
A Paramount lançou nesta segunda-feira (8) uma oferta hostil de US$ 108,4 bilhões para adquirir a Warner Bros. Discovery, dias após a gigante do streaming Netflix anunciar um acordo de US$ 82,7 bilhões para comprar parte da empresa. A proposta de US$ 30 por ação em dinheiro foi apresentada diretamente aos acionistas da Warner, em uma tentativa de derrubar o negócio com a Netflix e consolidar um dos maiores estúdios de Hollywood.
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Oferta superior à da Netflix
A oferta da Paramount representa US$ 18 bilhões a mais do que a proposta da Netflix, que ofereceu US$ 27,75 por ação em uma combinação de US$ 23,25 em dinheiro e US$ 4,50 em ações. Além disso, enquanto a Netflix pretende adquirir apenas os estúdios de Hollywood e o negócio de streaming (incluindo HBO e HBO Max), a Paramount quer comprar a Warner Bros. Discovery por completo, incluindo a divisão de TV com canais como CNN, TBS e TNT.

David Ellison, CEO da Paramount, criticou o conselho da Warner por perseguir uma proposta inferior que expõe os acionistas a uma mistura de dinheiro e ações, além de um futuro incerto para o negócio de TV a cabo e um processo regulatório desafiador. Ellison afirmou que a oferta da Paramount é superior à da Netflix em todas as dimensões e oferece um caminho mais rápido e certo para a conclusão do negócio.
Apoio financeiro internacional
A proposta da Paramount conta com apoio financeiro robusto, incluindo US$ 24 bilhões de fundos soberanos da Arábia Saudita, Qatar e Abu Dhabi. A operação também tem suporte da Affinity Partners, empresa de investimentos de Jared Kushner, genro do presidente Donald Trump, e da gigante chinesa Tencent, que comprometeu US$ 1 bilhão. Além disso, há US$ 54 bilhões em compromissos de dívida do Bank of America, Citi e Apollo Global Management.
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Histórico de tentativas de aquisição
Esta não é a primeira tentativa da Paramount de adquirir a Warner Bros. Discovery. Desde setembro, David Ellison apresentou diversas ofertas, começando com US$ 19 por ação e aumentando gradualmente até os atuais US$ 30 por ação. Todas as propostas anteriores foram rejeitadas pelo conselho da Warner, que acabou escolhendo a Netflix como compradora na sexta-feira passada.
Desafios regulatórios e multas contratuais
A guerra pela Warner Bros. Discovery se estendeu por meses, com Paramount, Netflix e Comcast competindo pelos ativos da empresa. O acordo da Netflix já levanta preocupações antitruste significativas, uma vez que combinaria duas das plataformas de streaming mais populares do mercado. O próprio presidente Donald Trump comentou que o negócio “poderia ser um problema” devido ao tamanho da participação de mercado das empresas combinadas.
Uma possível fusão entre Warner Bros. Discovery e Paramount provavelmente enfrentaria questionamentos regulatórios semelhantes, embora a Paramount argumente que sua oferta pode ser concluída em até 12 meses, comparado aos 12 a 18 meses projetados pela Netflix. A proposta garante ainda que os fundos do Oriente Médio e a Affinity Partners não terão direitos de governança ou representação no conselho, evitando assim a jurisdição do CFIUS, o comitê governamental que analisa investimentos estrangeiros.
O acordo entre Netflix e Warner Bros. Discovery prevê uma multa rescisória de US$ 5,8 bilhões caso o negócio não se concretize, enquanto a Warner teria que pagar US$ 2,8 bilhões à Netflix se o acordo for cancelado. Agora, com a oferta hostil da Paramount indo diretamente aos acionistas, a batalha pelo controle de um dos estúdios mais icônicos de Hollywood promete se arrastar ainda mais.
A Paramount alega que o conselho da Warner está baseando sua recomendação do negócio com a Netflix em uma avaliação ilusória da divisão de TV (que seria chamada Discovery Global), estimando seu valor em apenas US$ 1 por ação, enquanto a Warner avalia entre US$ 3 e US$ 4 por ação. A empresa também enviou uma carta à Warner questionando o processo de venda e alegando que houve predeterminação da Netflix como vencedora.





