06/04/2024

Investimentos de operadoras em Wi-Fi começam a sair do papel

No ano passado, as operadoras prometeram investimentos em redes Wi-Fi. O tempo passou e a maior parte delas não tocou mais no assunto. Era um ano de estudo, amadurecimento, planejamento e definição, na avaliação da fornecedora de equipamentos e soluções Ruckus Wireless, que em 2012 criou uma estrutura apenas para atender as grandes prestadoras de serviço no Brasil. “Este ano, veremos um crescimento forte”, afirma Jussi Koria, diretor de vendas para operadoras da Ruckus.

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A Oi saiu na frente em termos de Wi-Fi no Brasil. Ao adquirir a VEX por R$ 27 milhões em julho de 2011, incorporou 1,6 mil hotspots. O número, no entanto, é pequeno diante da projeção para este ano: 500 mil pontos de acesso Wi-Fi disponíveis, ante 60 mil atualmente.

Para tal expansão, a Oi conta com o modelo da empresa FON, da qual é representante oficial no país: cada vez que a Oi instala uma banda larga fixa sem fio em um pequeno estabelecimento comercial, oferece ao cliente a possibilidade de participar da comunidade FON no mundo. O usuário permite aos demais assinantes do serviço o acesso a sua rede (até 1 Mbps) e, em contrapartida, pode acessar a rede da espécie de comunidade no mundo. Além disso, a Oi investe na implantação de hotspots em locais abertos, como praias e praças, e outdoor, em aeroportos e redes de serviços de alimentação, por exemplo. Até mesmo os telefones públicos entram no plano de expansão de hotspots, mas a operadora evita dar mais detalhes, neste caso. 

Apesar do Wi-Fi ser uma tecnologia de internet fixa, disponível gratuitamente aos clientes da banda larga fixa da Oi que assinam pacotes de pelo menos 250 Mbps, neste momento a rede de hotspots da operadora é um trunfo talvez ainda mais importante no universo móvel.

No atual cenário das telecomunicações móveis no Brasil, em que as redes (incluindo as 3G) estão congestionadas e número de reclamações chegaram ao ponto de o governo determinar a paralisação de vendas de novos chips, no ano passado, a rede Wi-Fi pode ser de grande apoio para desafogar o excesso de consumo de dados que tende a continuar crescendo.

“Um dos objetivos dessa rede é melhorar a experiência de navegação dos usuários do acesso móvel. Em shoppings centers, por exemplo, você pega vários pontos Wi-Fi e consegue um desempenho até melhor do que teria na rede móvel”, explica Abel Camargo, diretor de desenvolvimento e gestão de novos negócios.

Mais do que isso, a Oi, que inaugurou sua rede 4G no Rio de Janeiro na semana passada, vai usar a rede Wi-Fi para conquistar este cliente que pretende consumir a banda larga de última geração, enquanto implanta a infraestrutura em outros pontos do país. O acesso aos assinantes de 4G será gratuito, independente do plano contratado, uma arma importante para a operadora que luta para ganhar clientes de alto valor.

“As operadoras, depois de uma certa resistência, estão vendo a oportunidade de usar o Wi-Fi como parte da oferta de mobilidade. Deixa de ser uma coisa acessória e começa a ganhar força o conceito de HetNets [redes heterogêneas]. Agora, com o LTE isso fica mais forte”, afirma Koria, da Ruckus Wireless. E, lembra ele, ao mesmo tempo que oferece uma melhor experiência ao cliente no serviço de banda larga móvel, a operadora também melhorar fidelização e ter novas receitas com serviços gerenciados.

Um pouco atrasadas em relação à Oi, as demais operadoras também estão reforçando suas redes de pontos Wi-Fi. A TIM, que anunciou um acordo com a provedora independente Linktel em agosto de 2012 para compartilhamento de pontos, anunciou ontem (30), durante a apresentação de balanço do primeiro trimestre, avanços nessa área.

Igualmente, a Claro afirmou que tem importantes novidades nessa área, mas prefere deixar o anúncio para o futuro. Para agora, a operadora do grupo América Móvil informou que está realizando testes para acesso à internet sem fio de forma gratuita em alguns bairros de São Paulo, com cerca de 1,7 mil hotspots, e na cidade do Rio de Janeiro, com 500 pontos instalados. No mês de abril, o serviço Claro Wi-Fi foi disponibilizado para testes também em Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Campinas, Curitiba, Recife e Salvador, exatamente as cidades onde já inaugurou sua rede 4G. “Com esta iniciativa, a operadora visa oferecer aos clientes uma experiência inovadora, possibilitando uma alternativa de acesso diferenciado a internet que poderá complementar o uso das redes de dados 3G e 4G”, informou a companhia do grupo América Móvil em nota.

A Telefônica, que opera no Brasil com a marca Vivo, mostrou durante o Mobile World Congress, em Barcelona, uma solução de integração de LTE com Wi-Fi e está buscando parcerias para ampliar sua rede de hotspots no país.
Um dos entraves para o maior investimento das operadoras em Wi-Fi estava no modelo de acesso às redes, que exigia login e senha, analisa Koria. A solução, no caso da Oi, foi lançar um aplicativo para instalação nos smartphones que permitem reconhecimento dos usuários e conexão automática. O aplicativo está disponível para sistemas operacionais Android e iOS e estará embarcado em todos os aparelhos 4G vendidos na Oi. Mas a ideia é avançar para a solução que utiliza os dados do SIM-Card para habilitar o usuário automaticamente nos hotspots. “Temos alguns testes de conexões automáticas utilizando EAP-SIM”, explica Camargo.

A tecnologia também foi adotada pela Claro, que permite o acesso promocional gratuito aos hotspots a todos os clientes Claro Móvel. Até o momento, somente os smartphones Blackberry (todos os modelos); iPhone (Todos os modelos); Motorola Razr e Razr HD; Samsung Galaxy SIII, Note, Note II; Samsung Galaxy Tab; LG Optimus L3, L5, L7 e L9; Sony Xperia P, U e S; iPad 3G (todos os modelos) são compatíveis com o EAP-SIM, mas segundo a claro outros modelos serão incorporados em breve ao projeto.

“A tecnologia está evoluindo, há o chamado hotspot 2.0, um protocolo que permite homologação automática, mas precisa ser implantado nos terminais. Basicamente pela atualização do sistema operacional você consegue isso, mas nem todas as fabricantes permitem isso. Quando houver mais terminais habilitados, haverá a massificação”, afirma Koria.
O avanço das operadoras em redes heterogêneas, ao mesmo tempo que resolve problemas do lado da capacidade, também aumenta a complexidade do gerenciamento das mesmas. É aí que a Ruckus pretende avançar para ganhar espaço entre as operadoras que atuam no Brasil.

Koria, que assumiu a área de carries da Ruckus em setembro, está conversando com as telcos, montando canais e trabalhando com parceiros globais para garantir a presença da empresa nas operadoras.
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