhia estabeleceu limites para controlar o uso apenas por pessoas físicas das classes estabelecidas, R$ 2.700 de saldo e R$ 1.000 em transferências únicas.
Até agosto, a Vivo pretende disponibilizar o acesso às informações da conta por meio do site, bem como a criação de contas Zuum jurídicas. Quando esse serviço estiver pronto, será possível também receber depósitos bancários da rede financeira tradicional. Outros produtos futuros incluem o pagamento de contas de água, luz e TV a cabo por meio do envio de mensagens no celular informando o código do cliente, ao custo de R$ 2,90 por operação.

Além disso, a MasterCard está trabalhando nos sistemas para permitir que os titulares dos cartões plásticos os utilizem para a compra em lojas virtuais. “Não podemos subestimar o uso da Internet por essa fatia da população. Eles já estão inseridos no meio online, até mesmo por intermédio de familiares ou vizinhos”, expõe o executivo. Está prevista também para o fim deste ano a criação de aplicativos para iOS, Android e Windows 8. “Não queremos substituir nenhuma conta bancária. Apenas o dinheiro em papel.”
Vale lembrar que a Vivo não é a única operadora a apostar nesse tipo de serviço. A Oi anunciou esta semana lançamento similar, o “Oi Carteira”, em parceria com Cielo e Banco do Brasil (conforme divulgamos aqui). Claro e Bradesco também trarão algo do gênero em breve. E o serviço está igualmente nos planos da TIM.

Enquanto o mercado corre, a regulamentação tarda. Banco Central e Ministério das Comunicações ainda não definiram as regras específicas para pagamentos móveis. O assunto se arrasta há meses em Brasília e depende de aprovações dentro do governo e no congresso.
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