19/04/2024

Portugal Telecom será a acionista majoritária da Oi

Portugal Telecom, que chegou de mansinho, vai abocanhar quase 25% do capital do Grupo Oi. Influência do governo brasileiro na operadora vai diminuir.
A Oi divulgou prospecto preliminar de sua bilionária oferta de ações, no qual informa que a Portugal Telecom será a maior acionista individual da operadora após a operação que faz parte do processo de fusão dos dois grupos.

Segundo o prospecto preliminar, a Portugal Telecom terá 24,87% das ações após a conclusão da oferta, sem considerar as ações em lotes suplementares e adicionais que eventualmente poderão ser exercidos. Já o fundo de investimento gerido pelo BTG Pactual será o segundo maior acionista, com 9,06%.

A participação do grupo português poderá ser ainda maior uma vez que a Bratel Brasil, empresa controlada pela Portugal Telecom, terá outros 3,34% do total ante percentual atual de 14,02%.

Caso seja exercida a opção de colocação de ações suplementares e adicionais, a participação da Portugal Telecom será de 22,27%, incluindo a Bratel, enquanto a do fundo gerido pelo BTG, de 7,15%.

A participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) será reduzida de 1,28% para 0,30%, a do fundo de pensão Previ, do Banco do Brasil, de 3,14% para 0,7%, considerando apenas o exercício do lote inicial de papéis.

Outros controladores atuais da Oi também terão suas fatias reduzidas. A Telemar Participações vai sair de posição de 14,91% para 3,55%, AG Telecom e LF Tel passarão de 3,88% para 0,92%.

A companhia terá free float (quantidade de ações em livre negociação no mercado) de 52,79%, sem um controlador definido.

A previsão é que a precificação da oferta de ações ocorra em 28 de abril, com início dos negócios ocorrendo em 30 de abril. Pelo volume máximo de papéis que a companhia informou que poderá emitir, a oferta de ações poderá movimentar até R$ 22,7 bilhões, considerando preços de terça-feira.

O valor é bem superior aos R$ 14 bilhões previstos pela companhia em documentos sobre o aumento de capital enviados ao mercado desde que o anúncio da fusão foi feito em outubro do ano passado.

Porém, analistas consideram que o montante maior faz parte de estratégia da empresa de criar uma margem para conseguir captar os R$ 14 bilhões, mesmo se houver desvalorização dos papéis até a operação ser realizada, que pode ser de perto de 40%.

A ação ordinária da Oi encerrou esta quinta-feira em queda de 1,6%, a R$ 3,15, enquanto o papel preferencial teve alta de 0,3%, a R$ 3,09.
No prospecto, a Oi divulgou ainda relatório de auditoria da KPMG, que trata a fusão considerando método de contabilidade de aquisição de ativos da Portugal Telecom, avaliados em R$ 5,7 bilhões. Segundo a consultoria, o ágio reconhecido como resultado da aquisição será de R$ 11,3 bilhões.

Se a fusão já houvesse ocorrido, a receita operacional líquida da empresa combinada teria somado R$ 36,7 bilhões em 2013, alta de 29,2% na comparação com a receita obtida pela Oi sozinha no ano passado. O lucro líquido teria sido de R$ 2,16 bilhões, enquanto o lucro da operadora foi de R$ 1,49 bilhão em 2013.

Bancos não estão mais obrigados a comprar ações da Oi

Por falar nisso… A Oi e o sindicato de bancos modificaram a estrutura de garantia de oferta de ações no âmbito da fusão com a Portugal Telecom, desobrigando as entidades financeiras de ficar com as ações remanescentes.

A alteração no acordo comercial foi oficializada pela Oi e divulgada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“A companhia e o sindicato dos bancos decidiram alterar o acordo comercial existente com os bancos. Assim, o sindicato de bancos não mais assumirá o compromisso firme para a subscrição de ações da companhia”, segundo informação da PT ao mercado.

A oferta será realizada, segundo a Oi, “sob o regime de garantia firme de liquidação”, ou seja, o sindicato de bancos fará um esforço para a colocação das ações, mas sem a obrigação de ficar com as remanescentes.

A modificação no acordo ocorreu após a supervisora brasileira dos mercados, a Comissão de Valores Imobiliários (CVM), formular exigências, como condicionar a obtenção do registo necessário à efetiva realização da oferta, e a imposição de um cronograma.

O sindicato bancário conta com os bancos BTG Pactual, HSBC, Merrill Lynch, Barclays, BES Investimento, Goldman Sachs, Itaú BBVA, Credit Suisse, BB Banco de Investimento, Bradesco, Caixa Geral, Santander, Morgan Stanley e Citigroup.

A Oi também divulgou o limite máximo da oferta de ações para o aumento de capital. Poderão ser emitidas inicialmente 1,92 bilhões de ações ordinárias e 3,83 bilhões de ações preferenciais, totalizando 5,75 bilhões ações, segundo a CVMV.

A quantidade de ações inicialmente sob oferta, sem considerar as ações adicionais, poderá ser aumentada até 15%, destinadas a atender um eventual excesso de procura, chamado lote suplementar.

Caso haja um comum acordo entre os coordenadores globais da oferta e os coordenadores globais da oferta internacional, a quantidade de ações iniciais poderá ser aumentada até 20%, sem considerar o lote suplementar, sob critério da companhia.
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