13/03/2024

SKY completa 22 anos; relembre os marcos da companhia

Sabia que era preciso gastar quase R$ 1.000 pela antena da SKY? E que a Globo se uniu a Televisa para lançar a Sky no Brasil? Veja mais curiosidades.




1996, ano em que a internet no Brasil começava a ganhar
forma, também ficou marcado pela chegada de uma empresa que atualmente é a segunda do país em número de assinantes de TV por assinatura. Estamos falando
da SKY, que completa 22 anos neste domingo.

Ao longo de sua trajetória temos o lendário embate com a
DirecTV, sua chegada ao mercado da banda larga, e até entraves recentes sobre se a sua operação no Brasil ainda é válida. Confira abaixo alguns marcos desses 22
anos de história da SKY no Brasil.

1996 – Projeto latino


Formada pela britânica British Sky
Broadcasting (BSkyB)
juntamente com a News Corporation, Liberty Media e o
Grupo Televisa, o objetivo da SKY era ingressar o México no segmento de TV por assinatura. Sua fundação por lá é 1º de agosto de 1996.

Praticamente em paralelo, no Brasil, duas gigantes, Abril e
Globo
, se movimentavam para trazer ao país o serviço de TV por satélite,
tecnicamente chamado de DTH (Direct to home).

A primeira a chegar com essa proposta ao Brasil foi a Abril,
que administrava a TVA, com a implementação da DirecTV. Além da Abril, o
projeto contou com a participação da americana Hughes Comunication, a mexicana
Multivision e o conglomerado Cisneros, da Venezuela. Foram investidos US$ 450
milhões no projeto.



Seis meses após esse anúncio, o Grupo
Globo, juntamente com a Liberty Media, News Corporation e a Televisa, lançaram
a SKY. O investimento era tão significativo quanto da sua concorrente: US$ 445
milhões.


1997 – DirecTV no
calcanhar e o “Mosaico” como trunfo

Assim como praticamente todas as tecnologias que hoje se
tornaram de fácil acesso, no início elas eram altamente restritas, reservadas a um nicho que poderia desembolsar uma boa grana pelo acesso. A
assinatura da TV por satélite não era diferente. Os preços da época eram os
seguintes:

Durante o processo de decisão de lançamento do serviço no Brasil a Globo até
conversou com a DirecTV para uma 
possível aliança, conforme explica o
livro
  TV por assinatura: 20 anos de evolução (2009 / Editora Seta).


No entanto, a parceria não foi adiante. A Globo não confiava que o
modelo americano da DirecTV funcionaria no Brasil, e a gigante brasileira
também não queria ser apenas uma representante da DirecTV.



Mesmo com o amparo da poderosa Globo a DirecTV estava melhor calçada em termos de tecnologia, a qualidade de imagem era superior e sua cobertura era mais ampla, graças ao satélite GalaxyIIIR, da Hugues Aircraft, garantindo que o serviço pudesse ser oferecido em todo o Brasil.


A SKY, por um questão emergencial, precisou recorrer ao satélite PAS3R, da PanAMSat, que já estava em órbita no Brasil. A cobertura era apenas para a costa do país e para a região Sudeste.


Dentre os recursos que formaram o DNA do modo SKY de TV por assinatura o principal é o Mosaico, um sistema interativo em que o  assinante acessava um canal especifico clicando sob sua logo. 



Em relação aos canais, graças ao envolvimento da Globo, a SKY tinha exclusividade com as opções disponíveis pela Globosat.


1998 – Satélite mais robusto, chegada do
SKY Premiere e a liderança do mercado

Em 1998 a SKY passou a utilizar um novo satélite, o PAS-6, desenvolvido com uma tecnologia mais avançada de compreensão de sinal e com maior potência. 


Com o novo satélite a operadora de TV pôde ampliar a oferta de canais, como as opções Pay-Per-View, com a inclusão do SKY Premiere, composto por 18 canais – 16 deles com filmes. No mesmo ano a quantidade de canais SKY Premiere foi dobrada.




Neste ano a SKY também assumiu a liderança do serviço DTH no Brasil, ultrapassando a DirecTV. Essa virada de mesa aconteceu, em grande parte, pela extinção do serviço NETSAT, em antenas parabólicas – banda C, que migraram para a SKY e seu DHT – banda Ku. Estima-se que 69 mil assinantes migraram para a SKY.

2000 – Sky chega em novos países da América Latina



A SKY foi lançada na Argentina (porém suas operações por lá duraram pouco, já que em 2002 foi encerrado) e na Colômbia.


Neste ano o prejuízo líquido da SKY Brasil cresceu 194%, fechando em US$ 50 milhões. No segundo trimestre do ano US$ 18,5 milhões tiveram que ser injetados, sob aporte de capital. 

Sua participação no mercado brasileiro passou de 12,5% para 16,7%. Na época a SKY tinha no Brasil 555 mil clientes.


