28/03/2024

Matéria Especial: Teles apostam cada vez mais na rede de dados

Qual é o companheiro de todas as horas dos jovens brasileiros? O melhor amigo de dez entre dez adolescentes e pós-adolescentes é o smartphone. Eles são mais comuns dos que as bolsas para as mulheres e os videogames para os homens. Na verdade, os atuais celulares são capazes de substituir os dois itens com diversas vantagens e podem ainda funcionar como espelhos para as meninas e como um console de game portátil para os garotos. Servem para quase tudo, menos para falar. Seus donos preferem, nesses casos, os programas de mensagens, como o popular WhatsApp ou o Facebook. De acordo com pesquisa da fabricante americana de equipamentos de rede Cisco, 60% dos jovens consultam compulsivamente seus aparelhos.
O estudo, feito em 18 países, inclusive no Brasil, mostra também que nove a cada dez jovens checam e-mails, acessam mídias sociais e leem textos no smartphone antes mesmo de saírem da cama ao acordar. Esse tipo de comportamento tem provocado mudanças no setor de telefonia mundial. A voz, ainda a principal receita das operadoras de telecomunicações, perde cada vez mais espaço, além de se transformar em uma commodity. O jogo agora é por quem consegue conquistar clientes para os serviços de dados, como os de banda larga fixa e móvel. Em 2012, eles geraram receitas de R$ 25 bilhões e R$ 17 bilhões, respectivamente, segundo a consultoria Teleco. 

Nessa disputa, no entanto, não há espaço para o azar. As estratégias devem estar bem azeitadas para darem conta da explosão do consumo de dados. Um relatório de outra consultoria, a americana Strategy Analytics, indica que o tráfego mundial de dados em aparelhos celulares vai crescer 300% até 2017, o número não inclui o uso de tablets. “Essa é uma tendência na qual o Brasil está atrasado”, afirma Eduardo Tude, presidente da Teleco. “Mesmo na América Latina, já há operadoras com 50% de seu faturamento em dados.” As empresas de telefonia brasileira entenderam o recado dos consumidores. 

Os serviços de dados já representam 32,3% do faturamento da Vivo, cerca de 30% da Claro, 23,4% da Oi e 22,5% da TIM. E tem crescido de forma acelerada, graças a estratégias para fazer com que os clientes usem cada vez mais a internet móvel. Todas as operadoras fecharam, nos últimos tempos, uma série de acordos para incentivar o uso da rede. A Claro, comandada pelo mexicano Carlos Zenteno, por exemplo, liberou a navegação de seus clientes no Facebook e no Twitter sem cobrar nada. “É uma parceria cara”, diz Rodrigo Vidigal, diretor de marketing da Claro. “Mas trata-se de um diferencial para o usuário, que está sempre nas redes sociais.”
A Telefônica|Vivo, presidida por Antônio Carlos Valente, também tem apostado em parcerias. Uma delas foi a realizada com a Evernote, dos Estados Unidos, que faz aplicativos para armazenamento online e de anotações. A TIM, liderada por Rodrigo Abreu, criou o pacote beta, que cobra R$ 0,25 centavos por dia para quem acessa a internet móvel. Além disso, ela conta com um serviço de vídeos e de música que já vendeu 13 milhões de faixas. A Oi, comandada pelo português Zeinal Bava, investiu na plataforma de músicas Rdio, além de serviços próprios de games, mapas e de aplicativos gratuitos. 

“Ao mesmo tempo em que agregamos valor ao serviço fazemos com que o usuário consuma mais dados”, diz Eduardo Aspesi, diretor de segmentos da Oi. “Nosso tráfego cresceu 97% de janeiro a setembro.” As empresas de telefonia dizem, ainda, que estão investindo no básico, para dar conta desse aumento de tráfego. Elas estão aumentando o alcance e o desempenho de suas redes. Hoje a velocidade média da conexão móvel brasileira é de 1,3 megabits por segundo (Mbps), mas essa taxa apresenta grandes variações, especialmente nos grandes centros. 


“As empresas precisam de investimentos em rede”, afirma Anderson André, diretor de telecomunicações e novas mídias da Cisco. O desejo dos usuários de smartphones no Brasil é ter o mesmo padrão de qualidade da Coreia do Sul, país com a conexão de internet móvel mais rápida do mundo. Os coreanos contam uma velocidade de conexão 700% superior à do brasileiro, em média. Não por acaso, uma a cada três ligações naquele mercado é feita por intermédio do recurso de imagem, tecnologia que faz uso da internet. Esses números fazem com que as empresas coreanas de telefonia tenham 70% de seu faturamento vindos dos dados.

Via ISTOÉ Dinheiro

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