24/12/2025

Grupo vaza 300 TB de músicas do Spotify para download via torrent

O ato foi assumido pelo grupo Anna’s Archive e aqueceu o debate sobre pirataria online.

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Imagem: Midjourney/Reprodução

Um dos maiores vazamentos da história recente do streaming digital acaba de atingir o Spotify. O grupo ativista Anna’s Archive, conhecido por supostamente promover o “acesso livre ao conhecimento”, alega ter extraído e distribuído cerca de 300 terabytes de conteúdo da plataforma, incluindo áudio e metadados de milhões de faixas musicais.

A ação, classificada por especialistas como uma das mais impactantes no campo dos direitos autorais, envolveu engenharia reversa de sistemas de proteção digital (DRM) e scraping em larga escala. 

De acordo com os próprios responsáveis pela iniciativa, foram coletados dados de aproximadamente 86 milhões de músicas e 256 milhões de registros de metadados, abrangendo 99,6% de toda a atividade de escuta da plataforma até julho de 2025.

Acervo completo circula em torrents

Todo esse material já está sendo compartilhado via redes peer-to-peer (P2P), em torrents organizados por popularidade. A proposta do Anna’s Archive é, segundo o grupo, criar um “arquivo de preservação cultural”, voltado especialmente para músicas menos conhecidas, que correm o risco de desaparecer caso fiquem inacessíveis nas plataformas comerciais.

Entretanto, a ação viola diretamente os termos de uso do Spotify e levanta questões sérias sobre o respeito à legislação de direitos autorais. 

A empresa sueca confirmou, em nota enviada à imprensa internacional, que detectou acessos não autorizados e o uso de “táticas ilícitas” para burlar seu sistema de proteção. Embora o comunicado não confirme a dimensão do vazamento, afirma que uma investigação já está em curso.

Especialistas alertam para riscos maiores

O caso vai além da pirataria tradicional. Para nomes do setor de tecnologia, como Yoav Zimmerman, CEO da startup Third Chair, a exposição desse volume de dados pode acelerar o surgimento de plataformas alternativas, como serviços de streaming caseiros, baseados em servidores privados e com acesso gratuito ao acervo vazado.

Além disso, a disponibilização pública desse conteúdo em larga escala representa uma oportunidade inédita para empresas que trabalham com inteligência artificial. 

O conjunto de arquivos pode ser utilizado, por exemplo, para treinar modelos generativos com músicas modernas, sem passar pelos complexos processos de licenciamento.

“Esse tipo de base de dados limpa e organizada sempre foi o sonho de quem desenvolve IA para criação musical. Agora, está nas mãos de qualquer um com conexão suficiente para baixar”, avaliou Zimmerman.

Consequências jurídicas ainda são incertas

Até o momento, nenhuma medida judicial formal foi anunciada pelo Spotify ou pelas gravadoras envolvidas. No entanto, é esperado que ações legais sejam movidas contra os responsáveis e que a indústria fonográfica reforce os pedidos de remoção do conteúdo das redes de compartilhamento.

Enquanto isso, o episódio revela as limitações da segurança digital no ambiente do streaming e amplia o debate sobre até onde vai a preservação cultural e onde começa a violação de propriedade intelectual.

O Spotify, foco do vazamento, segue como uma das principais plataformas de música no mundo, mas agora, enfrenta um desafio que vai além da concorrência tradicional: o da descentralização total do acesso ao seu acervo.

* Com informações do Android Authority

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