01/05/2024

Netflix é acusada de plágio e casal pede indenização de R$ 70 milhões

Segundo o processo, a plataforma plagiou o livro ‘Juilliard - A Arte do Amor’ de autoria de Lídia Ribeiro e João Ribeiro.

A Netflix está sendo processada por plágio por um casal de escritores sob a alegação de que a plataforma plagiou um livro publicado em 2018: Juilliard – A Arte do Amor. A obra, que é de autoria da brasileira Lídia Ribeiro e do português João Ribeiro, foi copiada para o filme ‘Depois do Universo’, interpretado por Giulia Be e lançado no ano passado no streaming.

Capa do livro a esquerda e do filme a direta.

Ribeiro explica que em novembro de 2022 se deparou com o material da Netflix e notou cenas semelhantes com a história narradas no seu livro. A obra conta a história de uma mulher que tem uma doença de sangue e seu sonho é tocar piano, mas seus medos e sua doença a impedem. Até que conhece um rapaz que vai lhe ajudar a vencer seus medos e a realizar seus sonhos.

Uma das cenas narradas pelo livro, que aparece no filme, surpreende Ribeiro. “Uma cena exatamente como o primeiro capítulo do nosso livro, em que aparece uma moça a tocar piano, dizendo que tem uma doença de sangue”. A única diferença é que a doença do filme é lúpus, enquanto que do livro é o câncer.

Após a descoberta, o casal entra na Justiça contra a Netflix para provar o plágio da obra.

“Sabemos que é uma luta difícil, mas queremos que a verdade e o nosso trabalho sejam reconhecidos, porque aquele filme é o nosso livro maquiado de forma a disfarçar o plágio”, diz Lídia.

De acordo com o processo, foram encontradas 70 características semelhantes entre o filme ‘Depois do Universo’ e o livro ‘Juilliard – A Arte do Amor’. Em ambas história, a personagem principal é uma pianista e vive com uma doença que pode ser fatal.

Os autores do livro se sentem violados pelo uso indevido da sua obra. Inclusive tem falado sobre o assunto no seu Instagram. João Ribeiro ainda ressalta que sofre de ansiedade e pressão alta desde do dia que se deparou com o filme da Netflix. “Sentimo-nos violados, é uma dor que nos faz entender em parte uma violação” declarou o escritor em um vídeo no seu Instagram.

“Escrever um livro demora meses, é muita pesquisa, muitas horas da nossa vida criando, custo financeiro para autores independentes e é uma dor maior para mim, porque o livro foi escrito para acalmar a dor da morte da minha mãe, ele serviu como luto para mim” declara João Ribeiro.

Além disso, ressalta a importância do livro e sua carga emocional, uma vez que foi escrito na época em que sua mãe faleceu, cujo funeral ocorreu em Portugal e não pode ir.

“Todo este livro tem, para mim, uma carga emocional muito grande. Ele foi escrito na altura em que a minha mãe tinha falecido, em 2017″, conta. “Esse livro foi uma forma de escrever o luto da minha mãe, a minha dor porque eu não pude ir a Portugal para o funeral. Desde 2 de novembro que meu emocional não está estável”, pontua.

No processo, pelo plágio, o casal requer que a Netflix seja condenada a pagar indenização de 20 milhões de reais a título de danos morais, além de condenação por danos materiais e Royalties Autorais no valor de 50 milhões de reais e de uma retração pública da Netflix nas plataformas digitais, e em meios de comunicação social (como jornais, sites de internet, portais de notícias de filmes e órgãos de comunicação social escrita) no Brasil e em todos os países em que foi lançado o filme “Depois do Universo”.

Ainda segundo o processo, o casal procurou a Netflix, mas não teve sucesso. “A ré Netflix, contudo, fez ouvidos moucos. A produtora do filme, por sua vez, apresentou uma resposta genérica, sem adentrar nos questionamentos que evidenciam o plágio”, afirma o documento. Além disso, procurada pelo Estadão, a plataforma disse que não tem comentários sobre o caso.

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