24/04/2024

Bloqueadores de drones interferiram em voos no aeroporto de Brasília, segundo a Anatel

Segundo relatório da agência, as interferências vieram de 4 equipamentos instalados a pelo menos 10 quilômetros de distância do aeroporto.

De acordo com um relatório da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), cerca de 173 voos (pouso e decolagem) do Aeroporto Internacional de Brasília, que ocorreram entre abril de 2021 e março de 2022, sofreram interferência de quatro equipamentos bloqueadores de drones instalados nos palácios do Planalto, Alvorada e Jaburu.

As informações são da CNN Brasil, que teve acesso ao documento finalizado em maio do ano passado. Os equipamentos em questão foram adquiridos dois anos antes pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República sob argumento de “evitar espionagem e aumentar a segurança das instalações palacianas”.

No documento, a Anatel, ao reforçar a origem do problema, solicita que seja interrompida a operação dos bloqueadores de drones operados pelo GSI. Os dispositivos estão instalados a pelo menos 10 quilômetros de distância do aeroporto de Brasília.

“Em face dos resultados obtidos e relatados pelo presente relatório, constatou-se que as interferências no sistema de recepção de GPS das aeronaves, com perda da capacidade RNAV [navegação] em Brasília, eram causas pelas emissões dos quatro equipamentos bloqueadores SCE 0100 – DRONEBLOCKER operados pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República”, diz o texto.

O GSI informou que não tem conhecimento do documento, além de confirmar que os bloqueadores de drones estão operando e não há previsão de ser desligado ou substituído. Além disso, ainda relatou que o uso dos equipamentos são autorizados por um ato normativo da Anatel.

Segundo a agência, existe o ato que autoriza o uso de bloqueadores, mas o tipo de equipamento é o problema. Inclusive, o relatório da fiscalização recomenda outro setor da Anatel que avalie o possível cancelamento da certificação concedida pela agência à fabricante do equipamento.

“Sugere-se que seja realizada uma investigação aprofundada junto ao referido fabricante, bem como, de outros, se existentes, para levantamento da venda de equipamento similar para outros entes. Também é necessário realizar um acompanhamento preventivo da utilização de equipamentos similares por partes de embaixadas localizadas em Brasília”.

Atuação da Anatel

A fiscalização em relação ao caso começou em abril de 2021, quando a Força Aérea informou à Anatel interferências no sistema de recepção de GPS das aeronaves, com perda da capacidade de navegação em Brasília. A partir daí, a autarquia iniciou a investigação em torres de telefonia e de emissora de televisão, mas nada foi constatado.

Somente após um relato ocorrido no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, onde um bloqueador de drone interferiu na comunicação entre a torre de controle aeronova, a Anatel cogitou que o mesmo poderia estar acontecendo em Brasília.

Em março de 2022, foram realizados testes nas proximidades da Praça dos Três Poderes, onde constatou que quando os dispositivos estavam ligados, ocorria interferência, enquanto que não houve interferência quando os bloqueadores foram desligados. De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB) à CNN, não houve outros registros do tipo após correções realizadas ainda em 2022.

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