18/03/2024

TIM Fiber pressiona via publicidade em disputa contra o combo

A TIM tem uma posição bem definida em relação à convergência fixo/móvel: ela funciona em termos de infraestrutura, mas não na oferta. A operadora, que não tem serviço de TV paga e lançou há um ano a banda larga fixa Live TIM, tem optado por pressionar os concorrentes questionando a divulgação dos preços da internet, sem mencionar que estão atrelados à assinatura de telefonia e TV.


“Entramos no Conar [Conselho Nacional de Autoregulamentação Publicitária] e ganhamos contra todos os concorrentes. Estamos pressionando muito porque há desrespeito e publicidade enganosa. Os concorrentes divulgam o preço da banda larga sem informar que o valor corresponde ao combo. Alguns começaram a colocar as informações em letras pequenas, mas o Conar também decidiu que não pode, precisa ser do mesmo tamanho. Mas vemos demora na mudança da publicidade”, afirmou nesta quarta-feira (17) o presidente da TIM Fiber Rogério Takayanagi em apresentação dos resultados da divisão de banda larga fixa após um ano de operação. 

Em março, a TIM conseguiu que o Conar aprovasse a sustação da campanha da Oi (TV HD mais banda larga) justamente por alegar que eram incompletas nos anúncios as condições da promoção, como o valor do serviço após o período promocional, a necessidade de aquisição de pacote de telefonia fixa e pagamento de taxa de habilitação, a duração do contrato e a multa pela sua interrupção.

A operadora que alega que 90% dos seus 23 mil assinantes vieram de usuários de outras operadoras e não de novos usuários de internet, aposta que a seu favor na disputa pela oferta adequada de serviços em formato combo, virá também a proposta de Regulamento de Atendimento, Cobrança e Oferta a Consumidores de Serviços de Telecomunicações pela Anatel. O regulamento passou por audiências públicas e estava recebendo contribuições até dia 17 de maio, mas a agência reguladora ainda não apresentou o texto definitivo.

Ao seu lado, a operadora tem a movimentação das concorrentes, que teriam concentrado o desconto dos pacotes combos na internet, para fazer frente às ofertas agressivas da TIM Fiber, de forma que se o usuário consegue contratar o serviço de TV separado, ele teria o mesmo valor do combo. 

Mas para além de conseguir viabilizar que os usuários contratem os serviços em separado, Takayanagi segue firme na defesa de que o modelo de consumo de conteúdo audiovisual está mudando e que mais do que investir recursos na compra de conteúdo, o mais lucrativo é investir em uma rede que entregue a melhor experiência de consumo de vídeo, música entre outros e ter uma estratégia pensando no cenário futuro do mercado. “O acesso a vídeos online cresceu 18% no último ano”, lembra ele. 
Ao entregar um acesso a internet com velocidade de pelo menos 35 Mbps, a TIM abre a possibilidade para seus usuários avançarem no consumo de conteúdo pesado na rede. O resultado é que o consumo médio de dados dos seus usuários está em 96 GB, enquanto o consumo médio de dados em uma conexão residencial é de 19 GB. 

Mas, com a experiência, a TIM percebeu que no Brasil não basta entregar uma rede com alta capacidade e baixa latência, existe a questão do conteúdo não estar em condições adequadas pra ser entregue rapidamente. Por isso, para provar o diferencial de sua rede, a operadora investe em soluções que, em termos genéricos, aproximam o conteúdo do usuário, para que não seja necessário busca-lo fora do país, via cabos submarinos. Essas soluções – como transparent caching e peering – já foram implementadas para melhorar a experiência do usuário do Netflix e “assim que a Netflix autorizar, a TIM passará a anunciar que tem a melhor experiência na plataforma”, explica Takayanagi. O mesmo vem acontecendo com os principais conteúdos acessados pelos brasileiros, como o portal UOL, Google, YouTube, Terra, Globo.com. Utilizar a rede de content delivery network (CDN) da Akamai também faz parte das iniciativas da TIM Fiber.
Apesar da TIM admitir e se organizar para tirar vantagem do aumento do consumo de vídeos online pelos brasileiros, a operadora é a única que ainda não lançou sua plataforma de vídeo sob demanda (VOD, na sigla em inglês) e, segundo o presidente da Live TIM, entrar no mercado de compra de conteúdo não interessa a companhia. O que pode acontecer, eventualmente, é a TIM optar por fornecer uma caixa que entregue conteúdo audiovisual disponível online para TVs, algo semelhante ao modelo da Apple TV, mas sem se envolver na compra e seleção do conteúdo.
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