28/03/2024

Contax fecha 19 centrais, mas tem prejuízo de R$ 226 milhões em 2015

Andrade Gutierrez, principal acionista da Contax, é investigada na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.


O ano de 2015 foi de verdadeiro terror para a maior empresa de contact center do Brasil, Contax, que mesmo tendo fechado totalmente ou parcialmente um total de 19 sites (unidades operacionais) – resultando em uma demissão de 18 mil colaboradores – em diversas regiões do país, a empresa terminou o ano com um déficit financeiro de R$ 226,8 milhões. No final de 2014, a empresa tinha um lucro de R$ 96,6 milhões.

A dívida bruta da Contax alcançou o patamar de R$ 1,57 bilhão no último trimestre de 2015. Um aumento de 11,2% em relação ao mesmo período de 2014.


A crise financeira no Brasil, que se alastrou mais fortemente durante 2015, é um dos fatores que mais contribuíram para o resultado negativo da Contax. A operação Lava Jato, realizada pela Polícia Federal para recuperar dinheiro perdido em meio a casos de corrupção em que políticos e empresários de grandes empreiteiras foram os protagonistas, também teve a sua participação. É que a construtora Andrade Gutierrez, investigada pela PF, é acionista majoritária da CTX Participações, com 44,91% do capital da companhia, ao lado do Grupo Jereissati, que possui a mesma porcentagem de ações.

Para conseguir fazer a Contax voltar a crescer, o Conselho de Administração da companhia concordou com a contratação de Nelson Armbrust, ex-presidente da Atento (controlada pela Telefônica/Vivo), principal concorrente da Contax no segmento de call center, para ser o seu novo diretor-presidente. O executivo assumiu o cargo no dia 7 de março deste ano, em substituição a Shakhaf Wine.

A entrada de uma nova grande operadora de telecomunicações na carteira de clientes da Contax também deve ajudar a aumentar os seus ganhos. Hoje a Contax é responsável (totalmente ou parcialmente) pelo atendimento da Oi, Vivo, Claro, NET, SKY e Nextel.

E não para por aí. O Grupo Contax pretende seguir com o seu plano de vender a divisão internacional da Contax, representada sob a marca Allus. A ideia da empresa é voltar a focar sua atenção apenas no Brasil. Um empréstimo de R$ 45,5 milhões também deve ser solicitado com a intenção de fortalecer o caixa da empresa em curto prazo.

“Em 15/03/2016, a Companhia encerrou com sucesso o alongamento de sua dívida financeira com a negociação
junto aos credores e acionistas de uma solução de financiamento que inclui aporte dos acionistas na forma de
dívida subordinada e capital, uma oferta de ações e a venda das operações fora do Brasil (Allus). Entre as principais
deliberações tomadas no âmbito das AGDs e negociação da dívida financeira encontram-se:
  1. As condições de pagamento da dívida financeira passam a ter um prazo de seis anos com dois anos de
    carência de principal, um ano de carência de juros e taxa de juros de CDI ou NTN – B + 1,25% a.a.;
  2. A realização de um empréstimo subordinado pela holding CTX Participações S.A. para a Companhia no valor
    total de R$ 45,5 milhões.
  3. A realização de uma oferta de aumento de seu capital social, nos termos da Instrução CVM 476, no valor de
    R$ 200,0 milhões.
  4. Amortização antecipada de parte da dívida com os recursos provenientes da venda da Allus líquidos dos
    impostos, custos de venda e caixa reservado para a Companhia (que variará em função do valor captado na
    oferta de capital).
  5. Realização dos melhores esforços de forma a realizar a migração para o segmento especial de listagem
    Novo Mercado da BM&F Bovespa, objetivando a melhora de sua governança corporativa passando a ter o
    seu controle acionário pulverizado.”, explica a Contax na apresentação dos seus resultados.

 Reivindicações trabalhistas continuam


A Contax é uma das empresas que mais enfrenta problemas com sindicatos e funcionários. Vez por outra, milhares de colaboradores procuram a imprensa ou mesmo vão para as ruas lutar por melhora das condições de trabalho.

No dia 17 do mês passado, por exemplo, cerca de 2 mil funcionários da empresa nas cidades de Fortaleza, Juazeiro do Norte e Eusébio, todas do estado do Ceará, protestaram pelo reajuste salarial diferente do salário mínimo e aumento de 11,28% dos demais benefícios concedidos a categoria.

A representante do SINTTEL (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicação do Ceará), Marília Gomes, disse em entrevista a TV Verdes Mares, afiliada à Rede Globo, que decidiram se reunir porque “os empresários não reconhecem nosso esforço. Somos uma categoria sofrida, que sofre muita pressão”.

O sindicato também pede que a empresa, a exemplo de outras multinacionais, reconheça o relacionamento de casais homossexuais em ações coletivas, conceda mais dias para os pais acompanharem seus filhos em consultas médicas, participação nos lucros para todos os funcionários e distribuição de auxílio-creche também para os pais (hoje, a empresa apenas concede o auxílio para as mães).

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