06/05/2024

‘True crime’: popular nos streamings, gênero é alvo de polêmicas

Produções do gênero "true crime" geram bastante comoção e por isso está alta. Porém, há sempre uma polêmica na divulgação do conteúdo.

Os streamings exploram as tragédias através de produções “true crime”? O aniversário de 10 anos do incêndio na Boate Kiss levantou essa discussão, pois a Netflix lançou uma minissérie baseada nessa história, mas ficcional, e que incomodou os familiares das vítimas. 

Ilustração de cena de crime

E essa não foi a primeira produção “true crime” da plataforma. Recentemente a série “Dahmer: Um Canibal Americano”, esteve entre os maiores sucessos do streaming, porém também trouxe os mesmos incômodos aos familiares das vítimas do criminoso. 

True crime é uma tendência nos streamings

Não só a Netflix investiu nesse modelo de conteúdo, mas vários outros streamings contam com séries e filmes que narram histórias ficcionais baseadas em crimes reais. E na maioria há uma polêmica em meio a divulgação. 

“The Act” é um outro exemplo, que está disponível no Lionsgate+ e narra a história de um relacionamento problemático entre mãe e filha e que acaba de forma trágica e violenta. Gypsy Bianchard, que é a personagem principal da trama e que existe na vida real, não gostou de como os fatos foram tratados na série e disse que há distorções da realidade. 

No caso de “Dahmer: Um Canibal Americano”, que foi citada acima, familiares das vítimas do canibal não gostaram da forma que trataram a história, pois eles consideram cruel e sem sentido reviver tudo aquilo. 

Eric Perry, primo de uma das vítimas de Dahmer, falou no Twitter sobre o assunto e comentou que é contra esse tipo de ‘ficção”:

“Não estou dizendo a ninguém o que assistir ou não assistir, e sei que mídias sobre crimes reais são muito populares no momento, mas se você realmente está curioso sobre as vítimas: a minha família (os Isbell’s) está irritada para c*ralho com essa série. É retraumatizante, e para quê? Quantos filmes, séries e documentários precisamos?”.

E esse mesmo familiar ainda mencionou em outro momento que os crimes do canibal estão em domínio público, então a Netflix não foi obrigada a entrar em contato com os familiares das vítimas antes de produzir ou lançar a série. 

A Netflix não é a única a investir nesse modelo de trama

Outros títulos como “Em nome do Céu (2022 – Star)”, “Candy: Uma História de Paixão e Crime (2022 – Star)”, “Bem-Vindos à Vizinhança (2022 – Netflix)”, “A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou Meus Pais (2021 – Prime Video)” e “Olhos Que Condenam (2019 – Netflix)” são exemplos de histórias true crime que fizeram sucesso nos streamings.

É necessário se preocupar com as vítimas 

Voltando ao caso da Boate Kiss, a advogada Juliane Muller Korb representa as famílias que foram vítimas da tragédia que querem que a Netflix se retrate e não use a produção como um ponto de exploração comercial da tragédia e da dor alheia.

“As famílias sempre foram favoráveis a todo o conteúdo sobre o assunto e querem que o Brasil nunca se esqueça do que aconteceu. Mas não que a a tragédia seja explorada comercialmente. Uma década depois, eles ainda clamam por justiça”. 

As famílias decidiram recorrer na justiça pois não se sentiram bem com a forma que o streaming fez a produção: não entrou em contato com ninguém, tanto que as vítimas só souberam da minissérie quando ela foi anunciada para o público. 

Todas essas informações sobre os conflitos entre a Netflix e as famílias das vítimas da Boate Kiss foram coletadas pela BBC Brasil, inclusive a entrevista com a advogada. Até o momento o streaming não se pronunciou sobre o assunto.

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