28/03/2024

Para crescer no segmento fixo, TIM quer se fundir com a Oi

O feitiço virou contra o feiticeiro? Após ser ameaçada pela Oi, Telecom Italia pensa em unificar a sua operação com a operadora brasileira.


A Telecom Italia (controladora da TIM Brasil) está considerando uma possível aquisição da operadora brasileira Oi para fazer frente à uma proposta da Telefônica (controladora da Vivo no Brasil). O Brasil é o maior mercado de telefones celulares da América Latina, o que atrai o interesse das operadoras. A informação, da agência Bloomberg, foi obtida por meio de fontes ligadas às transações confidenciais da Telecom e que solicitaram anonimato.

Segundo a agência de notícias, a Telecom Italia, maior operadora da Itália, entrou em contato com seus conselheiros para avaliar o uso de sua unidade brasileira, a TIM, para a compra da Oi. Nenhuma aproximação foi feita até o momento. De acordo com a legislação brasileira, qualquer movimento desta natureza no mercado depende de aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

A Oi é a menor das principais operadoras de telefonia celular brasileiras, com valor de mercado de US$ 5,8 bilhões. Seu comprador precisaria, também, arcar com as dívidas da empresa, calculadas em bilhões de dólares. A TIM, por sua vez, segunda maior operadora de celular brasileira, teria acesso à rede de aparelhos fixos da Oi, após perder uma oportunidade de fusão com a GVT, que deve ter pelo menos uma parte adquirida pela Telefônica/Vivo

Uma tentativa de compra pela Telecom Italia poderia desmobilizar os planos da Oi de adquirir a brasileira TIM. Em agosto, conforme informado aqui no Minha Operadora, a Oi contratou um parceiro bancário para auxiliar em uma tentativa de compra de participações na TIM. A operadora tem valor de mercado correspondente a US$ 14 bilhões, nos quais a Telecom Italia tem 67% de participação.

Com o anúncio da intenção de compra da Oi, as ações da Telecom Italia tiveram queda de 2,9% na bolsa de Milão. No Brasil a queda das ações da TIM Brasil chegou a cair 4,07% (a maior queda do Ibovespa hoje. Já no lado do Grupo Oi/Portugal Telecom a notícia foi benéfica, a Portugal Telecom subiu cerca de 9% em Lisboa. A Oi apresenta crescimento de 7,95% nas ações aqui no Brasil (a maior alta do Ibovespa hoje). Nenhuma das empresas se pronunciou oficialmente sobre o assunto.
Se consolidada a ideia, o que deve mudar?
A união da Oi com a TIM dá à operadora brasileira, que está prestes a concluir a fusão com a Portugal Telecom, uma dimensão no setor de telefonia móvel, que até aqui não conquistou. A Oi tem consolidada a sua posição no fixo.
No mercado móvel temos três grandes operadoras – Vivo, TIM e Claro – que disputam os clientes brasileiros. A operadora da Telefônica (Vivo) mantém a liderança, com uma fatia de 28,78%; seguida da TIM, com 26,91%; e da Claro, com 24,95%. Atrás vem a Oi, que garante 18,53% do mercado de mais de 275 milhões de linhas móveis. Consulte a lista detalhada do market share das operadoras de telefonia móvel aqui.

A união da TIM e da Oi alteraria a configuração do mercado e empurraria a Vivo para segundo lugar. A subsidiária brasileira da Telecom Italia, no final do primeiro semestre de 2014, apresentou um total de 74,2 milhões de linhas móveis.
No segmento de televisão paga, o mercado está muito mais concentrado. Existem dois “players” que se distanciam. A NET/Claro TV destaca-se neste negócio, com uma participação de 53,28%. Na segunda posição está a Sky, detida pela DirecTV/AT&T, com uma quota menor, ficando com 29,61%. Operadoras como a Oi, Vivo e GVT ficam com fatias entre 4,67% e 3,63%. Consulte a lista detalhada do market share das operadoras de televisão por assinatura aqui.
A Telefônica/Vivo tem uma participação de apenas 3,63% na televisão paga, mas é uma posição que deve ser alterada, depois de a empresa ter garantido as negociações para aquisição da GVT – que detém uma participação de 4,21%. Contudo, apesar deste reforço, a empresa ainda fica longe do segundo lugar detido pela Sky/DirecTV.
A Telefônica/Vivo já mostrou que continua com poder para ir às compras. A operadora espanhola, que também tem uma participação na Telecom Italia, que por sua vez detém a TIM, já admitiu que estaria interessada em adquirir esta última.
A Oi mostrou que queria fazer parte deste movimento de consolidação. A operadora, apesar de garantir que não estava em negociações, admitiu que poderia vir a apresentar uma oferta conjunta de 10 bilhões de euros pela operação brasileira da Telecom Italia. Para isso, a companhia apenas precisava que os acionistas da Portugal Telecom dessem ‘luz verde’ aos novos termos do acordo com a Oi, situação que já aconteceu.

Segundo rumores que circulam pela imprensa mundial, caso a estratégia de aquisição se concretize, a TIM poderá ficar dividida em 40% para a Claro, 35% para a Oi e 25% para a Vivo.

Com uma possível oferta pública de aquisição (OPA) da Telecom Italia sobre a Oi, a venda da TIM poderá ficar sem efeito, uma vez que a Telecom Itália juntará as duas empresas com operação no Brasil e Claro e Vivo deverão ficar de fora do negócio.
É certo que a Telecom Italia possui 7 bilhões de euros disponível em caixa para realizar operações e investimentos, uma vez que a tentativa de aquisição da GVT não foi bem sucedida. Este era o valor que a empresa italiana se mostrou disponível para pagar pela empresa de telefonia fixa, banda larga e TV. Contudo, a Vivendi, dona da GVT, escolheu a proposta da espanhola Telefónica, que pagou mais 450 milhões de euros.
Enquanto o mercado está movimentadíssimo com a consolidação no setor de telecomunicações no Brasil, o prazo para a entrega das propostas para o leilão para a frequência de 700 Mhz do 4G está acabando. As operadoras têm até 23 de setembro (próxima terça-feira) para apresentar propostas, apesar de algumas associações  e operadoras contestarem a realização do mesmo solicitando a impugnação.

Com informações de jornais portugueses.

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