2001 – SKY passa a oferecer o serviço de “TV interativa”


Neste ano tivemos mais uma grande novidade para os
assinantes da SKY, a interatividade. Fernando Bittencourt, diretor-geral de
engenharia da Globo, na época deu um exemplo sobre uma das possibilidades do
serviço: “O assinante terá a possibilidade de ver um jogo de futebol pelo controle remoto, acessar outras opções de imagem, como tira-teima,
melhores momentos, outras câmeras”.
Um serviço similar já havia
sido apresentado pela DirecTV em 2000.

No caso da SKY a interatividade chegou
apenas em dezembro de 2001. No início eram 4 canais com recursos interativos:
Tempo (previsões meteorológicas), Esotérico (consulta ao horóscopo, tarô, etc),
Games (com jogos variados, como Jogos da Memória e Resta Um) e Esportes (tabela
dos próximos jogos).

Um ano depois chegou o canal Trânsito (informações sobre o
tráfego do Rio de Janeiro e São Paulo) e em 2003 chegou o canal Loterias
(resultado dos jogos da Caixa Econômica Federal) e o Guia Hotéis (informações
sobre hotéis do país.).


2002 – Globo diminui sua participação na Sky Brasil


Em 2002 a Globo diminuiu sua participação na SKY Brasil,
caindo de 54% para 49,9%. 
O controle passou para os acionistas da News Corporation e
Liberty Media. A redução era uma estratégia do grupo Globo em se concentrar na
produção de conteúdo.

2003 – Compra pelo controle remoto e Fusão da SKY com DirecTV é concretizada



Neste ano a SKY lançou o T-Commerce, a primeira operação de
e-commerce por controle remoto do Brasil.

Esse serviço permitia que o assinante pudesse fazer compras
pelo controle, porém o que realmente chamou a atenção foi o interesse  do magnata da mídia, Rupert Murdoch,
controlador da SKY, na Hughes, que tinha controle sobre a DirecTV. O acordo foi
firmado em abril.

A News Corp, de Murdoch, investiu US$ 6,6 bilhões em 19,9% na Hughes Electronics, que pertencia ao grupo General Motors.
Em 2003 a SKY tinha 730 mil clientes. A DirecTV aparecia em
segundo lugar, com cerca de 500 mil clientes. 
Nos Estados Unidos a DirecTV era a maior operadora de canais pagos, com
11,3 milhões de assinantes.

A repercussão da fusão caiu como uma grande bomba no Brasil.
A NeoTV, associação de TVs a cabo criada em 1999, foi ao CADE (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica)
para impedir a proibição de contratos de
exclusividade de programação. A exclusividade faria com que operadoras
independentes ficassem sem conteúdo competitivo para oferecer aos assinantes.

Com a fusão da SKY com a DirecTV, o grupo passou a ser
responsável por 94,84% do mercado de TV paga no Brasil.



2004 – Lançamento do SKY+, primeiro DVR para serviço DTH no Brasil
A companhia implantou neste ano o pacote SKY+, que tinha como principal
atrativo um sistema de DVR.

O decodificador era equipado com um disco rígido capaz de armazenar, com qualidade digital, até 50 horas de programação.


Com esse recurso
o cliente não precisava assistir determinado conteúdo no horário que estava
sendo transmitido, ele poderia gravar e assistir depois.

“Esse sistema foi totalmente desenhado no Brasil, é
supermoderno e vai revolucionar o modo de ver televisão no País”
, declarou
Rosamélia Girão, diretora de Marketing de Relacionamento da SKY, na época do
anúncio.

2005 – Anatel aprova fusão com a DirecTV

A
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovou o processo de fusão da
SKY com a DirecTV, que teve início em 2003.

Com a fusão o grupo de Murdock passou a
ser responsável por 95% do mercado de TV por assinatura no Brasil




2007 – Sky começa a investir em outros tipos de produtos



Devido ao acordo com as teles Brasil Telecom e Telemar a SKY passou a investir em pacotes de serviço. Além da TV por assinatura, clientes
das cidades do Rio de Janeiro, Niterói, Campo Grande e Brasília, poderiam
assinar pacotes com internet banda larga, telefonia fixa e móvel.

2008 – Sky lança TV por assinatura
pré-paga e compra a Mais TV.
Para aqueles que não queriam ficar “amarrados” a mensalidade a SKY lançou neste ano um serviço pré-pago, permitindo que créditos fossem adicionados para que os canais ficassem liberados.

Havia três opções de crédito: 7 dias (R$ 19,90) e 15 dias (R$ 29,90) e 30 dias (R$ 49,90). O cliente também tinha que adquirir a antena, decodificador e o controle remoto. O kit dos equipamentos custava R$ 299.
Neste mesmo ano a SKY oficializou a compra da Mais TV, operadora de TV por assinatura que atuava com a tecnologia MMDS (por microondas).

2009 – Viva a alta definição! SKY HDTV entra em ação


Em 2009 a gigante da TV por assinatura anunciou seu novo posicionamento de marca, que coroa a entrada na era dos pacotes em alta definição.

