05/04/2024

O que dizem as operadoras sobre o desligamento das redes 2G e 3G?

TIM, Vivo, Claro e Oi apresentaram suas opiniões, como parte da tomada de subsídios realizada pela Anatel, sobre o desligamento das redes.

A TIM, Vivo, Claro e Oi, como parte da tomada de subsídios sobre o desligamento 2G/3G realizada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), apresentaram à agência suas opiniões sobre o assunto. Cada uma traz pontos diferentes e semelhantes, que devem ser considerados pelo órgão regulador no desligamento das redes.

Em sua colaboração, a Oi destacou que o debate sobre o assunto, embora ela não seja mais uma operadora móvel, impacta na prestação de STFC da tele em regime público, também prestada por meio de tecnologia de acesso sem fio (WLL).

“O recurso técnico usado pela Oi nesses casos é baseado na tecnologia Circuit Switched (voz comutada), que se baseia exclusivamente nas tecnologias 2G e 3G. É utilizada a arquitetura de rede empregada no formato híbrido, ocorrendo emprego de elemento do Mobile Core da Oi (HLR), enquanto os demais elementos de rede são prestados por meio de rede móvel de empresa parceira. Importante destacar que, quando a solução do acesso fixo é adotada, a Oi fornece os terminais aos seus clientes sem cobrar pelos equipamentos”, notou a empresa.

Com isso, a empresa chama a atenção do fato que o desligamento das redes 2G e 3G poderem afetar a sustentabilidade do contrato de STFC. “Caso ocorra a descontinuidade das tecnologias 2G e 3G antes do término da concessão, isto causará impacto não só na continuidade e universalização da prestação do serviço como também no equilíbrio econômico-financeiro da concessão”, afirma.

Para a Oi, a preocupação principal está no prazo determinado para o desligamento das redes e a não homologação de equipamentos, que segundo ela, deveria ocorrer apenas após dezembro de 2025 ou ao final da obrigação da continuidade do serviço, em caso de adaptação do modelo das concessões.

TIM

Em sua contribuição, a TIM defende o deslizamento das redes 2G e 3G, afirmando que a medida é importante para a sustentabilidade do negócio das operadoras. “Manter simultaneamente infraestruturas para múltiplas gerações tecnológicas é demasiadamente oneroso. Com a chegada da tecnologia 6G, cujos primeiros padrões devem surgir ao final da década, é imperativo que as tecnologias 2G e 3G estejam em pleno phase out , uma vez que a manutenção de 5 gerações tecnológicas simultaneamente na infraestrutura das operadoras pode simplesmente inviabilizar a próxima evolução tecnológica para a década de 2030”.

Para a operadora, os fabricantes devem parar de homologar e fabricar dispositivos exclusivos das redes para que ocorra a substituição dos equipamentos mais antigos por novos.

“De todo modo, esse movimento pode ser impulsionado também por medidas que facilitem a importação, ou mesmo a fabricação, de tecnologias mais avançadas, combinadas com medidas de desincentivo à produção de equipamentos defasados frente à evolução tecnológica”, acrescenta ainda.

É papel da Anatel organizar a demanda e o mercado de dispositivos, fomentando a redução da base 2G/3G, assim como fomentar a adoção do 4G ou 5G, impedindo a entrada no mercado que não tenha VoLTE ou VoNR, segundo a TIM.

Vivo

Em sua contribuição, a Vivo concorda com a TIM na recomendação para que a Anatel pare de homologar os produtos exclusivos das redes 2G/3G, o mesmo posicionamento apresentado pela Conexis Brasil Digital, em abril deste ano. Para a tele, todos os envolvidos no assunto devem abraçar a causa e agir em um “movimento conjunto e estruturado, com ações bem definidas no tempo”.

A operadora ressalta que o objetivo final do desligamento das redes 2G e 3G é liberar espectro para melhorar a prestação do serviço móvel com tecnologias mais avançadas. Cita exemplos de outros países que já iniciaram o processo, como os Estados Unidos, onde as três principais operadoras já desligaram suas redes 3G; delas, restava apenas a T-Mobile desligar a 2G. O mesmo já ocorreu no Canadá.

A Vivo diz que 2G e 3G estagnaram em 2018 e apenas geram ineficiência no uso de espectro e custos de manutenção. Em sua visão, já é possível ocorrer o desligamento das redes móveis, de forma faseada. “Por outro lado, quase a totalidade dos municípios já possuem a tecnologia 4G implantada que, com a liberação das frequências de 2G e 3G, poderia permitir o uso mais eficiente do espectro de radiofrequência”, avalia.

“A cobertura 4G em todos os municípios é perfeitamente exequível se considerarmos um planejamento de curto/médio prazo, possibilitando o desligue total das tecnologias legadas”, diz a Vivo.

A Vivo também defende que os fabricantes reduzam a produção de terminais exclusivamente 2G ou 3G, muitas vezes comercializados de forma irregular.

“Infelizmente, o que se verifica no mercado é a oferta contínua de dispositivos com tecnologia legada, em especial do tipo M2M, alguns deles sem certificação/homologação na Anatel e oferecidos no mercado informal, que devido ao baixo custo, que permanecem quase perenemente em operação”, opina.

Claro

No caso da Claro, a preocupação envolve o mesmo apresentado pela Oi em relação aos prazos. Para a operadora, não deveriam ser impostos prazos para o desligamento das redes 2G e 3G, dando autonomia para cada operadora seguir sua própria estratégia.

Em outras palavras, o processo não deve ser uma imposição, mas sim, incentivado pela Anatel. “Não se deve fixar data limite, pois cada operadora deve ter a liberdade para atuar conforme sua estratégia“, afirmou a Claro. A empresa também defendeu que o setor não pode subsidiar trocas de aparelhos de usuários.

Para a Claro, as operadoras devem fazer “esforços para que as localidades e municípios que são atendidos apenas pelas tecnologias 2G e 3G sejam ampliadas pelo atendimento mínimo de 4G“. Defendeu também a disponibilização de modens e terminais de baixo custo por fornecedores, para impulsionar a transição. Já para a Anatel, não possibilitar licenciamento de estações de uso secundário para aplicações 2G e 3G foi outra sugestão da Claro.

Operadoras pedem incentivos

A tomada de subsídios, a Associação Nacional das Operadoras Celulares (Acel) defendeu que o primeiro passo para iniciar o processo de desligamento das redes 2G e 3G é encerrar a homologação de equipamentos.

A associação também solicitou a exigência na homologação de novos equipamentos de suporte aos serviços de voz sobre redes LTE (VoLTE) e 5G (VoNR). O objetivo seria o de “garantir prestação do serviço móvel pessoal na sua plenitude a partir do desligue das redes legadas“, explica.

Para as operadoras, o desligamento das redes 2G e 3G não deve gerar custos às empresas do setor, cabendo aos usuários planejar a substituição de dispositivos. A Acel ainda defendeu a possibilidade de redução ou mesmo eliminação de regras de qualidade de rede para as redes 2G e 3G, como forma de reduzir custos associados.

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