23/03/2024

Francisco Valim não faz mais parte do Grupo Oi

O grupo de telecomunicações Oi anunciou hoje (22) uma repentina mudança no comando da empresa, nomeando o então presidente do Conselho de Administração José Mauro Carneiro da Cunha como presidente-executivo.

O anúncio da saída de Francisco Valim da Oi um ano e meio após ter assumido a companhia motivava queda expressiva das ações do grupo na bolsa paulista. Ontem, quando surgiram as primeiras notícias de atritos entre Valim e os sócios da Oi, os papéis da empresa já haviam recuado.

Em um breve comunicado ao mercado nesta manhã, a holding Telemar Participações informou que Carneiro da Cunha substituirá Valim na presidência-executiva da Oi e de empresas controladas. José Augusto da Gama Figueira, que era suplente do chairman, assumirá a presidência do Conselho de Administração.

Não ficou claro se a mudança, aprovada em reunião do Conselho nesta data, tem efeito imediato.

Formado em Engenharia Mecânica, Carneiro da Cunha ocupou cargos executivos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na iniciativa privada, além da presença como membro de diversos Conselhos de Administração, foi vice-presidente de planejamento estratégico da Braskem entre 2003 e 2005.

Valim, que antes da Oi liderou a Serasa Experian e a Net, era bem visto pelo mercado e ficou apenas um ano e meio no cargo. Ele foi o responsável pela organização do primeiro plano de negócios do grupo de telecomunicações após uma importante reorganização societária aprovada no começo de 2012.

Em relatório na segunda-feira, antes do anúncio da troca na presidência da Oi, os analistas do BTG Pactual afirmaram que a saída de Valim seria negativa para as ações da companhia.

Para os analistas, uma influência maior da sócia Portugal Telecom no lado operacional poderia dar uma mensagem para o mercado de que a reestruturação da Oi não estaria funcionando. O único cenário positivo seria com a substituição de Valim por um nome considerado forte pelo mercado.
Mas a nomeação de Carneiro da Cunha não agradou investidores. Às 12h41, as ações preferenciais da Oi despencavam 6,44%, a R$ 8,14, e as ordinárias caíam 5,71%, a R$ 9,09. O Ibovespa recuava 0,47 % no mesmo horário.

Na véspera, a ação preferencial da Oi liderou as perdas do Ibovespa, com desvalorização de 5,1 por cento, após notícia publicada na coluna de Lauro Jardim, no site da revista Veja, que mencionava que a relação entre os controladores da companhia e Valim era “insustentável”, sendo os desentendimentos motivados pelos resultados da Oi no ano passado.

Em abril passado, Valim apresentou o plano da Oi até 2015, com investimentos previstos de R$ 24 bilhões com a entrada na telefonia móvel de quarta geração, ampliação da rede 3G, avanço no segmento corporativo e expansão de produtos convergentes.

A estratégia era buscar rentabilidade e participação de mercado, após a empresa ter amargado uma deterioração nos resultados operacionais de 2011.

Para 2012, a meta da Oi era um Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) de R$ 8,8 bilhões. Nos nove primeiros meses do ano passado, o Ebitda acumulado era de R$ 6,3 bilhões, sendo necessários R$ 2,5 bilhões de outubro a dezembro para que a meta anual fosse alcançada.

Em 14 de novembro, ao divulgar seus resultados do terceiro trimestre de 2012, a Oi manteve todas as suas metas para o ano, mas deixou a estimativa para a receita em observação.
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