14/03/2024

Preso Otávio Azevedo, presidente de principal acionista da Oi

Otávio Azevedo, no centro da foto, está envolvido diretamente nas operações da operadora de telefonia, banda larga e TV brasileira.


A Polícia Federal (PF), em busca de cumprir a 14ª fase da “Operação Lava Jato”, prendeu, nesta sexta-feira (19), dois dos executivos do setor de construção civil mais poderosos do Brasil: Marcelo Odebrecht, presidente da construtura Odebrecht, e Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, principal acionista da Telemar Participações S.A. através da AG Telecom – controladora da empresa brasileira de telecomunicações Oi – com 37,19% de participação acionária.

Otávio foi apontado como estando envolvido no pagamento de propina da Andrade Gutierrez para o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e Partido Progressista (PP), por intermédio de um outro acusado que já se encontra preso desde o final do ano passado: Fernando Soares, ou “Fernando Baiano”. A delação de Azevedo foi feita pelo ex-diretor de abastecimentos da Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), Paulo Roberto Costa.

A multinacional Andrade Gutierrez, com sede em Belo Horizonte, tem forte influência na Oi. Seu atual presidente, Otávio Azevedo, agora preso preventivamente, foi também o principal responsável pelas operações da Oi em Portugal, com o processo de fusão com a Portugal Telecom e, posteriormente, venda da companhia para o grupo francês Altice. Otávio foi um dos representantes da Oi no Conselho de Administração da PT. Foi também o principal sedutor de Zeinal Bava, ex-presidente da Portugal Telecom, para que ele viesse para o Brasil presidir a Oi. Posteriormente, foi também o primeiro a pressionar pela sua saída, de acordo com informações da imprensa portuguesa.

O argumento utilizado por Otávio Azevedo para a sua saída do Conselho de Administração da PT SGPS (Portugal Telecom), foi o conhecimento de um dívida bilionária, mais especificamente 897 milhões de euros no Banco Espírito Santo (do Grupo Espírito Santo), que acabou por ir a falência, deixando um rombo nos cofres da PT. Alegando um desconforto diante das dívidas com o enorme empréstimo ao GES, que poderiam prejudicar a Oi – uma das principais empresas da Andrade Gutierrez – com um eventual prejuízo maior, Otávio negou que soubesse dessa operação bilionária.

A saída de Otávio Azevedo da PT SGPS deveria ser lida como um sinal claro de que a Oi desconhecia a aplicação na Rioforte. Era isso que a Oi pretendia. E foi esse o argumento usado para renegociar a fusão entre a PT SGPS e a Oi, reduzindo a posição dos portugueses na futura empresa. Nunca ficou provado que a Oi não sabia da aplicação da PT SGPS na empresa do grupo Espírito Santo, mas a operadora brasileira conseguiu levar a sua posição em frente.

A certa altura, os acionistas da operadora brasileira consideraram que manter Zeinal Bava na presidência da Oi prejudicava o argumento de que nada sabiam, e por isso o ex-presidente da Portugal Telecom também passou a ser ex-presidente da Oi.

A fusão entre a PT e a Oi ficou ferida de morte. E pouco depois a Oi, então já dona da PT Portugal (controladora da operadora MEO no país europeu), pôs a empresa à venda. A PT Portugal é hoje controlada pelos franceses da Altice. Já a PT SGPS (agora Pharol SGPS), que agora nada tem a ver agora com a PT Portugal, é hoje uma das maiores acionistas da Oi.

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