O serviço, chamado SKY HDTV, incluiu inicialmente 10 canais em alta definição: Fox HD, National Geographic HD, Discovery Theater HD, TNT HD, MGM HD, HBO Prime HD, HBO Full HD, Space HD, Voom HD e o pornô Sex Zone HD.

Uma grande crítica feita na época era que os canais abertos, como SBT, Globo e Band, não estavam em alta definição na SKY, enquanto na NET e Telefônica a possibilidade era oferecida.

Os dois pacotes SKY HDTV lançados na época eram os seguintes: um que custava R$ 230 menais e outro de R$ 253,90, com os canais HBO.

A divulgação do serviço também vale nota. A SKY escolheu como porta-voz do serviço a modelo Gisele Bundchen. O slogan também colou: HDTV é isso.

2010 – VOD, expansão dos canais em HD e Globo diminui ainda
mais sua participação

Em 2010 nasceu o serviço SKY On Demand, serviço de vídeo on demand (VOD), exclusivo para assinantes com o equipamento SKY HDTV. No acervo, filmes, shows e eventos.

Os conteúdos podiam ser adquiridos e ficavam armazenados no decodificador para que o cliente pudesse assistir quantas vezes
quisesse.

Neste mesmo ano, 26 canais em HD foram adicionados. Ao todo, a SKY passou a ter 36 canais em alta definição.


A Globo, que já havia vendido em 2002 parte da sua participação na empresa voltou a se envolver em uma negociação desse tipo em 2010. O grupo Globo vendeu por US$ 604,8 milhões 18,9%, ficando com apenas 7%.


VIU ISSO?

2011 – Primeira banda larga 4G e o serviço SKY Online são lançados




No fim de 2011, em parceria com a Nokia Siemens, a SKY lançou em Brasília a primeira banda larga 4G da América. Houve também o anúncio do  SKY Online, serviço on-line de locação e compra de vídeos e áudio sob demanda.


2012 – Polêmica em torno do número de
assinantes

Uma irregularidade foi confirmada pela companhia neste ano: o número de clientes no Brasil em 2012 e 2013 foi inflado. Com base em uma investigação interna foi descoberto que mais de 200 mil clientes “fantasmas” foram incluídos na conta. 

2013 – Planos para um novo satélite

Em 2013 a participação da TV por satélite
(DTH) detinha 62% da base de assinantes, contra 37,6% da TV a Cabo. Para
continuar crescendo no mercado a SKY anunciou uma parceria com a Astrium para
o lançamento de um novo satélite, o Intelsat 32, permitindo que ainda mais canais
fossem agregados.



2014 – Seguindo as regras da AT&T

Em maio, por US$ 45,5 bilhões, a poderosa
operadora americana AT&T, adquiriu a DirectTV, assumindo também, com
autorização da Anatel, a divisão da América Latina, responsável pelo controle da SKY.




Você já foi cliente da SKY nesses 22 anos de existência da operadora?


2017 – Novo satélite e investimento assombroso



O grande marco da SKY em 2017 foi o lançamento do seu novo satélite, o SKY Brasil-1 (também conhecido como Intelsat 32).



Foram investidos impressionantes
R$ 1.3 bilhão – valor dividido entre o satélite e o centro de transmissão.

O lançamento do satélite foi feito na
cidade de Kouru, na Guiana Francesa. A fabricação ficou a cargo da Airbus
Defense & Space. Ele é capaz de operar com até 60 transponders (em 1996 a
SKY utilizava apenas 4 transponders).

2018 – Futuro incerto no Brasil e um novo serviço VOD


O
controle da SKY para as mãos da AT&T, que completou a aquisição da Time
Warner
, terceiro maior conglomerado do ramo do entretenimento, acendeu uma
questão importante: sua operação no Brasil ainda é permitida?



A situação esbarra no artigo 5 da Lei do
SeAC (Lei 12.485/2011)
, que impede que empresas de telecomunicações controlem
criadoras de conteúdo e vice-versa. A Time Warner é responsável, por exemplo,
pelos canais HBO, Warner Bros, CNN e Cartoon Network.

A Anatel já se posicionou contrária a fusão, inclusive um dos grandes pontos da administração do novo presidente da agência reguladora, Leonardo Euler, será prosseguir com essa discussão sobre a fusão que interfere no modo da SKY operar no Brasil.

O serviço que a SKY vem divulgando no momento, é a sua nova plataforma de vídeo sob demanda (VOD), o Sky Play, disponível para os clientes que utilizam DVR. O fundamento é o mesmo do antigo Sky on Demand: conteúdo que pode ser comprado e que fica disponível para que o cliente possa reassistir quando quiser.

Vimos nessa retrospectiva de fatos importantes sobre os 22 anos da SKY o quanto a companhia foi importante para moldar o caminho da TV paga no Brasil.
Atualmente, com todo esse imbróglio da sua permanência no Brasil, com seu serviço “raiz”, a TV por assinatura, a SKY ocupa o segundo lugar do mercado nacional, com 28% de quota de mercado e mais de 5 milhões de clientes.

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