
A Amazon detectou nos Estados Unidos, um infiltrado da Coreia do Norte em sua equipe de TI após notar um atraso de digitação de 110ms que revelou o financiamento ilícito do regime de Pyongyang. O caso, detalhado pelo chefe de segurança Stephen Schmidt, mostrou como agentes estrangeiros utilizam identidades falsas e infraestruturas remotas para burlar sanções internacionais, infiltrando-se em gigantes da tecnologia para desviar recursos financeiros para o programa de armas norte-coreano.
Leia mais:
- Novo golpe no WhatsApp usa falso post do Facebook para invadir contas sem senha
- Sua TV box pode ser uma arma digital? Brasil lidera ataques DDoS globais
- GSMA aponta que regras fragmentadas de cibersegurança pressionam operadoras e ampliam ameaças
O rastro digital que traiu o agente
A detecção ocorreu através de uma análise técnica minuciosa da latência dos comandos enviados ao servidor central da companhia em Seattle. Enquanto um trabalhador baseado em solo americano apresenta um atraso de resposta entre 20 e 50 milissegundos, o suspeito registrava constantes 110 milissegundos em suas tarefas de rotina. Esse pequeno “gaguejo digital” foi o sinal de alerta necessário para que a gigante do varejo iniciasse uma investigação profunda sobre a verdadeira origem do colaborador contratado.
Ao investigar o tráfego de rede, a equipe de segurança descobriu que o laptop fornecido pela companhia estava sendo controlado remotamente a partir da Ásia, com rastros que levavam até a China. Esse método faz parte de um esquema conhecido como “fazendas de laptops”, onde cúmplices locais recebem os equipamentos e permitem o acesso externo de agentes para mascarar sua localização real. O suspeito atuava como administrador de sistemas, mas foi removido antes de acessar dados sensíveis.
Uma rede de infiltração em escala industrial
Este incidente não é um caso isolado dentro da estrutura da Amazon, mas sim parte de um esforço coordenado de espionagem cibernética. Segundo Schmidt, a empresa já barrou mais de 1.800 tentativas de contratação ligadas à Coreia do Norte desde abril de 2024. O volume de ataques cresceu cerca de 27% a cada trimestre deste ano, evidenciando uma estratégia agressiva para infiltrar especialistas em tecnologia e desviar salários vultosos, ajudando a manter a economia do país sob sanções.
Além do atraso técnico, a Amazon identificou padrões suspeitos nos currículos desses candidatos durante as análises posteriores da equipe de RH. Muitos alegam ter estudado nas mesmas instituições de ensino ou citam experiências em consultorias internacionais que são propositalmente difíceis de verificar. Outro detalhe mencionado por Schmidt é a dificuldade desses infiltrados com nuances do idioma inglês e termos técnicos específicos, o que acionou alertas adicionais de comportamento.
Quer acompanhar tudo em primeira mão sobre o mundo das telecomunicações? Siga o Minha Operadora no Canal no WhatsApp, Instagram, Facebook, X e YouTube e não perca nenhuma atualização, alerta, promoção ou polêmica do setor!
O financiamento de armas e crimes cibernéticos
O objetivo principal dessas operações é contornar sanções econômicas globais e gerar receita em moeda estrangeira para o regime norte-coreano de forma direta. Estima-se que apenas um esquema de “fazenda de laptops” descoberto anteriormente tenha gerado cerca de 17 milhões de dólares em receitas ilícitas para o país. Em 2025, os crimes cibernéticos da nação atingiram um recorde de 2 bilhões de dólares, servindo como base financeira para o desenvolvimento militar e de mísseis balísticos.
Um caso emblemático citado nas investigações envolveu uma mulher do Arizona que foi condenada a mais de oito anos de prisão por ajudar centenas de norte-coreanos. Ela atuava como ponte técnica, recebendo dezenas de laptops corporativos em sua residência e facilitando o acesso remoto dos infiltrados a partir do exterior. Na Amazon, o suspeito detectado pela lentidão do teclado foi removido dos sistemas em poucos dias, garantindo que a infraestrutura crítica permanecesse protegida.
O futuro da segurança corporativa e o modelo zero trust
O caso do infiltrado norte-coreano na Amazon acendeu um alerta vermelho sobre a fragilidade dos processos tradicionais de contratação no regime de trabalho remoto. Para mitigar esses riscos, especialistas e líderes de segurança estão redesenhando as defesas corporativas com foco em tecnologias de monitoramento técnico contínuo.
As principais estratégias que definem o futuro da segurança e o modelo Zero Trust:
- Implementação da Arquitetura Zero Trust: Adoção de um modelo de “confiança zero”, onde nenhum usuário é considerado seguro por padrão, exigindo autenticação rigorosa para cada nível de acesso.
- Análise de Biometria Comportamental: Monitoramento de padrões únicos do usuário, como o ritmo de digitação e a entropia nos movimentos do mouse, que servem como uma impressão digital digital.
- Vigilância de Latência e Redes: Uso de ferramentas para detectar atrasos mínimos na transferência de dados e análise de IP para identificar o uso de proxies ou conexões satelitais suspeitas de longa distância.
- Verificação de Identidade em Múltiplas Etapas: Reforço no funil de contratação com checagens de antecedentes mais profundas e entrevistas por vídeo analisadas para detectar inconsistências de áudio.
- Forense Digital e Auditoria de Dispositivos: Auditoria constante dos equipamentos fornecidos para identificar softwares de controle remoto não autorizados ou tentativas de exfiltração de dados em massa.




