23/04/2024

LIQ, que atende a Oi, proibiu saída de funcionários durante apagão

Relatos e vídeos de funcionários da antiga Contax mostram pessoas passando mal após serem obrigadas a atender sem água, luz, elevador e ar-condicionado.


Na última quarta-feira (21), moradores de vários estados da região Norte e Nordeste se surpreenderam com um apagão que ocorreu no país, devido a uma falha técnica da BMTE. Em Fortaleza, uma denúncia envolvendo o apagão e a antiga empresa de telemarketing Contax, atual LIQ, preocupou funcionários.



Como muitos sabem, a empresa é uma das maiores de telemarketing e presta serviço para quase todas as operadoras do Brasil. Essa unidade, localizada na Avenida Borges de Melo, presta serviços para a Oi. Um dos funcionários publicou em suas redes sociais relatos, imagens e vídeos que mostram pessoas passando mal na empresa porque, mesmo com o apagão e a falta de luz, elevador e ar-condicionado, não foram liberadas para ir para a casa.

Falamos com Paulo Andrade, o dono da postagem e trabalhador da parte alta da empresa, que tem sete andares. Ele explicou que a energia no local caiu por volta das 16h e que o gerador só funciona para manter os computadores ligados. “Então o elevador parou, bebedouro parou e luzes apagaram (…) O atendimento seguia normal”, conta.
Ele detalha que os profissionais do RH chegaram a abrir algumas janelas, mas, como muitas são vedadas, pouco ar corria pela sala. “Até que às 18h escureceu, as pessoas já não aguentavam mais o calor e não tinha mais iluminação nenhuma. A não ser dos próprios computadores”.
Segundo os funcionários, não havia permissão para deixar o local de trabalho e, caso alguém saísse, poderia ser descontado no salário e receber uma advertência – o que, consequentemente, poderia resultar em uma demissão. Paulo conta que a ordem dos supervisores era que ficassem na sala até que a coordenação ou gerência passassem novas informações.
“Alguns setores foram liberados para parar de atender, porém ficaram na parte quente e escura. Outros foram liberados para ficar na rua para pegar vento e respirar. Mas as pessoas tinham que descer para comprar comida e água e voltar na escada abafada, sete andares nessa situação. Mulheres grávidas passaram por isso”, relata.
Ele conta que, somente por volta de 20h, quatro horas depois do apagão, alguns setores foram liberados para bater o ponto na empresa e irem para casa. “O tempo ia passando e só via pessoas saindo desmaiadas, tendo ataques de convulsão e por aí vai…”


Pelas redes sociais, algumas atendentes confirmaram que passaram mal, se prejudicaram com a fumaça do gerador e até desmaiaram, sendo levados em macas até o subsolo do prédio, que tem cerca de 9 mil funcionários. “Enquanto isso eles querendo que a gente atendesse no calor e no escuro. Descaso total”, disse uma funcionária.
A ideia é que, após o caso, o Ministério Público do Trabalho (MPT) se posicione diante do ocorrido e da denúncia anônima realizada por um grupo de funcionários. 
Em nota, a LIQ disse que “a Companhia avalia constantemente melhorias voltadas para o conforto e segurança dos seus colaboradores” e que, no dia em questão, adotou ações imediatas, visando o bem-estar dos seus colaboradores e prestando pronto-atendimento aos que passaram mal.


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