
O avanço da soberania tecnológica do Brasil marcou 2025 como um ano decisivo para a autonomia digital do país. Sob coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o governo brasileiro investiu R$ 267 milhões em projetos estratégicos de TICs ao longo do ano, com crescimento de 116% no fomento em relação a 2024, fortalecendo a capacidade nacional de inovar em áreas como chips, dados, inteligência artificial e supercomputação.
A ministra Luciana Santos destacou que a soberania tecnológica se constrói com investimento contínuo e políticas bem estruturadas. “Em 2025, demos passos decisivos para estruturar essa autonomia, do incentivo à indústria de TICs à inteligência artificial, passando pela supercomputação e pelos semicondutores”, afirmou. O objetivo central é reduzir a dependência de soluções externas em áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento nacional.
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Lei de TICs e reconhecimento da inovação nacional
Um dos pilares fundamentais desse avanço foi a Lei de TICs, que manteve capacidade de processamento equivalente à demanda do mercado. O MCTI processou 316 pleitos de habilitação durante o ano, concluindo 158 até dezembro. Foram publicadas 81 portarias de habilitação e incluídos 1.851 modelos de produtos, ampliando significativamente o alcance dos incentivos fiscais no setor tecnológico brasileiro.
O instrumento TECNAC, essencial para reconhecimento de bens desenvolvidos nacionalmente, também apresentou resultados expressivos. Foram analisados 76 pleitos ao longo de 2025, com taxa de deferimento de 76,32%, resultando em 58 portarias publicadas. Os números revelam a maturidade técnica dos projetos nacionais e reforçam o papel do MCTI como validador da inovação produzida no país.
Modernização da gestão pública digital
A modernização da gestão pública foi outro marco importante. Em maio, entrou em funcionamento uma nova etapa do SigPlani, sistema que centraliza pedidos e autorizações da Lei de Informática em uma única plataforma. A partir de julho, o ministério adotou modelo de desenvolvimento ágil, com entregas rápidas e ajustes contínuos, transformando a forma de criar e aprimorar soluções digitais para ampliar transparência e acesso aos dados públicos.
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Supercomputação e inteligência artificial
Na área de supercomputação, 2025 preparou o terreno para o futuro. O ministério definiu o novo supercomputador nacional e fortaleceu o Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho (SINAPAD). A Portaria MCTI nº 9.445 estabeleceu regras para ingresso no sistema. Visitas técnicas a Unicamp, UFRJ, UFPE e UFRN consolidaram o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) como principal polo nacional de inteligência artificial.
Protagonismo internacional em tecnologia
O protagonismo internacional ganhou força com participação brasileira em fóruns como G20 e BRICS. O país contribuiu para redes estratégicas como BRICS Cloud e EU-LAC Supercomputer Network, além de definir padrões globais de IA em reuniões da ISO em Genebra e Seul. Memorandos com Chile, China, Índia, Eslovênia, Malásia e Vietnã reforçaram a diplomacia tecnológica, focando em modelos de linguagem, soberania digital e transferência de dados.
O secretário Henrique Miguel destacou a convergência entre planejamento e execução. “Transformamos planos em sistemas, reuniões em infraestrutura e cooperação em capacidade instalada. A soberania digital passa por supercomputação, IA e por uma gestão pública que funcione com agilidade e transparência”, explicou. Segundo ele, o Brasil está se preparando para desenvolver soluções próprias e competir em alto nível no cenário tecnológico global.
Semicondutores: reduzindo a dependência externa
No setor de semicondutores, presente em celulares, computadores e equipamentos médicos, o desafio é estratégico. Mais de 85% dos chips usados no Brasil são importados, gerando dependência externa crítica. A meta governamental é dobrar a participação brasileira na cadeia global, de 1% para 2% até 2033. Entre 2020 e 2025, o PADIS concedeu mais de R$ 1,2 bilhão em incentivos fiscais, enquanto R$ 200 milhões foram investidos em pesquisa via FNDCT e Finep.
Para 2026, a previsão é de mais de R$ 1,2 bilhão do FNDCT para semicondutores, somados a recursos da Finep e investimentos privados. O país prepara um novo patamar tecnológico com a consolidação da IBQuântica, entrega da BR-Fab para pesquisa e testes de chips, criação de fundo de investimento para startups e fortalecimento das regras de segurança e transparência para investidores e pesquisadores.
Em um mundo marcado por disputas geopolíticas e rápidas transformações digitais, o Brasil optou por não ficar à margem. Com planejamento estratégico e ação coordenada, o país constrói os alicerces de sua soberania tecnológica, garantindo autonomia para decidir, produzir e inovar com base em tecnologia própria, reduzindo vulnerabilidades e ampliando oportunidades no cenário global.





