
A Amazon tem vivido um momento diferente. Em vez apenas de registrar lucros em mais um período de Black Friday, a empresa está lidando com pressões vindas de 30 países.
Greves e atos públicos têm marcado a edição mais abrangente da campanha Make Amazon Pay, iniciativa que cobra da empresa medidas em três frentes: condições de trabalho, justiça fiscal e meio ambiente.
“As metas não param nem quando alguém desmaia”
Nos bastidores da logística, trabalhadores relatam uma rotina exaustiva. Em armazéns da empresa, especialmente na Ásia, relatos indicam calor insuportável, metas inalcançáveis e punições rigorosas.
Neha Singh, funcionária em Manesar, na Índia, conta que os galpões chegam a parecer “fornalhas”. Segundo ela, desmaios não interrompem as exigências e, se alguém falta por três dias, o risco de demissão é real. Casos como o dela se repetem em outros países.
Crescimento acelerado, responsabilidade em dúvida
Hoje, a atuação da Amazon vai muito além do varejo. Ela fornece serviços de armazenamento em nuvem, inteligência artificial e infraestrutura digital para governos e empresas. Esse crescimento, segundo os manifestantes, não veio acompanhado de transparência ou compromisso social.
Organizações ligadas ao movimento acusam a empresa de ter apoiado governos que, supostamente, fragilizam leis trabalhistas e ambientais. Em troca disso, em caso de eleição a empresa seria beneficiada no assunto.
Impactos ambientais e cortes fiscais
O funcionamento dos data centers da Amazon, muitos de grande porte, exige um volume expressivo de energia e água. Ambientalistas envolvidos nos protestos afirmam que a empresa pouco investe em compensações, mesmo diante do impacto que causa.
Outro ponto central é a tributação. Relatórios recentes apontam que a Amazon teria pago cerca de US$ 1,4 bilhão a menos em impostos em relação ao ano anterior. Um dado que, segundo os ativistas, escancara uma estrutura fiscal desigual.
Mobilizações em todos os continentes
Na Alemanha, houve paralisações lideradas pelo sindicato ver.di. Nos Estados Unidos, manifestantes criticam acordos entre a Amazon e órgãos de imigração. Ações também ocorreram no Brasil, Reino Unido, Espanha, África do Sul, Nepal e outros.
Além dos protestos presenciais, o movimento apostou em projeções visuais e mobilizações online. A ideia é ampliar o alcance das críticas para além das portas dos centros de distribuição.
O que querem os organizadores
A campanha Make Amazon Pay cobra três compromissos básicos:
- Pagamento justo para os trabalhadores;
- Cumprimento de obrigações fiscais nos países onde atua;
- Medidas concretas contra os danos ambientais associados às suas operações.
Grupos ligados ao movimento afirmam que, com a expansão da automação, essas demandas ganham ainda mais urgência.
Para eles, o avanço tecnológico não pode justificar a redução de empregos nem o abandono da responsabilidade social.




