14/05/2024

Importações da China podem levar a falência de fábrica de fibra óptica no Brasil

Empresa que comanda fábrica de fibra óptica instalada no Brasil reclama da concorrência que está havendo com o mercado da China.

A empresa italiana Prysmian, proprietária da única fábrica completa de fibras ópticas na América Latina em Sorocaba (SP), anuncia que fechará a unidade em dois meses se o governo Lula não intervir contra as importações da China.

O CEO da Prysmian no cone Sul, Raul Gil Boronat, afirma que a empresa enfrenta dificuldades há dois anos devido às práticas chinesas que considera abusivas, e que não há perspectivas de recuperação.

A companhia realizou demissões temporárias no final do ano passado, esperando uma melhora no mercado, mas a situação deteriorou-se. O diretor Boronat declarou que, se não houver melhora nos próximos dois meses, a fábrica fechará em julho. Atualmente, o custo de um quilômetro de fibras importadas da China é de US$ 2,50, em comparação com os US$ 6 da fibra produzida pela Prysmian no Brasil.

Em janeiro de 2019, as fibras chinesas eram vendidas por mais de US$ 7 no mercado, mas durante a pandemia caíram para US$ 3. Ao longo de 2022, os preços permaneceram acima de US$ 4 e começaram a cair a partir de setembro do mesmo ano. Os diretores da empresa atribuem essa queda aos altos estoques das empresas asiáticas e aos subsídios do governo chinês.

Recentemente, países como EUA, México e França aumentaram tarifas para proteger suas indústrias, levando fabricantes chineses a buscar mercados sem barreiras, como o brasileiro. No Brasil, a alíquota de importação caiu de 14% para 9% em dois anos, enquanto no México subiu para 35%. Emerson Tonon, CEO da Prysmian no Brasil, destaca a importância da competição justa e da necessidade de investimentos para expandir a produção local de fibra óptica.

“O que queremos é uma concorrência de forma correta. Se tivermos a diferenciação tributária que a maioria do mundo tem, vai nascer a necessidade de investimentos para aumentar a nossa produção de fibra óptica”.

A empresa está buscando apoio do governo para questões relacionadas à defesa comercial e aumento de tarifas, especificamente através de pedidos de antidumping e da inclusão na Lista de Exceções da Lei de Informática e Telecomunicações (Lebit).

Em junho de 2023, as empresas Prysmian, Cablena e Furukawa denunciaram ao governo práticas abusivas por parte da China nas exportações de cabos ópticos entre 2021 e 2022. Desde então, o governo iniciou investigações para verificar subsídios e realizou várias reuniões nos ministérios de Ciência e Tecnologia e Indústria, mas sem avanços significativos.

A companhia protocolou um novo processo antidumping na Secex contra empresas chinesas, desta vez incluindo investigação sobre a fibra óptica, matéria-prima principal. A diretora jurídica, Inaiê Reis, expressou preocupação com a dependência do país da China nesse setor, contradizendo a política governamental de fortalecer a indústria nacional de tecnologia.

“O país ficará refém da China em fibra óptica. Isso é totalmente contra a política do governo, que quer valorizar a indústria tecnológica nacional”.

No último mês, o deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP) se envolveu na pressão contra os subsídios chineses, buscando agilidade do governo. Ele organizou reuniões com o secretário-executivo do Ministério da Indústria, Márcio Elias Rosa, para discutir o assunto. Lippi expressou preocupação com a demora nas investigações de pedidos de antidumping e contra os subsídios, feitos em outubro de 2022, que levaram pelo menos sete meses para serem iniciadas.

O Ministério da Indústria afirmou que os pedidos de defesa comercial são sigilosos e só são divulgados quando as investigações são iniciadas.

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