
A tecnologia 6G, ainda em fase de desenvolvimento, deverá expandir significativamente o papel das torres de telecomunicações.
Em vez de apenas servir como ponto de transmissão de dados, como são agora, essas estruturas poderão atuar também como sensores ambientais, capazes de detectar pessoas e objetos mesmo quando não há um celular ou dispositivo conectado por perto.
O conceito tem ganhado força em países como a Coreia do Sul, onde operadoras vêm testando soluções que unem comunicação e sensoriamento.
A proposta, conhecida pelo nome técnico ISAC, aproveita as ondas de rádio usadas na transmissão para interpretar o que acontece no entorno das antenas, de movimentos de pedestres a vibrações mecânicas em fábricas.
A rede como parte do ambiente
Na prática, as torres deixariam de ser apenas passagens de sinal e se tornariam elementos ativos na gestão do espaço urbano.
Em uma cidade inteligente, por exemplo, a tecnologia poderia ajudar a controlar o fluxo de trânsito, identificar áreas com aglomeração de pessoas ou até enviar alertas em situações emergenciais, tudo isso sem depender de câmeras ou sensores externos.
A aplicação também pode beneficiar veículos autônomos, que precisam de dados precisos sobre o ambiente ao redor.
Com o 6G, esses sistemas teriam acesso a informações fornecidas diretamente pela infraestrutura da rede, aumentando a segurança nas ruas.
Indústria de olho na detecção remota
O setor industrial também deverá se beneficiar. Em vez de instalar sensores em cada máquina, as fábricas poderiam usar a rede para captar sinais indiretos, como alterações na vibração de equipamentos, e antecipar falhas.
A mesma lógica pode ser aplicada a sistemas logísticos ou agrícolas, onde o monitoramento em tempo real pode gerar ganhos operacionais.
Empresas como Huawei, Qualcomm e Samsung já trabalham em protótipos e simulações que envolvem essas possibilidades.
Uma das apostas é a criação dos chamados gêmeos digitais: réplicas virtuais de locais reais, alimentadas por dados captados em tempo real, que permitem testes e ajustes sem interferir no ambiente físico.
O que se sabe sobre a implantação
A expectativa é que os padrões técnicos do 6G comecem a ser definidos até o final da década. Redes comerciais, segundo projeções, podem estrear por volta de 2030 em países mais avançados tecnologicamente.
No Brasil, o tema ainda é embrionário, mas a discussão já está posta, especialmente entre operadoras e entidades ligadas ao setor.
Apesar de ainda distante da realidade do consumidor, o 6G vai muito além da promessa de uma internet mais rápida. Ao transformar as antenas em sensores, ele poderá reconfigurar a relação entre redes móveis e o ambiente físico.
* Com informações do Android Police





